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Registros de violência doméstica aumentam 49% em dias de partida de futebol

Registros de violência doméstica aumentam 49% em dias de partida de futebol - Divulgação
Registros de violência doméstica aumentam 49% em dias de partida de futebol Imagem: Divulgação

Júlia Flores

De Universa

20/05/2022 15h27

Registros de ameças contra mulher aumentam em até 50% em dias de partida de futebol do Campeonato Brasileiro, aponta o levantamento divulgado esta semana pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto Avon.

O estudo levou em conta os registros de ocorrência feitos nos dias de jogos do Campeonato Brasileiro, entre os anos de 2015 e 2018, em cinco capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Segundo o levantamento, na cidade de São Paulo, mulheres entre 30 e 49 anos são maioria entre as que registraram boletim de ocorrência por ameaças (49,7%); já quanto aos BOs por violência corporal, vítimas de 18 e 29 anos (36,3%) se destacam.

Outro dado interessante da pesquisa é o recorte étnico-racial das vítimas. "Mulheres brancas correspondem a mais da metade das que realizaram boletim de ocorrência na capital paulista após sofrerem ameaça (66,6%) ou agressão física (64,2%). Já os registros de mulheres negras equivalem a 31,9% das que relataram terem sido ameaçadas e 33,8% das que sofreram violência física", aponta o estudo.

No indíce geral, os registros por lesão corporal dolosa aumentam em 20,8%. Em dias de jogos em que o clube é mandante da partida e joga na própria cidade, este número dispara para 25,9%. Os responsáveis pelas agressões são companheiros e ex-companheiros das vítimas.

"Com a pesquisa não queremos sugerir ou responsabilizar o futebol, que é uma paixão nacional, mas mostrar que os jogos podem funcionar como uma espécie de catalisador das desigualdades entre homens e mulheres, abrindo procedentes para violência doméstica. Para evitar que isso aconteça é importante e necessário o debate sobre o assunto, e para isso precisamos contar com a influência dos próprios clubes e times junto a seus torcedores", explica Beatriz Accioly, coordenadora de pesquisa e impacto do Instituto Avon.