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Juiz que votou contra direito a aborto nos EUA já foi acusado de estupro

O presidente Donald Trump e o juiz Brett Kavanaugh - Mark Wilson/Getty Images
O presidente Donald Trump e o juiz Brett Kavanaugh Imagem: Mark Wilson/Getty Images

De Universa, São Paulo

02/07/2022 16h48

Juiz da Suprema Corte americana, Brett M. Kavanaugh, um dos que votaram a favor da revogação do direito ao aborto nos Estados Unidos, já foi investigado por assédio sexual logo após sua nomeação, em 2018. Brett foi indicado pelo ex-presidente Donald Trump para ocupar a cadeira. Com a decisão recente do tribunal que deu fim ao direito à interrupção da gravidez, garantido desde 1973, ativistas passaram a questionar o histórico dos juízes, e o passado de Kavanaugh veio à tona novamente.

A primeira mulher a fazer acusações em público contra ele foi a também juíza Christine Blasey Ford. Ela disse que sofreu uma tentativa de estupro, em entrevista ao jornal "The Washington Post", quando tinha 15 anos e encontrou Kavanaugh em uma festa. Nas declarações, ela alega que o juiz, que estava bêbado, a segurou contra sua vontade na cama, tentando tirar suas roupas e cobrindo sua boca para que ela não gritasse por ajuda.

"Achei que ele iria me matar", disse ela. Christine afirmou que não estava sozinha na cena. Depois que seu relato veio a público, mais três mulheres fizeram denúncias contra o atual juiz da Suprema Corte.

Kavanaugh nega todas as acusações. Na época, a Casa Branca disse que acreditava nele e que estava do lado do juiz.

Frente aos fatos, o FBI iniciou uma investigação. Mas em julho de 2021, um grupo de senadores Democratas afirmou que recebeu uma carta do diretor da entidade, Chris Wray, que parecia mostrar que a organização parecia não ter investigado a fundo nenhuma das denúncias feitas, mesmo com nomes e informações das denunciantes.

"Ou o FBI não foi autorizado ou não deu seguimento a nenhuma das dicas que recebeu da linha de denúncia", escreveram os senadores em uma carta enviada a Wray, que se tornou pública.

Revogação do aborto nos EUA

A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu derrubar o direito constitucional ao aborto legal, em vigor no país desde 1973. A decisão vai resultar na proibição do serviço de interrupção da gravidez em quase metade dos estados americanos. O tribunal confirmou uma lei do Mississippi que proíbe todos os abortos após 15 semanas, com pouquíssimas exceções médicas.

Após a decisão,a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, escreveu: "A Suprema Corte, controlada pelos Republicanos, alcançou o objetivo obscuro e extremo de tirar o direito das mulheres de tomar suas próprias decisões sobre saúde reprodutiva".

Já a atriz, diretora e produtora Elizabeth Banks resumiu a decisão comparando-a com a flexibilização do porte de armas, escrevendo: "Todo mundo tem uma arma, mas ninguém tem autonomia corporal. América".