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Como Isa Penna: 5 frases que vítimas de assédio não deveriam mais ouvir

A deputada Isa Penna - José Antonio Teixeira/Alesp
A deputada Isa Penna Imagem: José Antonio Teixeira/Alesp

Rafaela Polo

De Universa, São Paulo

21/04/2022 16h59

O nome da deputada estadual Isa Penna (PCdoB-SP) está mais uma vez em meio a conversas que desvirtuam o assédio que ela denunciou em dezembro de 2020, praticado pelo também deputado estadual Fernando Cury no plenário da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). Isa teve seus seios apalpados e entrou com ação que culminou na expulsão de Fernando de seu antigo partido, o Cidadania. Hoje, ele ainda segue sem sigla e se tornou réu por importunação sexual.

Na quarta-feira (20), em participação em um podcast, o deputado estadual Delegado Olim (PP) disse que a parlamentar teve 'sorte' ao sofrer assédio e, por conta disso, conseguirá se reeleger para o cargo. Ele faz parte do Conselho de Ética da Alesp e é o relator do caso Arthur do Val (União Brasil-SP).

Pelo Twitter, Isa Penna afirmou que é inaceitável a fala sobre ela e que irá até as últimas consequências para que Olim seja punido. "Já antecipo que irei pedir seu afastamento do Conselho de Ética e que estou em contato com minhas advogadas para tomarmos uma atitude mais drástica, pois o que você falou, no meu entendimento, é quebra de decoro, como foram os áudios do Mamãe Falei", publicou na rede social.

Assim como Isa Penna, várias mulheres que denunciam assédio costumam ouvir comentários que minimizam ou normalizam as violências que sofrem. Universa separou quatro frases que vítimas de abusos sexuais não aguentam mais ouvir, leia abaixo.

"Era só uma brincadeira"

Nenhum tipo de violência é brincadeira, seja ela qual for. Então por que algo que é sofrido apenas pelas mulheres, que geram traumas incalculáveis, deveria ser? Em sua sequência de tuítes, Isa destaca como é absurdo classificar como brincadeira algo tão sério. "Assédio é violência, e não 'brincadeira', como você chama! Qualquer mulher que infelizmente já tenha passado por isso sabe que não é 'brincadeira'. Qualquer homem que respeite as mulheres sabe que não é 'brincadeira'. O que você chama de 'brincadeira' é crime", publicou.

"Que roupa você estava usando?"

Quantas vezes você já fez ou já ouviu outras pessoas fazerem esse tipo de questionamento ao ver outra mulher relatar um ato de violência sexual? Certamente, muitas. Até mesmo aquelas que foram denunciar crimes como estupro já escutaram frases semelhantes das autoridades responsáveis por julgar o crime, não a vítima. Não importa a roupa que a mulher está usando, isso não dá o direito a ninguém de mexer com ela ou fazer comentários sobre seu corpo.

"Ela quer mídia/dinheiro"

"Ah, isso não é verdade. Ela só quer aparecer". A grande desconfiança que a sociedade tem da palavra da vítima é o que faz com que muitas mulheres desistam de denunciar um crime. Falar que sofreu abuso sexual ou estupro já as coloca em um lugar de vilã, de mulher sem pudor, de interesseira. Por isso, é importante não colocar suas denúncias em xeque sob a desculpa de que a mulher quer holofotes ou dinheiro, uma vez que o caminho após uma denúncia é mais de sofrimento e julgamento do que de fama.

"Ele é só um garoto"

O homem que comete um crime de violência sexual, mesmo adulto, é chamado de garoto. A infantilização masculina é comumente utilizada para livrar os homens das responsabilidades dos crimes que eles cometem. Isso é resultado de uma sociedade machista e que precisa muito evoluir para proteger os direitos femininos.

"Me desculpe se você se ofendeu"

E se a pessoa não está ofendida, você não teria pelo que se desculpar? Sua atitude então foi correta? Geralmente o pedido de desculpa do homem que cometeu algum tipo de violência contra a mulher, verbal e até mesmo, física, começa com "desculpa àqueles que eu ofendi". Além de minimizar o pedido e mostrar que não há arrependimento, essa postura ainda minimiza o sentimento da mulher que foi vítima de violência.