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Nina Lemos: Governo criminaliza o que deveria ser feito: educação sexual

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/06/2022 15h20Atualizada em 23/06/2022 15h35

A colunista de Universa Nina Lemos afirmou hoje que um dos caminhos para se evitar novos casos como o da menina de 11 anos que foi vítima de abuso sexual e teve seu direito legal de fazer um aborto negado pelo Justiça é investir em educação sexual. Nina, todavia, também destacou que o próprio governo Bolsonaro acaba criminalizando a solução.

"O que deveria ser feito é exatamente o que esse governo criminaliza, é a educação sexual nas escolas. Recentemente tivemos a notícia de que uma criança, após ter uma aula sobre conscientização a respeito de abuso, denunciou para a professora. Ela reconheceu que estava sendo vítima de um abuso", disse Nina durante participação no UOL News.

"A criança tem que ser educada na escola para saber o que pode, o que não pode, o que é um abuso e o que não é um abuso. Isso é justamente o que esse governo, principalmente a pasta da mulher e falsos direitos humanos, é contra. Eles chamam de cartilha, mas não é nada disso. É ensinar às crianças o básico para a prevenção de abusos. Precisa de educação e isso não é feito", continuou.

Nina também destacou durante sua participação no programa que, no caso específico que aconteceu em Santa Catarina, a lei está deixando de ser cumprida. "A lei garante o aborto em caso de estupro independentemente de ser criança ou não. Sendo criança, há risco de vida para ela, então a lei tem que ser cumprida. Estão indo contra a Constituição e isso é uma coisa que não deveria ser discutida. Essa menina e essa mãe não deveriam ter que brigar para garantir um direito básico que está na lei".

Por fim, ela também criticou a conduta da juíza Joana Ribeiro Zimmer, que em determinado momento da audiência chegou a perguntar para a criança se ela gostaria de escolher o nome do bebê e se ela "suportaria ficar mais um pouquinho".

"Ela torturou uma criança, as coisas que ela falou para uma criança de 10 anos são tortura psicológica. (...) falar para uma criança que o bebê vai agonizar. Se isso não é suficiente para alguém perder o trabalho, a gente fica muito sem esperanças", finalizou.