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Conversa de Portão #67: Macarrão instantâneo está mais barato que uma manga

De Universa, em São Paulo

14/08/2022 04h00

A pandemia e a crise econômica colocaram o Brasil de novo no mapa da fome. Já são mais de 33 milhões de pessoas em insegurança alimentar grave. Para além das estatísticas, o que essa alteração alimentar causa em nossos corpos? Qual a responsabilidade de quem come? Essas e outras perguntas são respondidas por Patty Durães, gastrônoma e pesquisadora de alimentos, neste episódio de Conversa de Portão.

Ela diz que o fato de estarmos vendo à venda nos mercados produtos como soro de leite, carcaça de franco, fragmentos de arroz ou aparas de macarrão significa que a indústria também está fazendo movimentar a sua própria economia a partir da fome. "E isso é muito triste. Tudo o que antes era desperdiçado ou utilizado para fazer ração animal está sendo comercializado agora como alimento" (a partir de 5:15 do arquivo acima).

A gastrônoma diz que tem "vontade de chorar" quando analisa as questões nutricionais da alimentação das classes C, D e E no Brasil. "Ninguém está se alimentando do que precisa, não tem fruta, não tem legumes, não tem vegetais porque tudo isso está muito mais caro. Qualquer macarrão instantâneo é mais barato do que uma manga, um mamão ou 1 kg de mandioca" (a partir de 6:05 do arquivo acima).

Para ela, a sociedade não consegue reverter esse quadro sozinha, mas tampouco pode se eximir desta responsabilidade. "Os próximos governantes terão muito trabalho pela frente, mas é também uma questão para a sociedade civil. Se tem uma pessoa na rua passando fome eu também sou responsável por aquela situação porque eu também estou dentro da roda de má distribuição de renda" (a partir de 17:32 do arquivo acima).

O Conversa de Portão é um podcast produzido pelo Nós, Mulheres da Periferia em parceria com UOL Plural, um projeto colaborativo do UOL com coletivos e veículos independentes. Novos episódios são publicados toda terça-feira.

Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição. Você pode ouvir Conversa de Portão, por exemplo, no Youtube, no Spotify e no Google Podcasts.