Topo

Usar o joelho para estimular o clitóris? 'The Knee Thing' promete orgasmos

"The Knee Thing" é o assunto no TikTok e muita gente vem testanto a prática - Photo by Vidar Nordli-Mathisen on Unsplash
'The Knee Thing' é o assunto no TikTok e muita gente vem testanto a prática Imagem: Photo by Vidar Nordli-Mathisen on Unsplash

Karina Hollo

Colaboração para Universa, de São Paulo

21/07/2022 04h00

De uns tempos para cá, o TikTok se tornou sinônimo de hacks incríveis. A rede tem de truques de maquiagem a dicas para aumentar a produtividade. E também, quem diria, táticas para turbinar seu prazer.

O que tem feito os tiktokers delirar é um truque para as preliminares batizado como "The Knee Thing" (coisa do joelho, em tradução livre). São quase 130 milhões de visualizações para os vídeos que tentam ensinar o movimento excitante.

Eis que a "coisa do joelho" é uma forma de estimular o clitóris. Funciona assim: no meio de uma sessão de amassos, quem está em cima coloca o joelho entre as pernas da outra pessoa, roçando a vulva. E então, move suavemente o joelho enquanto aplica um pouco de pressão no clitóris.

"Foi a primeira vez que li sobre esse poder do joelho, mas faz sentido: quando você usa outras partes do corpo para estimular o clitóris, libera boca e mãos para acariciar outras partes", fala a sexóloga Gabriela Dias.

Outro lado positivo é o fato de vermos o quanto prazer nada tem a ver com o pênis e a penetração ou um tipo apenas de estímulo. "Quando esfregamos o joelho na vulva, indiretamente estamos acariciando o clitóris, é como se estivesse brincando com um travesseiro, com as mãos ou o braço do sofá. O joelho consegue abranger toda a vulva e fazendo pressão e movimentos de esfregar, o clitóris é super estimulado. E isso pode acontecer não só com o joelho, mas se esfregando nas coxas da parceira, por exemplo", fala Natali Gutierrez, sexóloga à frente da Dona Coelha.

Complexo do prazer

Fato é que é possível estimular o clitóris de infinitas formas. "Geralmente, estamos acostumadas a focar apenas na pontinha do iceberg, que é a glande do clitóris, aquela ponta visível sob o capuz no topo da vulva —mas o clítoris é um complexo. Com aproximadamente 11 centímetros, ele é conectado ao nosso osso púbico, com partes importantes posicionadas atrás dos lábios. E sabemos que o clitóris é sempre estimulado direta ou indiretamente durante atividades sexuais que envolvem estímulos externos à vulva e dentro do canal vaginal. Ou seja, até na penetração o clitóris está sendo estimulado e é graças ao seu complexo que podemos desfrutar de orgasmos mais intensos", fala Marília Ponte, COO da Feel e Lilit e especialista em educação sexual.

São muitas as mulheres que não chegam ao orgasmo, algo em torno de 60%. E desses 40% que conseguem, a maioria é com o estímulo clitoriano. "Então, com certeza, ele seria o caminho mais direto para o prazer feminino, desde que existam preliminares e diálogo. Não adianta só estimular o clitóris, né?", ressalta Gabriela.

"O maior benefício da estimulação clitoridiana é o de se conhecer. Afinal, quando você entende a potência da vulva, é um novo caminho lindo que é descoberto. E quando o clitóris é desbravado, é aquele despertar orgástico!", observa Natali.

Por enquanto, os comentários vistos no TikTok se dividem entre aqueles que ainda estão confusos com a 'coisa do joelho' e aqueles que percebem que já estavam fazendo isso há tempos.

A tática realmente não é nova: os benefícios da estimulação do clitóris são amplamente documentados e conhecidos. "A única e exclusiva função do clitóris é o prazer sexual feminino. A estimulação dele traz benefícios que vão da chegada do orgasmo à liberação de substâncias como ocitocina, serotonina e dopamina, todas ligadas à felicidade, prazer, alegria", fala Gabriela.

Mas a popularidade da 'coisa do joelho' é um lembrete de que o bom sexo pode incluir qualquer combinação de genitais, mãos, lábios e, sim, até joelhos. "Eu acho que o benefício dessa técnica (ou de qualquer outra) é exercitar novos caminhos para nos darmos prazer e atualizar o mapa do nosso corpo, pois estamos mudando a cada dia. Minha sugestão é experimentar sempre controlando a intensidade, pressão e velocidade com o movimento e peso do seu próprio corpo e comunicar claramente para a parceria para garantir que a experiência seja prazerosa", finaliza Marília.