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Maíra e Arthur têm hábitos alimentares diferentes: como driblar a questão?

Arthur Aguiar comendo pão no BBB 22 - Reprodução/TV Globo
Arthur Aguiar comendo pão no BBB 22 Imagem: Reprodução/TV Globo

Ana Bardella

De Universa

03/02/2022 04h00

Enquanto atividades corriqueiras, como ir a um restaurante, preparar um jantar em casa ou participar de uma data festiva em família são situações simples para muitos casais, para outros elas podem ser motivo de estresse, principalmente quando as duas partes têm hábitos alimentares muito diferentes.

O assunto das diferenças alimentares ficou em evidência com a participação do cantor Arthur Aguiar no "BBB 22". Seu consumo de pães, massas e doces foi motivo de críticas pela esposa Maíra Cardi, que atua como empresária no ramo do emagrecimento. Pelo Instagram, Maíra disse que Arthur sempre teve hábitos alimentares diferentes dos seus e que isso jamais foi um problema no casamento — mas que, após tomar medicamentos para emagrecer e não ter sucesso, o marido pediu sua ajuda para perder peso.

Maíra contou com a ajuda da sua equipe para propor mudanças da rotina do artista, através das quais ele teria perdido 9 kg. No entanto, durante o programa, Arthur voltou a ingerir os alimentos que haviam sido cortados da sua alimentação.

Arthur Aguiar comendo pão no BBB 22 - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Arthur Aguiar comendo pão no BBB 22
Imagem: Reprodução/TV Globo

Mas além de dietas para emagrecer outros hábitos e restrições alimentares podem atrapalhar a rotina de um casal. Quando só um deles restringe o que coloca no prato, isso pode levar a frustração e desentendimentos. Mas se a ideia é manter uma relação saudável, especialistas garantem que é possível chegar a um consenso. Entenda.

Escolhas diferentes geram conflitos?

Em entrevista a Universa, a nutricionista comportamental Marília Gabriella Santana relembra que a alimentação é parte fundamental de quem somos. "Ela faz parte da nossa cultura, da nossa infância e ancestralidade", diz. Por isso, conviver diariamente com alguém que não segue os mesmos padrões pode ser desafiador.

Imagine que um dos dois decide perder peso e, para isso, evita a pizza que até então era um costume de sexta à noite ou a sobremesa que o casal costumava dividir. Isso pode gerar frustração. Da mesma forma, conhecer alguém que não come carne ou derivados e apresentá-la para a família durante um churrasco de domingo pode ser fonte de preocupação.

Paloma se tornou vegana meses após morar com o marido, que não tem restrições alimentares - Acervo pessoal - Acervo pessoal
Paloma se tornou vegana meses após morar com o marido, que não tem restrições alimentares
Imagem: Acervo pessoal

Paloma Moreira, de 31 anos, mora em São Paulo e trabalha como criadora de conteúdo. Pelas redes sociais, ela publica receitas e dicas para pessoas veganas. Quando aderiu a este estilo de vida, no entanto, já estava casada — e seu marido permaneceu sem restrições alimentares.

"Nós estávamos morando juntos há pouco tempo e havíamos nos mudado para o Uruguai, um país onde a oferta de carnes, queijos e doces de leite é imensa. Então eu, que já tinha feito algumas tentativas de ser vegetariana sem sucesso, assisti a um documentário e cortei, direto, o consumo de todos os alimentos de origem animal. Isso gerou algumas discussões", relembra.

No entanto, com o passar do tempo eles conseguiram chegar a um acordo: como Paloma é quem mais cozinha em casa, eles decidiram que as refeições preparadas por ela seriam todas veganas — mas que sempre que o marido sentisse vontade de algo diferente poderia pedir os pratos ou fazê-los.

"Hoje em dia, já estamos engrenados. Eu passei me dedicar mais à cozinha, à experimentação de receitas, e com isso o consumo de alimentos de origem animal dele também diminuiu, apesar de não ter parado totalmente", aponta. No mercado, seu marido compra latas de atum e ovos. Por delivery, pede pratos com carne para entregar em casa.

E os restaurantes? No Uruguai, a situação era mais complicada: precisavam ligar antes de ir, para saber se era possível Paloma comer. Já quando retornaram ao Brasil, um ano e meio depois, conseguiram encontrar boas opções, tanto de restaurantes totalmente veganos, quanto de estabelecimentos que oferecem opções mistas.

O segredo, para ela, é não tentar mudar as convicções do outro. "Eu sei do histórico e dos hábitos alimentares do meu marido desde criança. Quem sou eu para determinar o que ele pode comer? Se um dos dois fizesse isso, o momento prazeroso, da comida, seria de discussão".

Por fim, reflete: "É imprescindível respeitar o espaço e a liberdade no casamento, não só no aspecto alimentar, mas em todas as áreas da vida. Quem é intolerante com a comida se torna intolerante em diversos outros assuntos".

Como evitar as brigas?

A nutricionista Marília Gabriella convida os casais a encararem as diferenças como uma oportunidade de aprenderem. "O primeiro passo é se interessar por aquilo que o parceiro acredita, e não partir do princípio de que ele vai querer mudar ou restringir o seu dia a dia", indica.

Para que todos se sintam confortáveis, ela aconselha dialogar sobre o que a comida representa para cada um. Muitas vezes, algo considerado "besteira", como um chocolate, pode ser uma fonte de conforto. Ou mesmo uma opção que era escassa na infância, por questões financeiras, mas que agora pode ser consumida à vontade.

A tomada final de decisão é individual, então vale usar a gentileza. "É saber respeitar o processo de cada um, sem dizer o que está certo ou errado, tirando o melhor que puder de cada situação. Se um é vegano, o outro só tende a se beneficiar do consumo de vegetais quando compartilhar um prato com ele. Já quem tem a restrição alimentar não precisa mudar, mas pode aprender sobre o que a carne representa para uma família e por que ela é consumida", afirma.

O único ponto de atenção, segundo Marília Gabriella, está relacionado aos sinais de transtornos alimentares. "Ao perceber que um parceiro sofre muito por causa do peso ou se cobra excessivamente com relação ao corpo, o melhor é conversar com ele e indicar o acompanhamento com um profissional especializado", finaliza.