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Caso Saul Klein: Justiça nega prisão preventiva e prorroga investigação

Saul Klein foi denunciado por estupro e lesão corporal, entre outros crimes, por 14 mulheres Imagem: O Antagonista

Pedro Lopes e Camila Brandalise

De Universa, em São Paulo

17/05/2022 00h18

Em decisão proferida na noite deste domingo (15), o juiz Fabio Calheiros do Nascimento, da 2ª Vara Criminal de Barueri, não acatou pedido da Polícia Civil para a prisão preventiva do empresário Saul Klein e mais oito suspeitos de participarem de um esquema de aliciamento, favorecimento à prostituição e estupro de jovens mulheres. O magistrado determina a continuidade, por tempo indeterminado, das investigações, e argumenta que, por isso, não é possível manter os indiciados presos.

"Indefiro o pedido de prisão preventiva dos suspeitos apontados pela autoridade policial, neste momento, pois ainda que estivessem presentes indícios de autoria e materialidade dos crimes que levaram ao indiciamento deles, a respeito do que não entro no mérito nesta ocasião, o alongamento do inquérito policial, sem prazo determinado para a conclusão, torna inviável a custódia cautelar. E as diligências certamente deverão ser realizadas porque o Ministério Público, dominus litis, as requereu."

Além de Klein, são alvos da decisão Marta Aparecida Gomes da Silva, Andrea Kurihara Di Rago ("Pucca"), Andréia Regina Severino Rodrigues ("Deia"), Aline Iris Monteiro da Silva, Ana Paula Fogo Santos, Heloisy da Silva Oliveira, Marion da Silva Oliveira e Rodrigo Menezes.

Marta, Pucca, Deia, Aline e Ana Paula são apontadas pelas vítimas como operadoras do aliciamento e recrutamento de mulheres e organizadoras da rotina nas casas do empresário. Cinco das vítimas estão no documentário "Saul Klein e o Império do Abuso", de Universa e Mov.doc. Heloisy e Marion são filhas de Marta e donas da marca de biquínis Hype Beachwear, que, segundo depoimentos no inquérito policial, era utilizada para atrair garotas sob a falsa promessa de um emprego em campanha publicitária. Rodrigo é funcionário da casa de Saul Klein.

Calheiros proíbe, na decisão, que os acusados comuniquem-se uns com os outros e com qualquer uma das vítimas ou seus representantes. Também determina o recolhimento de passaportes de cinco deles, mas não do próprio Saul Klein.

Com a decisão, os autos do inquérito retornarão à 4ª Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri para a realização de novas ações e prosseguimento das investigações.

Relembre o caso

Saul é investigado pela polícia desde setembro de 2020, em um processo envolvendo 14 jovens que o denunciaram por estupro, lesão corporal e transmissão de doença venérea, entre outros crimes. Elas fizeram as primeiras denúncias em setembro de 2020 à promotora de justiça Gabriela Manssur e foram encaminhadas ao projeto Justiceiras, idealizado por ela, sob liderança jurídica da advogada Luciana Terra Villar. As vítimas passaram por acolhimento psicológico e orientação jurídica, e as denúncias foram levadas à Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri.

Até março deste ano, 18 meses após o início da investigação e um ano depois de Universa publicar uma série de reportagens com trechos de depoimentos de nove vítimas, o inquérito já havia passado por quatro delegados responsáveis: Ivna Schelble, Eynard Bertho Ferreira Junior, Amelia Gonçalves Bretas e a atual, Priscila Camargo, que assumiu o comando da delegacia em fevereiro de 2022. A rotatividade se deu pelas trocas feitas no comando da Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri.

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