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Após falir duas vezes, ela criou franquia de beleza que fatura R$ 8 milhões

Carina Arruda fundou a franquia MyLash, de extensão de cílios - Divulgação
Carina Arruda fundou a franquia MyLash, de extensão de cílios Imagem: Divulgação

Caroline Marino

Colaboração para Universa, de São Paulo

25/04/2022 04h00

A carioca Carina Arruda, 36, via no empreendedorismo a melhor solução para construir sua trajetória profissional. Veio da família: ela cresceu vendo a mãe trabalhar duro como vendedora e feirante para sustentar a família. "Com uns 11 anos eu já ia à feira com ela e comecei a aprender como organizar e gerir um negócio", conta Carina, que não conseguiu terminar a faculdade. Assim, como boa parte dos empreendedores no Brasil, ela começou por necessidade.

Aos 17 anos, após sua mãe sofrer um AVC, ela abriu uma papelaria, mas de maneira informal, porque não era emancipada. "Tive que tomar a frente para conseguir o sustento da família", diz. Mas a empresa não deu certo, e Carina começou a trabalhar como vendedora. Em paralelo, apostou em mais um negócio, uma distribuidora de água, aos 21 anos. "Na época eu não tinha inspiração para abrir algo que realmente estivesse alinhado aos meus propósitos, algo essencial para uma empresa dar certo", lembra. Segundo Carina, faltava preparo de gestão, fluxo de caixa e planejamento. "Cheguei a ter crises de síndrome do pânico sempre que chegava o momento de pagar os funcionários", diz.

Com uma dívida de R$ 50 mil, ela começou a trabalhar na área comercial de um jornal de grande circulação do Rio de Janeiro. Foi quando seu destino começou a mudar. O emprego era comissionado pela venda de publicidade e, em um ano, o salário de Carina foi de R$ 3 mil para R$ 25 mil. Mais segura financeiramente e com um planejamento adequado, decidiu abrir uma nova empresa: em 2013, ela fundou a MyLash Extensão de Cílios, uma rede de franquias que hoje é referência no país na área de beleza. Em 2021, o negócio faturou R$ 8 milhões e, neste ano, tem a perspectiva de alcançar R$ 15 milhões.

Com os aprendizados dos negócios anteriores, ela sabia que precisava criar algo que fizesse seu coração vibrar e que tivesse um propósito genuíno. "Cuidar dos outros sempre me tocou muito e resolvi abrir uma empresa que, de alguma forma, auxiliasse na autoestima das pessoas", diz. Para ela, ao empreender, é essencial ter paixão pelo negócio. "Assim, quando algo der errado —e vai dar, pois o começo é difícil—, você tem mais força para persistir".

"Desapegue do seu plano inicial"

Carina destaca dois pontos essenciais para um negócio dar certo. O primeiro é adaptabilidade. "Quando comecei a montar a empresa, meu foco era design de sobrancelhas, mas ouvindo as clientes e pesquisando o mercado, descobri a extensão de cílios, serviço que há dez anos pouco se falava por aqui", diz.

Mesmo sem falar inglês, ela se inscreveu em um curso da Novalash, nos Estados Unidos, uma das primeiras academias de treinamento em extensão de cílios. "Contratei uma tradução simultânea para entender o que os professores falavam", lembra. Depois, chegou a fazer outras especializações em Nova York, Las Vegas e Coreia do Sul. "Adaptação é a palavra mais importante para criar um negócio. Você precisa flexibilizar e, às vezes, desapegar do plano inicial", ressalta.

O segundo é o bom e velho marketing. Para divulgar a empresa, Carina começou a entrar em contato com produtoras de TV para, assim, chegar às celebridades. Depois de fazer os cílios de algumas famosas, conseguiu clientes como Giovanna Antonelli e Sharon Menezes. Em três meses de funcionamento, o estúdio já tinha fila de espera. Hoje, além do atendimento no salão, Carina é convidada para fazer os cílios de protagonistas de novelas na Rede Globo e HBO.

Estímulo para contratação de mulheres

Carina reforça que, além das dificuldades que todos os empreendedores têm que passar, como gestão e finanças, as mulheres têm mais um desafio: mostrar constantemente que são capazes.

"Em muitas conversas com investidores, fui questionada se não havia mais alguém na empresa, quem estava por trás do que eu apresentava. É como se uma mulher não pudesse montar um negócio de sucesso sozinha", disse. Por isso, Carina sempre teve como foco o público feminino e vem tentando fazer a diferença para muitas mulheres, inclusive dentro da empresa.

Dos 140 funcionários da rede, 95% são mulheres. "Gerar empregos para mulheres é um dos nossos valores. Por isso, cada vez mais buscamos fornecedores e funcionários do gênero feminino. Além disso, criamos incentivos para contratação, como dar treinamento gratuito para substituir temporariamente uma colaboradora que ficou grávida na unidade franqueada", ressalta.

"Muitas empresas reclamam por trabalhar com muitas mulheres justamente por conta do período de gestação. Criamos esse incentivo para a gravidez não ser vista como algo que causa prejuízo ao negócio. Apoiamos e acolhemos nossas colaboradoras", completa.