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Mãe de menina forçada a não abortar diz que foi chamada de desequilibrada

Menina grávida após estupro dá depoimento à Justiça de Santa Catarina. Ao fundo, crucifixo Imagem: Reprodução The Intercept Brasil/Portal Catarinas

Do UOL, em São Paulo

26/06/2022 23h45Atualizada em 27/06/2022 08h09

A mãe da menina de 11 anos que foi pressionada a não abortar após ser vítima de um abuso sexual na cidade de Tijucas (SC) afirmou que se sentiu "um nada" durante a audiência com Joana Ribeiro Zimmer, titular da Comarca do município. Ela procurou o órgão para conseguir autorização para interromper a gravidez da filha após o hospital se negar a fazer o procedimento por estar com 22 semanas de gestação. Na ocasião, a magistrada fez uma série de perguntas em relação à gestação da criança, a pressionando-a a não fazer o procedimento de aborto permitido por lei em caso de abuso sexual.

"Eu não podia tomar nenhuma decisão pela vida da minha filha. Então, para mim, foi muito difícil, chorei, me desesperei, gritei dentro do fórum. Até chamada de desequilibrada eu fui. Porque era um ser acima de mim, né? Uma lei acima de mim. Nenhuma das vezes que a gente foi a nenhuma das instâncias eu fui ouvida", afirmou a mulher em conversa com o "Fantástico".

Ela também contou como foi passar mais de quarenta dias longe da filha, que foi enviada para um abrigo por determinação da Justiça enquanto continuava a gerar o bebê. "Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida. Todos os dias eu chorava. Quando eu ia visitar ela, ela sempre chorava e pedia para ir para casa", afirmou.

Além de lidar com a violência à qual a filha foi exposta, a mulher afirmou que o marido dela, padrasto da criança, foi acusado sem provas de ter cometido o abuso. Ele se submeteu voluntariamente ao exame de DNA e não teve relação comprovada com o crime.

"Ele foi afastado de casa, teve que manter distância da minha filha, manter distância da minha casa, então a gente só quer que a Justiça seja feita, né?", disse.

A audiência se tornou pública após uma parceria do Portal Catarinas e do The Intercept Brasil, que deram publicidade à sequência de ilegalidades. A menina conseguiu, na quarta-feira (22), realizar o aborto no mesmo hospital que, anteriormente, tinha negado fazer o procedimento.

Tradutor: Do Universa, em São Paulo

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