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Empresária que nasceu em comunidade fatura 1 milhão com linha de make

Júlia Peixoto, uma empreededora nata, faturou R$ 1 milhão de reais no primeiro mês com o lançamento de sua linha de maquiagem - Reprdução/Instagram
Júlia Peixoto, uma empreededora nata, faturou R$ 1 milhão de reais no primeiro mês com o lançamento de sua linha de maquiagem Imagem: Reprdução/Instagram

Rafaela Polo

De Universa, São Paulo

17/06/2022 04h00

Aos 15 anos e moradora de Parada de Lucas, periferia do Rio de Janeiro, a empresária e influencer Júlia Peixoto já usava o Facebook para vender os seus próprios perfumes em busca de uma renda e independência. Hoje, aos 22 anos, ela já fez colabs com marcas de moda e beleza e, no mês de lançamento da sua coleção de maquiagem, o faturamento de vendas chegou a 1 milhão de reais.

"Comecei a postar alguns vídeos no YouTube em 2012, mas isso não era algo que me trouxesse renda. Continuei na internet e em 2014 passei a investir no Facebook, que estava em alta. O meu namoro na época chamou a atenção e ganhei muitos seguidores. Eu morava na comunidade e já estava construindo meu público", conta. E foram suas origens que fizeram sua primeira polêmica online acontecer. Como uma menina da comunidade tinha dinheiro para fazer um intercâmbio? "Fui para Miami em 2017 e passei quatro meses lá. Me criticaram e me questionaram, mas a minha mãe tinha renda e guardava. Ela pagou com o dinheiro dela", conta.

Seu período por lá acabou gerando um meme que, mais uma vez, atraiu seguidores para a conta de Julia. Enquanto alguns faziam piada com uma foto dela tirada em um parque de Orlando, comparando a vida real versus o Instagram, criticando principalmente sua aparência, ela inflava suas plataformas que serviriam, futuramente, como ferramenta de negócios. "Falavam do meu corpo, perguntavam onde estava meu bumbum. Mas não desisti, não. E nem abaixei a cabeça. Com 17 anos, na verdade, nem me importava muito", conta.

De volta ao Brasil, Julia decidiu confeccionar os tops que usava, e que era sucesso entre suas seguidoras, para vender a um preço mais baixo. Com um investimento de cerca de R$ 1.500, ela comprou tecido, contratou uma costureira e passou a vender em uma barraquinha de feira de rua perto de sua casa. "A loja que eu comprava estava muito acima do preço que minhas seguidoras conseguiriam pagar, então os fornecia por um valor menor", conta. Ela achava primordial não deixar de lado o poder aquisitivo das mulheres que as seguem, buscando também transformar seus desejos de compra em realidade.

Sua participação na feira chamou a atenção da ACR Fashion, uma loja de roupas que já tinha feito coleções especiais com Anitta e Ludmilla. "Eles me convidaram para fazer uma colab com eles. Eu iria na fábrica, escolher o tecido e a modelagem. Aceitei. Foi aí que comecei a empreender", diz. Segundo Júlia, ela não tinha acesso às informações que têm hoje, nem sabia que era aquilo que fazia. Mas funcionou. A parceria com a marca durou dois anos. Depois, ela seguiu investindo de forma própria na linha de roupas.

Entrando em outros segmentos

Uma depressão desacelerou os projetos pessoais de Júlia. Por um período, foi necessário parar e se recuperar antes de buscar novas oportunidades. "Eu entrei em uma zona de conforto. Não produzia mais, não tinha trabalho e novas oportunidades. Fui buscar novos caminhos depois desse período", diz.

Ensinada pela mãe desde cedo a administrar, parar não foi um problema financeiro para ela. "Sempre tive controle e minha mãe me ajudava muito. Consegui um dinheiro legal com os tops. Na época, deu para comprar um celular à vista e ainda sobrou. Foi meu primeiro salário", diz. Júlia garante que sempre fica muito grata com o que consegue com seus trabalhos e, quando estava mal, não saia. Logo, os gastos eram baixos.

Foi no começo da pandemia que ela resolveu retomar uma proposta para criar uma linha de maquiagem que recebeu em 2018. "Mandei mensagem pelo Facebook para a marca se a proposta ainda estava de pé. Quando conversei com o dono da Face Beautiful, em 2018, eu estava péssima, bem tristinha. Mas com essa mensagem, retomamos contato e ele topou", conta. Essa iniciativa foi o primeiro passo para a criação da linha JUPXT.

Os produtos têm valores acessíveis e são pensados para pessoas de classe mais baixa, seguidores que sempre estiveram ao lado da Júlia. "Tudo o que eu lanço penso antes se as pessoas vão ter dinheiro para investir. Busco trazer algo de qualidade com preço acessível. Não posso virar as costas para meu público C e D", conta. No lançamento, a JUPXT faturou mais de 1 milhão de reais com os produtos da Júlia. "Fizemos um milhão de reais em vendas no ano passado durante o lançamento. Nos meses seguintes, varia muito, mas chega a cerca de 300 mil. Foi incrível", conta.

Apesar de amar suas colabs, e saber que ainda não é o momento, Júlia sonha em ter sua marca própria e conquistar estabilidade financeira. "E também sonho em participar de um reality", diz. Ela, que se diz muito pé no chão e não ser uma pessoa que "vive o momento", dá prioridade àquilo que mais deseja.