Jade Barbosa fala de seu casamento: 'Era um sonho casar na Itália'

Jade Barbosa, 33, nunca esquecerá o ano de 2024. Além de conquistar o bronze inédito na ginástica artística por equipes nas Olimpíadas de Paris, a atleta se casou duas vezes - uma no Brasil e outra na Itália - com Leandro Fontanesi, com quem manteve um relacionamento a distância por cinco anos.

Definir a data do casório foi quase mais difícil do que chegar a um pódio em Paris. Era necessário conseguir uma brecha no calendário de competições, ter certeza que a vaga Olímpica estava garantida e ainda convencer todos os amigos da ginástica a tirarem férias ao mesmo tempo.

"A Julia [Soares], tinha uma competição na Suíça depois do meu casamento, estava preocupada com ela. Esquematizar não foi fácil. Mas todos curtiram a experiência. O [Arthur] Nori, brincava agradecendo por eu casar na Itália", disse com exclusividade para Universa.

Casamento de Jade Barbosa na Itália aconteceu em uma vinícola
Casamento de Jade Barbosa na Itália aconteceu em uma vinícola Imagem: Reprodução/Instagram

E para fechar o ano, deixou os fios ruivos para trás - cor escolhida porque sua princesa preferida da Disney é a Ariel. "Tenho muito cuidado com meu cabelo e já fiz várias transformações. Comecei aos poucos, porque não tinha coragem. Então quando o L'Oréal Professionnel me chamou para fazer uma coloração pessoal para acertar a cor da pintura, eu quis tentar", contou.

Para a reportagem, Jade contou detalhes do seu ano - e de seu casamento - que teve que organizar às pressas, entre treinos e competições.

Jade Barbosa se casou no civil no Brasil
Jade Barbosa se casou no civil no Brasil Imagem: Reprodução/Instagram

Universa: Em 2024 você ganhou uma medalha olímpica e ainda se casou. O ano vai ficar marcado na sua história? Foi mais do que você imaginou?
Jade Barbosa: Foi um ano desafiador. Não foi fácil nos treinamentos, porque quando chega perto do ciclo olímpico nós, atletas, estamos desgastados. Parecia que Paris nunca chegava. E quando chegou, passou muito rápido. Quando os Jogos chegaram ao fim, eu tinha dois meses para cuidar de tudo o que eu precisava do meu casamento. E ainda inventei uma cerimônia no civil que não existia. [risos] Enfim, foi muito mais do que imaginei. Me sinto muito realizada. Até me falaram que eu estava muito tranquila, e estava mesmo. Era um sentimento diferente, unido a outras conquistas. Senti muita paz. Acredito que seja fruto da maturidade também.

Você planejou todo o seu casamento no ano de treinamento mais importante para um atleta. Como você conseguiu?
Meu marido, Leandro [Fontanesi], foi muito parceiro. Nós ficamos noivos em fevereiro de 2023. Nós nos conhecemos em um bloco de Carnaval no Rio de Janeiro em 2019 e ele me pediu em casamento na mesma data. Mas não conseguíamos ainda decidir uma data para casar. Eu não sabia se me classificaria para as Olimpíadas, dependia das datas do mundial de ginástica que aconteceria na Bélgica. Só começamos a pensar em data janeiro deste ano. E como queríamos casar fora do Brasil, tínhamos que decidir por conta dos convidados. Achei uma assessora brasileira na Itália, fizemos uma reunião online e fechamos. E o Leandro ainda estava morando em São Paulo, enquanto eu estava no Rio de Janeiro. Tinha essa dificuldade de agenda.

Continua após a publicidade
Casamento de Jade e Leandro na Itália
Casamento de Jade e Leandro na Itália Imagem: Reprodução/Instagram

E como foi esse ano de noiva?
Eu confiei muito nos fornecedores que escolhi, assim como faço com a minha equipe de ginástica. Não pude ter algumas fases da noiva, mas estava ciente que seria dessa forma. Quando voltei das Olimpíadas, no começo de agosto. Tudo o que eu tinha escolhido era a paleta de cores. Minha primeira prova de vestido foi uma semana antes de viajar para o pré-olímpico. Mesmo casando na Itália, fiz questões de fechar com profissionais que fossem brasileiros para eu me sentir mais a vontade. Afinal, não ia conseguir conhecê-los antes do casamento.

Por que vocês escolheram a Itália?

Para mim, sempre foi um sonho. O Leandro tem ascendência italiana e fizemos uma viagem juntos para o país que foi muito especial. Amei tudo o que vivemos lá. Falava que se tivéssemos oportunidade queria casar lá também. Deu certo.

