Topo

Biden: 'Mulheres serão forçadas a ter o filho de seu estuprador"

Joe Biden, presidente dos EUA - REUTERS/Kevin Lamarque
Joe Biden, presidente dos EUA Imagem: REUTERS/Kevin Lamarque

Luciana Rosa

Colaboração para Universa, de Washington

24/06/2022 13h47

O presidente americano Joe Biden criticou a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que revogou, na manhã desta sexta-feira (14), o acesso ao aborto legal, válido desde 1973 em todo o país. "Hoje é um momento solene", disse o presidente, afirmando que a Suprema Corte "tirou" direitos das mulheres garantidos por meio século.

Em pronunciamento oficial às 12h40, horário de Washington, Biden afirmou que, agora, "a vida das mulheres está em perigo". "É um dia triste para a Suprema Corte e para os EUA." Ele prevê um futuro catastrófico para o país, no qual os "vigilantes antiaborto vão vasculhar armários de remédios" e tomar outras medidas de controle, como rastrear a atividade das pessoas na Internet, para impedir que as mulheres procurem abortos.

O presidente chama a decisão de um "erro trágico", uma decisão "extremista". "Tão extrema que mulheres e meninas [serão] forçadas a ter o filho de seu estuprador. Cruel." Com a decisão, o tribunal distancia os Estados Unidos das nações desenvolvidas, segundo o líder americano.

Para Biden, a suspensão do direito ao aborto "lançou uma sombra" em todo o país. Afirma, ainda, que os direitos das mulheres estarão em pauta "na votação" nas eleições intermediárias de novembro —quando novos integrantes do Congresso serão escolhidos.

Entenda o caso

A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu derrubar o direito constitucional ao aborto legal, garantido desde 1973 por uma decisão conhecida como Roe versus Wade. Por causa de um julgamento da corte, autorizando a interrupção de gravidez para um caso específico, a regra passou a valer em todo o país onde havia leis similares em vigor.

A norma estipulava que "o direito ao respeito da vida privada, presente na 14ª Emenda da Constituição (...), é suficientemente amplo para ser aplicado à decisão de uma mulher de interromper, ou não, sua gravidez".

Pelo sistema federativo, no entanto, cada estado regulamentou o tema de forma autônoma. Agora, a interrupção de gravidez, como vinha acontecendo até então, fica proibido em quase metade dos estados americanos que tinham restrições ao acesso a esse direito. O tribunal confirmou uma lei do Mississippi que proíbe todos os abortos após 15 semanas, com pouquíssimas exceções médicas.