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Novo 'botox' promete durar 2 vezes mais e pode chegar ao Brasil em 2023

Estudos indicam que a toxina botunílica Daxxify, concorrente do Botox, pode durar cerca de sete meses - ValuaVitaly/Getty Images/iStockphoto
Estudos indicam que a toxina botunílica Daxxify, concorrente do Botox, pode durar cerca de sete meses Imagem: ValuaVitaly/Getty Images/iStockphoto

Karina Hollo

Colaboração para Universa, em São Paulo

27/09/2022 04h00

A toxina botulínica, aliada na hora de dar um up no rosto e alisar linhas de expressão, principalmente na testa, entre as sobrancelhas e no canto dos olhos, acaba de ganhar um concorrente —o daxibotulinumtoxinA-lanm (Daxxify). "Assim como o Botox, o Daxxify também é uma toxina injetável do tipo A que causa a paralisação (relaxamento) da musculatura na região em que é aplicada", explica o dermatologista Alessandro Alarcão, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

A grande novidade do produto é a sua duração. Enquanto o Botox prolonga sua ação entre três e quatro meses, os músculos do local onde o Daxxify é aplicado só começam a ceder após cerca de sete meses. Isso significa menos retoques. "A nova toxina botulínica também é derivada de uma bactéria. Então, o mecanismo de ação é o mesmo, não se trata de uma nova molécula, mas de um novo arranjo químico que promete maior duração", conta Thiago Cunha, dermatologista de São Paulo.


Toxina que duuura!

Os resultados foram publicados em um estudo divulgado semana passada no "Jornal Americano de Dermatologia" pelo Revance Therapeutics, fabricante do novo tratamento,", após aprovação da substância pelo FDA. "Este novo procedimento poderá ser utilizado em diferentes áreas para frisar o tecido e dar o tônus que o paciente procura, suavizando as marcas de expressão associadas ao envelhecimento", explica a dermatologista Valéria Campos, especialista pela Harvard Medical School.

O Daxxify chega no momento em que pandemia, stress, atividade física constante e de alto impacto, têm diminuído cada vez mais a durabilidade do procedimento. "A minha experiência no consultório mostra uma queda significativa na duração da toxina", observa ela.

Aplicação mais fácil

Foi relatado no estudo que a aplicação será realizada por região —e não por picadas. "Então, provavelmente o halo de ação será maior. Ainda não existe nada publicado que fale das técnicas, mas provavelmente terá que haver um refinamento, porque se acontecer uma intercorrência, o efeito irá durar muito mais tempo, mesmo que se tente reverter com eletroestimulação", alerta Alessandro.

Assim como pode acontecer com outras toxinas botulínicas, foi visto que o também tem efeitos colaterais: em torno de 6% dos pacientes apresentam cefaleia (dor de cabeça), e 2% tiveram ptose de pálpebra (queda da pálpebra.

A necessidade de menos picadas no procedimento é ótima notícia para quem tem pânico de agulha. "A toxina de duração mais longa tende a ter menos chance de problemas de resistência", diz Alessandro. Outro ponto importante é o intervalo entre as aplicações. "Deve ser de, no mínimo, quatro meses, porque os retoques podem desencadear um efeito vacina que faz com que o tratamento perca o efeito", alerta Valéria.

No entanto, uma coisa importante: "Segundo o estudo clínico, a dose utilizada foi superior à habitual, que a gente usa com as outras toxinas. Então, ela dura mais, mas também a dose foi aumentada. A ação da toxina é dose dependente. Quanto mais toxina você aplica, maior será a duração", esclarece Thiago.

Ação terapêutica

Ao que tudo indica, o Daxxify também poderá ser usado como todas as toxinas do tipo A, já utilizadas no Brasil, tanto do ponto de vista estético quanto terapêutico. "Ela pode ajudar no manejo de outras doenças como hiperidrose (transpiração excessiva), rosácea, enxaqueca, cicatrizes e até depressão, assim como o seu principal concorrente. Mas ainda é necessária a validação da Anvisa para essa novidade chegar por aqui", reforça Valéria.