Topo

OPINIÃO

Por que você vai usar pink e, depois do verão, estará enjoada dessa cor

Barbiecore - Deborah Faleiros/UOL
Barbiecore Imagem: Deborah Faleiros/UOL

De Universa, em São Paulo

19/08/2022 07h00

Esta é a versão online da edição de (19/8) da newsletter de Universa, que parte do estilo Barbiecore pra entender como funciona o ciclo das tendências de moda. Quer receber a próxima edição na semana que vem no seu email? Clique aqui e se cadastre. Assinantes UOL ainda podem ter dez newsletters exclusivas toda semana.

Nesta semana um megaevento tomou conta da Fundação Bienal, em São Paulo, o mesmo local onde costuma acontecer a São Paulo Fashion Week: o grupo Arezzo&Co reuniu suas 13 marcas (não só de sapatos, mas também de roupas, como Carol Bassi, Baw Clothing, Troc e Vans), um punhado de famosas do time A, como Bruna Marquezine, Marina Ruy Barbosa, Fernanda Lima e Isabelli Fontana para apresentar suas novas coleções e celebrar os 50 anos da Arezzo. Se tem um jeito de resumir o que rolou por lá, é mais ou menos isso: novidades da moda cercadas de pink por todos os lados.

Bruna Marquezine, de total pink - Divulgação/Agência Fotosite - Divulgação/Agência Fotosite
Bruna Marquezine, garota-propaganda da marca Brizza
Imagem: Divulgação/Agência Fotosite

Bruna usou um look total pink - vestido curto coladíssimo ao corpo, flip flop de salto plataforma. Marina vestiu blazer bicolor, rosa-chiclete e preto. Nos desfiles, a cor aparecia em trajes completos ou nos acessórios: chinelos, sandálias, bolsas. Mas entre o público, formado por revendedores do varejo, influencers e gente interessada em moda, não faltaram mulheres adeptas do tal look total.

Será que todo mundo acordou pensando a mesma coisa? Sim, querida leitora. Mas não porque pink é exatamente sinônimo de bom gosto (não quer dizer que não seja). Mas porque virou tendência. Algumas tendências, tipo o estilo athleisure, têm uma pegada mais duradoura, vem pra ficar - o pós-covid fez a pessoas pensarem mais em roupas confortáveis, que servem pro esporte mas que também tem estilo. E tem outras tendências que colam igual chiclete. Nesse caso, rosa-chiclete.

A culpa é da Barbie. E do TikTok. Ou do filme, que a diretora toda feminista Greta Gerwig dirigiu, e que será lançado só em julho do ano que vem, de acordo com o site especializado Imdb. Cenas dos bastidores deixaram escapar a atriz australiana Margot Robbie toda linda, toda vestida de cor-de-rosa. Viralizou nas redes. Principalmente no TikTok que, nesses nossos tempos, frequentemente toma o lugar das maisons de moda, desfiles e capas das revistas que ainda existem ao ser lançador de modas. Essa ganhou o nome de Barbiecore.

Margot Robbie em meio à atmosfera cor-de-rosa nas gravações de Barbie, que estreia em 2003 - Divulgação - Divulgação
Margot Robbie como a Barbie no filme de Greta Gerwig sobre o universo da boneca, que será lançado em 2023
Imagem: Divulgação

Não é só sobre looks monocromáticos. Cores vivas, microvestidos, plataformas gigantes, glitter - todo o guarda-roupa que a sua boneca vestia estará nas vitrines das lojas, em tamanho real. Tem também uma nostalgia dos anos 80 e 90. E uma releitura da influência da Barbie nas nossas vidas - pra mim, o rescaldo da minha boneca preferida foi a imposição de um padrão de perfeição inatingível. Agora, tentam limpar a barra da moça dizendo que ela foi a primeira a colocar a mulher em todo canto. Em 1965, já era astronauta, antes de Neil Armstrong pisar na lua.

Anne Hathaway, vestindo Valentino, é prova de que o pink atingiu o segundo estágio de uma tendência - Daniele Venturelli/WireImage - Daniele Venturelli/WireImage
A atriz Anne Hathaway em Roma para o desfile da Valentino
Imagem: Daniele Venturelli/WireImage

Voltando ao assunto original: esse hype viral do pink significa que a tendência já chegou ao seu terceiro estágio. (O primeiro é quando ela surge, isolada; o segundo, quando celebridades e influenciadores e stylists a adotam). Agora estamos no pico desse ciclo - quando todas as marcas de moda têm itens que reforçam aquela cor. Vale para textura, acabamento, modelagem...

E o que vem depois? O quarto estágio, do declínio. Pra geração Z, é quando eles deixam de usar alguma roupa ou de fazer alguma coisa porque 'virou modinha'. E, por fim, no quinto estágio, aquela tendência fica obsoleta. Quanto mais ela foi usada, repetida, apreciada, maior a chance de que ela seja esquecida, escondida. Quem ainda tira do armário sua saia longa plissada ou sua jaqueta bomber, febres em 2016, sem aquela sensação de estar vestindo um look datado? Ou os sapatos creeper, obrigatórios em 2013, caso tenham sobrevivido ao excesso de uso?

Total pink nos desfiles Brizza, Carol Bassi e Schutz, verão 2023 - Agência Fotosite - Agência Fotosite
Total pink nos desfiles Brizza, Carol Bassi e Schutz, verão 2023
Imagem: Agência Fotosite

Essa overdose de pink provavelmente deve acelerar o ciclo dos 5 estágios da moda. O que não impedirá que você se sinta terrivelmente atraída por aquela sandália que vai ver hoje na vitrine, mesmo que essa não seja sua cor favorita. Até agora. E, como na moda tudo é cíclico, quem sabe você possa reaproveitá-la em alguns anos, como se fosse grande novidade.

Toda segunda-feira, a UOL Horóscopo traz as previsões semanais para cada signo, para quem gosta de começar a semana já de olho nos astros. Para se cadastrar e receber a newsletter, clique aqui