Teve tradições únicas da Itália incorporadas na cerimônia?
Algumas. Fizemos o bolo na hora, por exemplo. Eles trazem a massa e temos que montar as camadas. Foi muito divertido ver a diferença de personalidades nessa hora. Sou perfeccionista, Leandro não. [risos] Choveu no dia e tivemos que usar o plano B para a cerimônia, que inicialmente seria feita no meio da vinícola. Dei graças a Deus que eram apenas 30 convidados e coube certinho na parte interna. Demos azeites produzidos no local e amêndoas recheadas, de lembrancinha. Algo que também era típico. A festa durou 12 horas, foi longo e divertido. Ah, tivemos um trio de instrumentos tocando e um tenor cantando.

Jade e Leandro
Jade e Leandro Imagem: Reprodução/Instagram
Continua após a publicidade

E como levar um time de atletas, ao mesmo tempo, para essa festa? Isso foi mais uma coisa que você teve com o que se preocupar?
Foi um desafio. Obriguei todo mundo a tirar férias na mesma época. Eram pouquíssimos convidados, só 30, mas queria que pessoas importantes para mim estivessem presentes. Fiquei muito feliz ao ver todos lá. A Julia [Soares], tinha uma competição na Suíça depois do meu casamento, estava preocupada com ela. Esquematizar não foi fácil. Mas todos curtiram a experiência. O [Arthur] Nori, brincava agradecendo por eu casar na Itália. Estou no esporte de 1997, muitas pessoas passaram pela minha vida e passei pela de muitas. Fiz 15 anos, 21, 33 e casei na ginástica. Você forma uma família.

Você e o Leandro namoraram a distância. Como gerenciar amor e treinos olímpicos?
Estamos juntos há cinco anos, mas um pouco antes das olimpíadas ele veio morar comigo no Rio de Janeiro. Foi muito importante, eu estava precisando do apoio. A gente fica sensível nessa fase, a imunidade caí, porque nos doamos muito. São horas e horas treinando. Nossa adaptação à rotina aconteceu de forma muito natural. E ele ainda me acompanhou dos jogos, com a minha família. Eu olhava para a arquibancada e só via Brasil, cantando muito alto. Até os americanos ficaram incomodados. Foi muito especial.

Jade se casou no civil e fez um celebração na casa dos sogros
Jade se casou no civil e fez um celebração na casa dos sogros Imagem: Reprodução/Instagram

Você é a mais velha da equipe da ginástica e até falou em preocupação com uma competição da Júlia. Cai em você também a responsabilidade de dar umas puxadas de orelha?
Chamar atenção, não, mas pontuar algumas coisas. As meninas da equipe também são experientes, o que é muito legal e um diferencial. Fora a Julia, não era a primeira Olimpíada de ninguém, por exemplo. E mesmo a Soares já tinha participado de grandes competições. É claro que o ambiente impressiona, de forma positiva e, às vezes, negativa. Mas acho que meu papel era mais de orientação. A Flávia [Saraiva] fica muito animada com algumas coisas e temos que chamar ela de volta, mas somos todas muito responsáveis, sabemos os números, o que ajuda na hora de pensar estratégias. Tenho esse lado de cuidado com a equipe, os collants, por exemplo [Jade faz o design dos looks das ginastas], são uma consequência disso.

Você sofreu uma lesão e ficou fora dos jogos de 2021. Tinha certeza que conseguiria voltar?
Foi muito difícil. Me machuquei na preparação, mas tive a oportunidade de comentar os Jogos, que foi algo diferente e me sinto realizada com isso. Queria me aposentar depois de Tóquio, estava satisfeita. Mas tinha a chances de me recuperar para Paris. Quando estava bem, me machuquei de novo. Aí me questionei. Comecei a perguntar a mim mesma o que estava acontecendo. Não conseguia me lembrar porque eu amava a ginástica. Tinha chegado ao meu limite. Comecei a rever como estava treinando e me portando, tentando encontrar o que me fez me apaixonar pela ginástica na primeira vez que entrei em um ginásio. Queria trazer esses sentimentos de volta. E consegui, aos poucos, em algumas competições, como se construísse tudo de novo.

Quais seus planos para o pós-ginástica, mesmo que seja para daqui a 30 anos?
Minha primeira faculdade foi de design de produtos. Tenho essa ligação com arte por conta da minha família. Não queria fazer educação física. Mas não consegui terminar por conta dos treinos em dois períodos. Me formei em marketing e fiz um MBA em gestão de pessoas. Me vejo trabalhando nessa área. Ainda fico em dúvida se quero ou não fazer educação física, porque gosto muito de trabalhar com crianças. E também gosto de coreografar. Mas me vejo mais nessa área de gestão mesmo, contribuindo para o esporte.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.