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Mulher é filmada em banheiro de estação de metrô em Salvador: 'Nojo e medo'

A estudante de biomedicina Aila Brito, 20 anos, foi filmadaem um banheiro da estação de metrô Bom Juá, em Salvador - arquivo pessoal
A estudante de biomedicina Aila Brito, 20 anos, foi filmadaem um banheiro da estação de metrô Bom Juá, em Salvador Imagem: arquivo pessoal

Fernando Barros

Colaboração para Universa, em Salvador

19/10/2022 10h39

A estudante de biomedicina Aila Brito, 20 anos, foi filmada nesta segunda-feira (17) em um banheiro da estação de metrô Bom Juá, em Salvador, nas imediações da BR 324. O caso ocorreu por volta das 21h e, em entrevista a Universa, a jovem conta que estava voltando da faculdade e esperava o pai que iria encontrá-la na estação.

"Enquanto usava o banheiro, comecei a ficar com uma sensação de estar sendo observada. Quando olhei para cima, só vi um celular preto por uma janela. Fiquei assustada, sem entender direito o que estava acontecendo ou quem estava por trás daquele absurdo", relata a estudante, que saiu do banheiro e chamou por ajuda.

Ela diz que neste momento apareceram dois agentes de segurança da CCR Metrô Bahia, empresa que administra o metrô da capital baiana. Ao explicar o ocorrido e pedir para ver imagens da câmera de segurança da estação para identificar quem estava a filmando no banheiro, ela afirma, no entanto, que percebeu uma certa resistência, como se quisessem despistá-la ou abafar a situação.

A estudante, então, começou a gravar para denunciar nas redes sociais e foi tentar entender de onde vinha a janela que dava para o banheiro feminino. "Descobri que a janela separava o banheiro onde eu estava de um banheiro masculino, que os seguranças disseram que estava interditado, mas quando vimos estava com a porta aberta e a fita de isolamento rompida", diz Aila.

Segurança confessou o crime

Segundo a jovem, ao ver que ela estava fazendo a gravação, um dos seguranças lhe chamou no canto e confessou que tinha sido ele quem estava lhe filmando. Aila diz que ficou surpresa com a confissão porque num primeiro momento imaginou que pudesse ter sido algum passageiro.

"Ele começou a se desculpar, dizendo que eu não postasse nada, que ele era pai de família, que nunca tinha feito aquilo e iria apagar a filmagem. Senti um misto de sensações na hora que não sei nem descrever", diz a estudante, que acionou a Polícia Militar pelo 190 e foi encaminhada para fazer o registro de ocorrência na Central de Flagrantes da Polícia Civil da Bahia.

"Me senti enojada com tudo o que aconteceu e fico pensando quantos casos como esse não são descobertos ou denunciados", desabafa Aila, que espera que o segurança seja punido.

O agente de segurança da CCR Metrô também foi conduzido para a unidade policial e, de acordo com nota enviada à Universa pela assessoria de comunicação da Polícia Civil da Bahia, responderá pelo Artigo 216-B do Código Penal Brasileiro, que prevê sobre os casos de registro de intimidade sexual, por qualquer meio, sem autorização das pessoas.

A entidade afirma que foi realizado um termo circunstanciado de ocorrência e o procedimento será encaminhado para a 11ª Delegacia Territorial (DT) de Tancredo Neves, em Salvador, que prosseguirá com a investigação.

Procurada pela reportagem, a CCR Metrô Bahia se pronunciou por meio de nota enviada pela sua assessoria de imprensa informando que o comportamento do segurança não condiz com os valores da empresa e que, por isso, ele foi demitido. A concessionária informa também que está em contato com a jovem para prestar toda assistência e que este mês ainda iniciará uma campanha de combate ao assédio dentro do sistema metroviário como parte da sua estratégia de capacitação e conscientização dos colaboradores.

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