'Troquei festa de 15 anos por patins e hoje tenho 4 mi de fãs no TikTok'

Com vídeos fazendo manobras entre os carros, andando de costas, girando numa perna só e dando piruetas em cima das rodinhas, a patinadora Andressa Fontinele, 25 anos, faz sucesso no TikTok. A jovem acumula quase 4 milhões de seguidores na plataforma ao compartilhar a sua paixão por patins.

A relação com o esporte começou na adolescência. Natural do Crato, no Ceará, Andressa se mudou aos 7 anos com a família para Caruaru, em Pernambuco, e diz em entrevista a Universa que ficou encantada ao assistir pela televisão à patinação no gelo durante a transmissão dos Jogos Olímpicos de Inverno, quando tinha 15 anos.

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"Vi aquelas apresentações e fiquei com vontade de patinar também. Na época, como não tínhamos muito dinheiro, falei para meus pais que, em vez de uma festa de aniversário de 15 anos, queria ganhar patins e fomos em busca de um em Recife, porque não vendiam em Caruaru", recorda Andressa.

Com os patins de presente, ela começou a buscar por conta própria alguns tutoriais na internet para aprender os movimentos e praticar após a escola. "Como eu estudava em tempo integral, eu ia andar de patins todas as noites. Mesmo sem ter muita técnica, aprendi treinando bastante", conta.

Não demorou muito e, com 16 anos, Andressa já estava participando do primeiro campeonato. Daí em diante, não parou mais e competiu em torneios em várias cidades do Brasil e até fora do país. Em 2015, ela conquistou o título de campeã sul-americana na patinação slalom freestyle, modalidade em que os atletas realizam manobras e movimentos em fileiras de cones.

'Queria ganhar um celular e viralizei no TikTok'

A ideia de fazer vídeos para a internet em cima dos patins surgiu quando Andressa viu um concurso cultural na antiga plataforma Musical.ly (que deu origem ao TikTok), em que a rede social desafiava os membros a publicarem vídeos fazendo algo diferente ou inusitado, e os melhores iriam concorrer a um celular.

De olho em um novo aparelho, Andressa não pensou duas vezes e gravou um vídeo com suas manobras sobre os patins. "Eu nem imaginava que iria ganhar, mas fiz o vídeo, meio até na brincadeira", lembra. Resultado: ela ficou em segundo lugar na promoção da plataforma, ganhou um celular e seu vídeo teve 50 mil visualizações só na primeira semana.

Com esse engajamento, Andressa percebeu uma oportunidade de criar conteúdo mostrando sua rotina com os patins e passou a ser figurinha cativa na rede.

Como já havia trabalhado como videomaker antes, fazendo vídeos de casamentos, eu tinha uma boa noção de enquadramento e iluminação e usei isso ao meu favor para gravar meus próprios vídeos.

Usando esse conhecimento combinado à sagacidade de aproveitar as trends do momento e adaptar para o universo dos patins, Andressa foi acumulando seguidores e decidiu apostar no TikTok como uma forma de ganhar dinheiro por meio de publis e parcerias com marcas. Hoje, ela conta com uma agência que a ajuda nessa intermediação.

No final de 2021, ela se mudou para São Paulo para se dedicar quase integralmente à produção de vídeos e outros conteúdos para a internet. Além do perfil no TikTok, ela está no Instagram e abriu um canal no YouTube em que pretende compartilhar dicas e tutoriais para quem quer aprender a patinar. "Minha rotina hoje está dividida entre os treinos com patins e as gravações", diz.

Andressa conta que geralmente ela mesma faz tudo: tem as ideias, faz o roteiro, filma e edita. Quando precisa ser filmada por outras pessoas, alguns amigos a ajudam. "Às vezes, tiro um final de semana, saio com os patins, uma mala de roupas e gravo vários vídeos com roupas diferentes para deixar conteúdo pronto para a semana", acrescenta.

Entre os locais preferidos para as gravações, estão o Vale do Anhangabaú e o Parque do Ibirapuera, na capital paulista. "Gosto de lugares amplos, abertos, onde eu possa patinar à vontade."

'Sinto como se eu flutuasse'

Com a carreira de criadora de conteúdo, as competições ficaram um pouco de lado. Andressa, que também chegou a cursar Educação Física em Pernambuco, mas não concluiu porque se mudou para São Paulo, observa que a patinação não é tão valorizada quanto outros esportes no país, o que se reflete na dificuldade de patrocínios.

"Participar dos campeonatos é bom porque traz visibilidade, ajuda a construir uma autoridade para mim na patinação, mas às vezes a relação custo-benefício não compensa, porque temos muitos gastos com as viagens e equipamentos, por exemplo", avalia.

Segundo Andressa, um bom par de patins custa em média R$ 6 mil e cada troca de rodinhas para manutenção sai por R$ 500. Mas seja competindo, seja gravando para as redes sociais, o que não muda é a sua paixão pela patinação.

A patinadora diz que isso é a sua vida. "Experimento uma sensação de liberdade quando estou com os patins que não tem nada igual. É como se eu flutuasse ou estivesse voando", afirma.

É essa mesma sensação de liberdade ou algo mágico que ela tenta passar para as pessoas que a acompanham na internet. "Com meus vídeos, tento inspirar as pessoas a patinarem também, trazendo humor, informação e mostrando que os patins podem ser meio de transporte, trabalho e diversão", finaliza.