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Jornalista torturada por ex, que está preso, recebe ameaças do celular dele

A jornalista Ana Luiza Dias, 37, torturada e mantida em cárcere por três dias pelo namorado no Rio de Janeiro - Reprodução/Whatsapp
A jornalista Ana Luiza Dias, 37, torturada e mantida em cárcere por três dias pelo namorado no Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/Whatsapp

Tatiana Campbell

Colaboração para Universa, no Rio de Janeiro

01/06/2022 10h41Atualizada em 01/06/2022 12h22

A jornalista Ana Luiza Dias, 37, vítima de agressão e cárcere privado pelo ex-namorado, contou que recebeu duas ligações do número que pertencia a Fred Henrique Lima Moreira nos últimos dias. O suspeito está preso desde o dia 5 de maio. A vítima foi torturada com cassetete e soco inglês por três dias em um apartamento em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. A sensação, diz ela, é de que "o pesadelo não acabou".

"Eu comecei a receber esses telefonemas agora no final de semana. A primeira não falou nada e a segunda eu ouvi uma mensagem robótica que dizia: 'retire a queixa, retire a queixa'. Senti um medo absurdo", disse a Ana Luiza, em entrevista a Universa.

De acordo com Ana Luiza, o fato foi comunicado aos investigadores da 12ª DP (Copacabana), onde o caso foi registrado. Foi cumprido um mandado de prisão temporária por tentativa de feminicídio, estupro, cárcere privado e tortura contra Fred Moreira.

"Quando ele foi preso, o celular ficou na casa dele. Eu não sei quem pode ter feito isso. Eu sei que um amigo dele pegou o celular e acredito que tenha entregado para o pai, para a família. A Thaís [mãe do filho de Fred] me procurou e garantiu que ela não tem nada a ver com isso", acrescentou Ana Luiza.

Eu estou conseguindo reconstruir minha vida, to voltando ao trabalho, conseguindo tirar o que aconteceu como foco da minha cabeça, e isso acontece. Eu estou acabando de consertar o que foi quebrado, finalizando o lado clínico, e o pesadelo não acabou, é fogo.

A jornalista classificou o ex-namorado como vingativo e psicopata, mas diz que é difícil garantir que ele possa ter feito algo para ter acesso ao telefone e ter ligado por si próprio.

Nesses últimos dias Ana Luiza tem vivido uma rotina de idas ao hospital, principalmente por conta de uma inflamação grave na boca provocada pelas agressões do ex-namorado. "Estou à base de remédio e preciso ir ao dentista, porque talvez tenha que tirar meus dentes".

Fred Moreira, após pedido do Ministério Público, vai passar por júri popular. Ele foi preso no dia 4 de maio. De acordo com a Polícia Civil, ele possui uma ficha criminal extensa como violência doméstica, trafico de drogas e ameaça.

Universa buscou a defesa de Fred, que preferiu não se pronunciar.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.