Pitty diz como é ser mulher no rock: 'Não ser vista como objeto é difícil'

Após mais de 20 anos de carreira, Pitty se consolidou com uma voz firme não só no rock, mas também no que diz respeito às questões que envolvem a vida da mulher. Conhecida por se posicionar de maneira contundente, ela diz como driblou o machismo para se estabelecer na cena brasileira. A convite de Dove Desodorantes, Universa acompanhou seu show no festival Rock The Mountain, no sábado (9), no Rio de Janeiro.

Em todos os ambientes onde a gente não é uma figura comum, por ser predominantemente masculino, sempre precisamos ter estratégias para realmente fazer parte desses espaços, se afirmar, ser respeitada pelo que queremos dizer e não só pela imagem. Não ser vista como objeto é muito difícil, ainda mais pensando no tempo que eu comecei.Pitty, cantora

Adotar posturas firmes influenciou até mesmo a forma como a cantora demonstra sua feminilidade. Ela diz que sempre buscou referências em mulheres que não reforçam estereótipos de gênero, como aqueles que relacionam a delicadeza e a sensibilidade como qualidades inatas.

"Demonstrar o feminino, para a sociedade de forma geral, é sinônimo de fraqueza. Tem o estereótipo de que o feminino é sensível e delicado, e que o masculino é forte. Mas acho que esses estereótipos estão sendo quebrados e eles precisam ser colocados todos no chão", afirma.

Ela diz que a cantora Janis Joplin é umas das suas principais referências quando o assunto é a forma de se expressar. Ela descreve Joplin como dona de um tipo de feminilidade selvagem, solta e livre.

Essa voracidade sempre nos foi negada, de certa forma a gente sempre teve que ser muito contida. Acho que quando liberamos esse lado voraz e nos permitimos trazer isso tanto no nosso jeito de se vestir, no jeito que escolhe se depilar ou não, tudo isso está dentro das outras formas de feminilidade. Então eu sempre pensei nessas mulheres diferentes.Pitty, cantora

Apesar de ainda existir uma parte conservadora, Pitty acredita que as mudanças que têm se espalhado pelo mundo também chegaram ao rock.

"Sempre me senti descolada desse movimento [conservador], tanto é que há muito tempo a minha construção com meu público sempre foi diferente. A minha plateia é feita de pessoas muito diversas. O rock está no estilo de vida, no que a gente diz e como aquilo transforma a sociedade ao nosso redor, ele está na parte progressista da coisa", afirma.

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