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'Berrava socorro e ele me apagava', diz jornalista espancada por ex

Ana Luiza Dias, 37, contou sobre medo ao longo de seu relacionamento com ex - Reprodução/TV Globo
Ana Luiza Dias, 37, contou sobre medo ao longo de seu relacionamento com ex Imagem: Reprodução/TV Globo

De Universa, em São Paulo

09/05/2022 11h59Atualizada em 09/05/2022 15h38

Torturada e mantida em cárcere por três dias pelo namorado, a jornalista Ana Luiza Dias, 37, relembrou a relação conturbada com o suspeito, Fred Henrique Lima Moreira, e os momentos de terror que viveu durante as séries de agressões.

Ao "Fantástico", Ana contou que ela e o ex estavam "bem" nos dias anteriores ao cárcere, mas que tudo mudou no dia 27, depois que ela passou a noite na casa do então namorado, quando Fred "inventou um motivo" para iniciar os abusos, destacando o ciúme que sentia da então companheira. A vítima lembra que seus pedidos de socorro eram interrompidos por mais golpes do homem.

"Quando eu berrava socorro, ele me dava um mata-leão e me apagava", contou ela em entrevista ao programa da TV Globo, exibido na noite de ontem.

"Às vezes, eu olhava para o Fred e falava: 'Esse garoto é legal'. Mas às vezes eu olhava e falava: 'Que monstro'", confessou Ana Luiza, ao comentar seus sentimentos pelo agressor.

Ela conseguiu fugir das agressões em 29 de abril, quando aproveitou um momento de distração do homem, que deixou a porta do apartamento destrancada, para fugir.

fred henrique - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Defesa de Fred Henrique Lima Moreira negou que manteve ex em cárcere
Imagem: Arquivo pessoal

"Não queria virar estatística, não", declarou ela ao programa dominical, listando também os danos da tortura ao seu corpo, para além dos hematomas que ainda cobrem seu rosto.

"Eu estava com risco de vida. Tinha hemorragia cerebral e tive que refazer todo o meu maxilar. Meu maxilar, hoje em dia, é de titânio".

Além de Ana Luiza, o avô de Fred Henrique e outras seis mulheres já o denunciaram por agressões. Larissa teve um relacionamento de seis meses com ele, mas teve medo de registrar queixa quando apanhou.

Na casa do suspeito, a polícia encontrou um bastão retrátil, um soco inglês com faca e uma réplica de pistola, usados nas agressões contra a jornalista. Em nota ao "Fantástico", a defesa dele afirmou que "está tomando providências e aguarda laudos e testemunhas para se manifestar".

Fred Henrique está preso temporariamente em um mandado com duração de 30 dias.

Outras agressões

De acordo com a Polícia Civil do Rio, Ana e Fred estavam junto há 8 meses — período no qual o suspeito já demonstrava um perfil violento. Ele havia agredido a namorada no dia 31 de dezembro. No entanto, a jornalista não fez registro criminal.

Segundo depoimento da vítima, ele a manipulava alegando que havia sofrido muito na infância para justificar o descontrole e a agressão.

A polícia descreveu Fred como "um homem altamente perigoso tendo uma extensa relação de anotações criminais". Entre os crimes cometidos por ele estão três anotações de violência doméstica, tráfico de drogas, associação ao tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, ameaça, resistência, dentre outras.

Na semana passada, Universa fez contato com o advogado de defesa de Fred. Dejair Rodrigues dos Santos negou que a mulher estava em cárcere privado e disse que aguarda os exames do hospital para comprovar o traumatismo craniano e a fratura de maxilar mencionada pela vítima. Ele ainda não teve acesso a todo o processo e mencionou um "desentendimento entre eles".

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.