'Descobri traição do meu marido com colega de trabalho 19 dias após casar'

Com a exposição, veio o julgamento. Mas Maria diz que o receio ficou pequeno comparado à ajuda que oferece e recebe de mulheres com histórias iguais —ou piores.

A Universa, ela conta como soube da traição e os sentimentos quase três meses após a descoberta:

"Eu e meu ex namorávamos e morávamos juntos havia quatro anos. Em 2021, fizemos uma união estável. Em 2024, ele recebeu uma proposta de trabalho fora do país e falei que podíamos casar para irmos com a documentação regularizada. Algo protocolar.

Pensei que a gente ia ao cartório converter a união estável, mas não. Ele fez o circo todo para me iludir. Em agosto, viajamos e ele me pediu em casamento com anel e um 'quer casar comigo, princesa?'. Fiquei toda apaixonada.

Casei no cartório no dia 13 de setembro e combinamos de fazer um almoço para a família depois, em 4 de outubro. Estava tudo fechado: restaurante com sala reservada, doce, bolo, mesa posta, flores, fotógrafo, vestido.

No dia 2, uma quarta-feira, meu então marido viajou a trabalho. Ele tinha dois celulares e deixava o pessoal em casa. Vi que o celular estava na terceira prateleira do escritório, sendo que sempre ficava na segunda. Olhei aquilo e achei estranho, como se ele quisesse deixar fora do meu campo de visão. Resolvi pegar e ver.

É importante dizer que antes notei que ele passou a me olhar com um certo ódio. Se eu fosse traduzir, diria que era algo como: 'você tá se achando demais, mal sabe o que tô fazendo pelas suas costas. Otária'. Por exemplo: um dia falei que estava fazendo algo legal no trabalho e ele me olhou desse jeito. Outra vez comentei que ele nunca me trocaria e o olhar surgiu de novo.

Sabe quando você olha uma coisa e sabe que não está normal? Mas não quis entrar nessa 'noia'. Na minha cabeça, eu era louca, porque ele tinha acabado de me pedir em casamento. Só liguei os pontos após descobrir a traição.

Pesadelo

Quando vi o celular, começou o pesadelo da minha vida. Ele tinha uma amiga do trabalho, casada, com quem ele sempre falava muito. Fui direto ver as conversas com ela. Bingo. Só tinha uma coisa de cunho sexual, mas o resto era ele muito apaixonado.

Ele falava coisas do tipo 'o que é pior: você ser casado com quem você não ama, ou amar alguém que você nunca vai poder casar?'.

Depois do nosso casamento, ele mandou uma mensagem para ela dizendo que a conexão deles era tão simples, que o fazia questionar o resto. No dia do meu aniversário, ele disse que ela era a pessoa preferida dele. Um show de horrores.

Tirei fotos de tudo e mandei para o meu ex. Falei 'ô, seu verme, que porr* é essa?'. Xinguei ele de tudo quanto foi nome.

Ele me disse que me traiu no coração, mas que só ficou com ela em 2015, eu não acreditei nisso. Falei que ia mandar para o marido dela se ele não me contasse quando tiveram relação sexual.

Ele falou para resolvermos entre nós, mas ele mexeu com a 'mina' errada. Mandei tudo para o marido da mulher pelo celular dele e fiquei muito transtornada, com vontade de destruir tudo. Deixei os celulares em casa e fui fazer academia, para não matar ninguém. Quando voltei, não tinha mais nada. Ele excluiu as mensagens e não sei se o marido da amante viu a tempo.

'Ele não gosta mais de você'

Falei que não ia mais ter casamento, que não veria mais ele, que ele era um baita traidor, mau caráter. Ele só disse que queria o bolo, o anel e os doces do casamento. Fiquei em choque.

Fiz uma mala e deixei na casa dos pais dele. Encontrei meu sogro e fingi que estava tudo ótimo. Mal sabia ele. Depois peguei um carro de aplicativo de volta para casa e desabei, chorei muito, porque eram 20 horas e ninguém sabia ainda, sendo que descobri às 10 horas.

Em casa, liguei para a minha mãe e meus tios para falar que meu marido estava apaixonado por outra. Minha família veio para cá. Não sei se o meu tio ligou para ele, mas acho que sim, porque quando ele chegou disse: 'vamos arrumar as suas coisas, ele não gosta mais de você'. Pensei que fosse morrer, foram dias muito difíceis.

No dia que seria o almoço de casamento estava fazendo mudança. Fiquei as duas próximas semanas sem dormir, sem comer e só chorando. Olhava para o nada e chorava. Desde então, não falo com ele, com a família ou com os amigos dele. Só o encontrei no dia da assinatura do divórcio, no final de novembro, e trocamos formalidades.

'Tive muita vergonha de ser traída'

Trabalhei na terapia para entender por que contei toda a história nas redes sociais. Recebo críticas até de pessoas conhecidas, principalmente gente vinculada ao meu ex-marido que diz que estou me expondo muito, que vou ter prejuízo na minha carreira.

Uma amiga dele que amo de paixão me chamou de mal-amada por conta disso. Fiquei muito chateada, porque ela viu tudo o que passei. Falei que não dava para seguir a amizade, porque ela é bastante próxima dele.

Decidi contar a minha dor um dia em que estava em reunião com uma cliente também traída. Falei: 'conheço a sua dor, porque eu acabei de descobrir uma traição'. Quantas outras não passam o que estou passando? Nada melhor do que conversar com quem entende a sua dor.

Fui tomando coragem de expor para as pessoas. No começo, tive muita vergonha de ser traída. Achava que a culpa era minha. Questionei até os meus atributos físicos, achei que o meu corpo estava diferente. Até eu pensar: vai se ferrar, esse cara que é um filho da put*, não eu.

Tem inúmeras mulheres que me procuram para contar as suas histórias, várias bem mais tristes do que a minha. É hora de expor esses caras. Senão, quantas mais vão sofrer por conta deles? A gente precisa falar desses idiotas.

Descobri que fiz os vídeos por esse motivo e para ouvir que a minha história é um absurdo, porque ele me tratou com completo descaso. Parece que eu estava errada de ver o celular, como se ele fosse a vítima. Toda vez que conto, percebo ser um absurdo. Foi tudo normal para ele.

Ele não me pediu desculpa. Isso é mais revoltante do que a própria traição. A gente estava junto havia quatro anos, muito tempo para nada, porque ele não tem o mínimo de consideração.

*O nome foi omitido para preservar a identidade dos envolvidos