Recém-nascido tem manual? Saiba tudo sobre leite fraco, chupeta, chá e colo

"Meu objetivo é trazer informação de qualidade de maneira acessível, com linguagem gentil e acolhedora. Quero mostrar como atender às necessidades dos bebês com carinho, respeito e conhecimento técnico, ajudando as famílias a se sentirem mais seguras e confiantes", afirma Day, que não fotografa mais e se dedica exclusivamente ao Manual do Recém-nascido.

Quer um gostinho das dicas que ela compartilha? Veja abaixo:

Vale deixar o bebê chorar para se acalmar sozinho?

Muitas pessoas acreditam que deixar o bebê chorar sem interferir é a melhor forma de ensiná-lo a se acalmar sozinho e a dormir a noite toda, mas ele ainda não tem a capacidade de se acalmar sozinho. Ele precisa do conforto e da presença dos pais para se sentir seguro.

Ignorar o choro pode aumentar o estresse do bebê, e a única coisa que ele aprenderá é que não adianta chamar que não haverá ninguém por ele naquele momento.

Será que o leite é fraco?

É comum ouvir que, se o bebê chora com frequência, pode ser porque o leite materno não está sendo suficiente ou é "fraco". O conceito de "leite fraco" é um mito. O leite materno contém toda a hidratação e nutrientes necessários.

O choro pode ser em decorrência do sono ou algum desconforto. Mas ainda que ele esteja com fome, não é minando a autoconfiança da mãe que vamos ajudá-la. É preciso ter tato nessas horas.

Mamadeira ajuda o bebê a dormir?

Há quem acredite que oferecer mamadeira faz o bebê dormir por mais tempo à noite. Não há evidências disso, e a ideia é muito forte por ser uma questão cultural da nossa geração.

Provavelmente introduzir a mamadeira vai interferir negativamente na amamentação e não vai resolver os problemas de sono.

Bebê fica mal acostumado de pegar no colo?

Muitas pessoas aconselham as mães a evitar pegar o filho no colo toda vez que ele chora. Bebês precisam de contato físico e carinho, portanto, atender às necessidades emocionais deles, especialmente nos primeiros meses, não os deixam mal acostumados, mas confiantes e seguros.

E a chupeta acalma?

A chupeta é frequentemente sugerida como uma solução rápida para acalmar o bebê quando ele está chorando. Para quem deseja amamentar, a chupeta é uma "amiga falsa" que chega de mansinho acalmando o bebê e instalando a confusão de bicos que, na maioria dos casos, resulta no desmame precoce.

Neném pode tomar chá? Água? E alimentos sólidos para engordar mais rápido?

Algumas famílias sugerem que, além do leite, o bebê deve tomar chá ou água para limpar o organismo ou ajudar na digestão. Além disso, caso ele não esteja ganhando peso conforme o esperado, a suposta solução seria introduzir alimentos sólidos antes dos seis meses. Nenhuma das duas situações procede.

Bebês devem ser alimentados exclusivamente com leite materno até os seis meses de vida, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Oferecer outros líquidos pode impactar na amamentação e a introdução precoce de alimentos sólidos pode prejudicar o desenvolvimento do sistema digestivo.

Recém-nascido vem ou não com um manual?

De acordo com Dayane, quando nasce um bebê é comum ouvir a frase que ele não vem com um manual. "É claro que os bebês não são todos iguais, mas têm necessidades iguais de sono, alimentação, carinho, atenção e da adaptação da vida fora do útero", comenta.

Em seus vídeos nas redes sociais e nos seus cursos, a consultora de sono e amamentação mostra que é possível amamentar sem dor, organizar a rotina, desenvolver a autonomia do sono (sem a necessidade do treinamento do choro), ajudando o bebê a adormecer no berço e a emendar ciclos de sono sozinho, sem depender do seio ou do colo.

"O tempo que o bebê consegue dormir sem interrupções noturnas depende da sua capacidade de jejum. É possível que ele durma bem à noite, despertando apenas para se alimentar e voltar a dormir de forma tranquila e reparadora. Quando o bebê não dorme bem, isso é exaustivo para a mãe, mas para ele também, afinal ele não está descansando direito. O bebê não dorme mal porque quer, mas porque não está conseguindo. Com a orientação certa, a mãe pode melhorar as condições de sono dele e dela", afirma.

Segundo Dayane, as dicas e técnicas que fazem mais sucesso são sobre como dar banhos relaxantes; ajudar o bebê a arrotar de maneira rápida e prática; auxiliá-lo a dormir; trocar fraldas e roupas sem choro e com mais conforto. No entanto, há também os assuntos polêmicos, como ofertar líquidos e alimentos sólidos antes dos seis meses, e os bicos artificiais (de silicone, chupeta e mamadeira) que são vendidos como "um santo remédio" para facilitar a vida da mãe.

"Há uma grande diferença nos movimentos que o bebê precisa fazer para extrair leite do seio, para a sucção que ele faz nos bicos artificiais. O bebê aprende um padrão de sucção nos bicos que não é efetiva no seio. A criança fica cada vez menos satisfeita no peito e o corpo da mãe entende que ela está mamando cada vez menos, o que diminui a produção de leite. Sem perceber, a mãe entra em uma bola de neve de desmame".

Ninguém conhece mais os filhos do que as mães

Em contato diário com pais e cuidadores, Day diz que atende casos emocionantes de mães exaustas e, muitas vezes, desesperadas por não saberem mais o que fazer. Um case marcante foi de uma mãe que conseguiu amamentar sua bebê que mamava apenas na mamadeira havia três meses, após fazer o seu curso de amamentação.

"Fiz um acompanhamento de perto, orientei a mãe como fazer essa reaproximação e como mostrar para a bebê que o seio dela era fonte de alimento. Fizemos o ajuste de pega e revertemos a confusão de bicos que já estava estabelecida. Em três semanas, a bebê passou a mamar exclusivamente no peito", comemora.

Feliz pelo retorno que recebe das famílias, Dayane afirma que o instinto de mãe é valioso e verdadeiro. "Sempre incentivo as mães a seguirem os seus instintos, independentemente dos medos e inseguranças que sentimos. Não há ninguém que conheça mais os nossos filhos do que nós, mães".

Mãe de um casal, Dayane teve dificuldades com o sono do 2º filho

Mãe da Letícia, de 15 anos, e do Davi, de 11, Dayane diz que mesmo com uma boa rede de apoio, ela teve desafios quando os filhos nasceram. Um deles foi não querer dormir para ficar de olho na filha 24 horas por dia. "Não é no sentido figurado e nem exagero, eu realmente não queria dormir. É óbvio que esse plano não deu certo e entendi a importância do meu descanso, autocuidado e bem-estar para cuidar dela", relembra.

Com o segundo filho, Dayane enfrentou dificuldades quando Davi chorava muito e não conseguia dormir de madrugada. "Não sabia mais o que fazer. Meu marido assumia os cuidados para eu respirar um pouco, o acalentava e o fazia dormir. O engraçado é que muito do meu conhecimento que passo hoje às mães, eu aprendi de maneira profissional, mas vi meu marido fazer com nossos filhos de maneira instintiva", conta ela sobre o empresário Bruno Sampaio, 40, que é seu sócio no Manual do Recém-nascido.

Com os filhos já grandes, a criadora de conteúdo digital diz que sua maior alegria é vê-los crescendo e estar presente em cada fase nutrindo-os de amor e apoio, ver como são inteligentes, amáveis, queridos e felizes. "Maternar é algo transcendente, por mais desafiador e difícil que seja, vale a pena e é a melhor coisa do mundo na minha opinião".