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Preso por agredir jornalista já havia queimado 2 mulheres com panela quente

Ana Luiza Dias, 37, e Fred Henrique Lima Moreira, preso por agressão - Reprodução/Whatsapp e Arquivo Pessoal
Ana Luiza Dias, 37, e Fred Henrique Lima Moreira, preso por agressão Imagem: Reprodução/Whatsapp e Arquivo Pessoal

Marcela Lemos

Colaboração para Universa, no Rio de Janeiro

06/05/2022 11h08Atualizada em 06/05/2022 14h59

Fred Henrique Moreira Lima, 30, acusado de espancar a namorada com um cassetete e soco inglês e mantê-la em cárcere privado no apartamento onde morava em Copacabana, na zona sul do Rio, já havia sido condenado e preso por seis meses por fazer o mesmo com a mãe de um dos seus filhos em 2020. Uma terceira mulher também aparece em processos no nome dele, sendo que ambas teriam sido agredidas com panelas quentes.

A decisão do Tribunal de Justiça do Rio narra que, na ocasião, além de agredir a mulher com socos, tapas, pontapés e vassouradas, a vítima foi queimada com uma panela quente e submetida a choques com fios. A mãe do filho de Fred também foi mantida em cárcere privado.

"Você não vai sair viva daqui", teria dito o agressor à mãe do filho dele, segundo o processo.

Na decisão, narra-se que a mulher foi até a casa do ex, a pedido dele, no dia 17 de junho para conversar sobre o filho. No decorrer da conversa, o telefone celular da vítima tocou algumas vezes, o que teria incomodado Fred. Em seguida, ele teria tomado o aparelho e saído de casa. Quando retornou ao imóvel, o agressor informou à ex-namorada que havia penhorado o celular para a compra de drogas - o que deu início a uma discussão seguida de violência.

Questionado sobre as agressões, Fred teria dito à vítima que ela estava apanhando por ter permitido que o filho chamasse outro homem de pai e afirmou que o menino ficaria órfão. A mulher relatou à polícia, na época, que chegou a desmaiar em decorrência das agressões e que ao acordar conseguiu pedir socorro para o ex-marido que acionou a polícia e foi até o endereço informado. No local, os dois entraram em luta corporal.

Em audiência, Fred admitiu ter jogado o aparelho celular em cima da vítima e acrescentou que "pode ter dado uns tapas nela". Ele foi condenado a seis meses e 16 dias de detenção.

Outro episódio com panela quente

Ainda de acordo com processos consultados no site do Tribunal de Justiça do Rio, dez anos antes de ser condenado por violência doméstica, Fred já havia ferido a mãe de seu outro filho com uma panela quente.

Em depoimento à polícia, a mulher relatou que, durante uma crise de ciúmes, ele começou a xingá-la e agredi-la com socos. Por fim, ele teria esquentado uma panela vazia e colocado na perna e nas costas da vítima. Em audiência, ele alegou que a mulher havia se queimado sozinha com uma panela de macarrão instantâneo que estava no fogão. Na ocasião, a Justiça determinou medidas protetivas à vítima.

Em 2010, Fred foi expulso da casa dos avós após agredi-los. Ele ainda possui registros na polícia referentes a tráfico de drogas, associação ao tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, ameaça, resistência, dentre outros crimes.

Prisão após agressão à jornalista

Contra Fred foi cumprido um mandado de prisão temporária, na terça-feira (3). Ele é acusado de agredir com cassetete, soco inglês e manter em cárcere privado a então namorada Ana Luiza Dias, 37, conhecida como Luka.

A Universa, a vítima contou que após conseguir fugir ficou internada durante cinco dias no CTI de uma unidade hospitalar com risco de hemorragia cerebral. Ela disse que pensou que morreria e precisou de uma reparação com auxílio de titânio no maxilar, quebrado ao meio durante a série de agressões sofridas.

Luka contou que no período em que esteve internada ainda sofreu ameaças no ex após ele insistir em ficar como acompanhante dela no hospital.

Procurado, o advogado de defesa de Fred, Dejair Rodrigues dos Santos, negou que a mulher estava em cárcere privado e disse que aguarda os exames do hospital para comprovar o traumatismo craniano e a fratura de maxilar mencionada pela vítima. Ele ainda não teve acesso a todo o processo e mencionou apenas um "desentendimento entre eles".

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.