'Médica disse que se uma das minhas gêmeas sobrevivesse, só daria trabalho'
Hysa Conrado
De Universa
20/01/2025 05h30
'Amar', programa apresentado por Mariana Kupfer, vai ao ar toda segunda-feira no Youtube de Universa. No novo episódio desta temporada, a convidada é Dienifer Miloch, mãe das gêmeas Aylla e Allana, de 5 anos, e de Vitor Hugo, de 10. Ela abre a intimidade para falar dos desafios que enfrenta na sua maternidade: as caçulas nasceram com 26 semanas de gestação e passaram por um pós-parto desafiador.
Dienifer é hipertensa e desde a primeira gravidez enfrentou complicações por conta da sua condição. O primogênito Vitor Hugo também nasceu prematuro, de 35 semanas e passou 10 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), e se desenvolveu sem sequelas.
Com as gêmeas foi ainda mais difícil, não só pelo susto de descobrir uma gestação gemelar, mas também pelas complicações que enfrentou: ela foi diagnosticada com hiperêmese gravídica, condição que provoca náuseas e vômitos graves, que resultam em desidratação e outros problemas para a gestante.
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"A gente estava pensando em um bebê, já preocupados com minha pressão, e de repente eram dois. Foi uma mistura de alegria e medo", afirma. "Tinha algo dentro de mim que sempre dizia que ia dar certo. Eu ficava pensando qual era o sentido de Deus me mandar duas se não era pra elas nascerem."
O medo não demorou a se justificar. Prestes a completar o sexto mês de gravidez, Dienifer foi submetida a uma cesárea de emergência e as filhas nasceram em um contexto de risco.
"A Allana cabia na palminha da mão. A Aylla era um pouquinho maior, mas a Allana se via que era um cristalzinho, pela incubadora dava para enxergar os ossinhos dela por dentro, porque a pele era muito fininha", lembra.
Aylla nasceu com uma deformação na membrana hialina, mas se recuperou bem e teve alta após 65 dias na UTI. Já o quadro de Allana se mostrava cada vez mais complicado à medida que o tempo passava. Ela ficou sete meses na UTI e Dienifer chegou a ouvir dos médicos que a filha não sobreviveria.
Teve dias que eu só chegava lá, dobrava o meu joelho e pedia pra Deus cuidar dela. Escutava muito dos médicos que não tinham o que fazer, que eu não criasse expectativa, que se ela sobrevivesse seria uma criança que ia ter sequelas pelo resto da vida.Dienifer Miloch
Além do prognóstico negativo que não dava garantias, Dienifer também ouviu palavras duras sobre como seria a vida da filha caso ela sobrevivesse.
"Um dia uma médica chegou e disse: 'essa criança vai te dar trabalho o resto da vida, você acha que ela vai ser uma criança normal?'. Eu só chorava, nesse momento comecei a entrar em depressão, só que eu fui muito forte porque ela precisava de mim ali", conta.
Aos cinco anos de idade, Allana já passou por 10 cirurgias e ainda faltam uma no coração e outra para fechar a abertura da traqueostomia que ela usou por quatro anos. Diagnosticada com autismo, ela ainda não fala.
"[Quando ela era bebê] teve um momento que ela abriu o olhinho, e foi como se ela falasse 'pai, eu não aguento mais, to indo', Eu estava na farmácia e meu marido me ligou pra ir até o carro, porque ela estava se despedindo", lembra Dienifer. .
Além disso, Allana tem outra condição que dificulta o ganho de peso, o que faz com que ela não passe dos 10kg. Ainda que com as dificuldades, Dienifer se mantém firme na busca por qualidade de vida para a filha.