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Aos 8 anos, Piovani sofreu abuso de vizinho: por que casos são tão comuns?

Luana Piovani falou a um programa português sobre os abusos que sofreu na infância Imagem: Reprodução / SIC

De Universa*

22/01/2022 15h47

Luana Piovani deu uma entrevista ao programa "Alta Definição", da emissora portuguesa SIC, neste sábado (22), e desabafou sobre um trauma que ela carrega desde a infância: aos oito anos, ela conta ter sido vítima de abusos sexuais praticados por um vizinho.

"Aconteceu duas ou três vezes. Na época, eu achava que tinha algo errado, desconfiava que aquilo não era certo. Porém, não era algo que eu achava que tinha que pedir socorro, contar para a minha mãe", disse.

Questionada pelo apresentador, explicou que o abusador era uma pessoa próxima. "Era nosso vizinho, eu tinha uns oito, nove anos", relembrou. A atriz ainda revelou que não teve coragem de contar para os pais. Na vida adulta, fez anos terapia e psicanálise e ainda assim não conseguiu desabafar sobre o tema. A primeira vez que tocou no assunto foi durante um programa apresentado por Xuxa Meneghel, em 2016.

No Brasil, casos como o de Luana, em que a vítima é uma criança e sofre o abuso por parte de alguém da família ou por uma pessoa de confiança são comuns: em maio de 2020, um levantamento apresentado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos mostrou que em 40% das denúncias de casos de violência sexual contra crianças ou adolescentes, o agressor é o pai ou padrasto da vítima.

Além disso, 9% deles são cometidos por tios e 7% por vizinhos. E entre as maiores vítimas de estupro no país estão as meninas: segundo estudo realizado pelo Unicef, a cada 15 minutos, uma menina de até 13 anos é estuprada no Brasil.

Como identificar o abuso sexual infantil?

Para identificar possíveis sinais de abuso sexual na infância ou adolescência, a delegada Milena Sapienza, que atua em uma Delegacia de Defesa da Mulher de São Paulo, sugere atenção a mudanças marcantes de comportamento.

"De uma forma repentina, a criança pode ficar mais retraída, quieta, reprimida. Em casos mais graves, a gente vê crianças e adolescentes que tentam até o suicídio. Em outros, a criança pode apresentar um comportamento mais sexualizado e fazer coisas que não são compatíveis com a idade dela. Houve um em que a criança começou a introduzir lápis de cor na vagina e mostrar para amigas. Coisas de cunho sexual que espantaram as professoras. E aí nós descobrimos que ela estava sofrendo abuso sexual."

De acordo com a delegada, crianças que evitam a presença de uma pessoa específica ou que, ao contrário, querem ficar muito tempo com um determinado adulto, também demandam atenção.

"Quando um conhecido, um tio, chega e a criança se esconde, não quer que ele a veja, isso deve ligar o sinal de alerta. O contrário também: se a criança quer ficar muito tempo com um adulto sozinha, em um quarto, por horas, é preciso se preocupar. Muitas vezes o adulto envolve a criança, fala que é namorado, que é segredo e pede a criança que não fale sobre o assunto para ninguém. É preciso sempre supervisionar para ter certeza de que há uma relação saudável entre o adulto e a criança, só de brincadeiras mesmo, sem cunho sexual.

Como denunciar um caso de abuso sexual infantil?

Para se informar sobre como proceder diante de uma situação de abuso sexual infantil, é possível ligar para o Disque 100, número do governo federal voltado a auxiliar e dar orientações em caso de violação aos Direitos Humanos. A ligação é gratuita e anônima.

Outra possibilidade é procurar os chamados Cras ou Creas (centros de referência em assistência social) da sua cidade. Nesse locais, é possível obter suporte psicológico, além de instruções sobre como agir.

Também se aconselha ir ao Conselho Tutelar de sua cidade ou o Ministério Público. Ambos têm obrigação de agir diante desse tipo de denúncia. Ou, ainda, registrar um boletim de ocorrência em uma delegacia de polícia ou fazer uma denúncia por meio do número 181. Caso haja uma emergência, é possível ligar para a Polícia Militar no 190.

* Com informações das reportagens: "Como identificar abusos sexuais contra crianças e o que fazer", publicada em julho de 2021, e "Unicef: a cada 20 minutos, uma menina de até 14 anos é estuprada no Brasil", publicada em outubro de 2021.

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