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Ministra das Mulheres anuncia marcha contra misoginia e combate ao assédio

Adriana Negreiros

De Universa

29/03/2023 04h00Atualizada em 29/03/2023 14h23

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, anunciou terça-feira, 28, que irá fazer viagens pelo Brasil para "discutir a misoginia". A ideia é popularizar o debate público sobre o tema da mesma maneira como ocorreu com a lei Maria da Penha.

O anúncio foi feito durante o evento anual da "Coalização empresarial pelo fim da violência contra mulheres", que reuniu CEO´s de todo o Brasil em São Paulo. "A misoginia engole as mulheres. Está nos fazendo sair dos lugares públicos", disse a ministra, que pediu o apoio dos empresários presentes para conduzir a "marcha".

Foi aplaudida. "A violência contra as mulheres não é um problema do ministério das mulheres. É um problema de todos nós", afirmou Daniel Silveira, presidente da Avon Brasil - a Coalizão foi criada pelo Instituto Avon em 2019.

O primeiro destino da marcha será Campo Grande (MS). Cida Gonçalves vai debater o tema durante audiência pública na Assembleia Legislativa nesta quinta-feira, 20. Um segundo encontro deverá ocorrer em Florianópolis (SC), em abril. A ministra quer visitar todos os estados - os debates deverão ser conduzidos sempre nas assembleias legislativas.

No alvo da ação estão perfis nas redes sociais que disseminam discurso de ódio contra as mulheres — a "machoesfera", como definiu Cida Gonçalves. Ela afirmou lutar para que "possamos ter voz no STF" para combater a misoginia nas redes.

Depois do discurso, Cida Gonçalves disse a Universa que o ministério está trabalhando para que haja mais mulheres em todos os espaços de poder - inclusive, e não apenas, no STF. O presidente Lula enfrenta pressão entre aliados e fora do governo para indicar uma mulher negra para a próxima vaga da Suprema Corte - ele já sinalizou que poderia escolher seu advogado, Cristiano Zanin.

Também comentou a importância da ratificação da Convenção 190, da Organização Internacional do Trabalho, que "tem poder de lei no país e estabelece diretrizes a serem executadas pelos governos para acabar com o assédio sexual e moral no ambiente de trabalho".

A ministra disse que é preciso enfrentar o que classifica de "caos" encontrado no governo após a gestão Jair Bolsonaro. Criticou as políticas da antiga gestão destinadas às mulheres. Afirmou que, nos últimos quatro anos, elas foram tratadas como "reprodutoras", e não "sujeitos de direito, com capacidade para pensar, trabalhar e estudar".

"Temos que dar condições à mulher de estar onde quiser. Inclusive, se for o desejo dela, dentro de casa", afirmou.