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Não é só religioso: Dia de Reis também é do astrólogo; entenda por quê

Astrologia está ligada a lado místico dos presentes dos Reis Magos - Rawpixel/Getty Images/iStockphoto
Astrologia está ligada a lado místico dos presentes dos Reis Magos Imagem: Rawpixel/Getty Images/iStockphoto

Claudia Dias

Colaboração para Universa

06/01/2022 04h00

6 de janeiro costuma ser lembrado como o Dia de Reis (ou Dia dos Santos Reis), mas pouca gente sabe que tal data é responsável pelo surgimento de outra: hoje também é o Dia do Astrólogo. Tá, mas o que elas têm a ver?

Para começo de conversa, vale revisitar a história cristã. Gaspar, Balthazar e Melchior, os três reis magos que chegaram até a manjedoura onde Jesus Cristo teria nascido, seguindo apenas uma estrela, revelavam-se mais magos do que reis.

Reis magos: história

"Eles eram sacerdotes, astrônomos e astrólogos. Naquela época, essas funções se fundiam. Aqueles que estudavam as estrelas eram considerados sábios, que acabavam trabalhando para a nobreza e os próprios reis", conta a astróloga Virginia Gaia.

O trio originário da Babilônia antiga era formado por intelectuais reverenciados, que estudavam as estrelas e os planetas, interpretando o que havia por trás dos eventos cósmicos. Com o tempo, convencionou-se chamá-los de reis apesar de, ao que tudo indica, nunca terem ocupado um trono.

"Eles cumpriam uma missão também espiritual, concebendo calendários, aconselhando sobre a gestão do reino e guiando o ser humano com base no céu", comenta Virginia.

Aviso no céu

Àquela época, acreditava-se que todo grande acontecimento no céu significava algum presságio. Quando viram algo muito brilhante - a hoje batizada Estrela de Belém -, atravessaram longas distâncias, recorrendo constantemente à linguagem dos astros para orientação geográfica.

"Vários astrônomos e astrólogos renomados, entre eles, o famoso Johannes Kepler, já se debruçaram em estudos sobre qual fenômeno celeste poderia ser relacionado à Estrela de Belém", conta a especialista.

O que era a "Estrela de Belém"?

As teorias apresentam várias alternativas: uma das mais "aceitas" é de que se tratava de uma conjunção - quando dois corpos celestes são vistos no céu, bem próximos um do outro - entre os planetas Júpiter e Vênus ou, ainda, entre Júpiter e Saturno.

Outra hipótese acolhida por muitos é de que a Estrela de Belém era, na verdade, a luz do nascimento de uma nova estrela, evento que não costuma ser muito brilhante. Naquela ocasião, porém, foi suficiente para ser avistada pelos reis magos a partir de Jerusalém, de onde partiram em direção a Belém, não muito distante dali.

"Também há a possibilidade de que tenha acontecido a passagem de um cometa, mas não há nada conclusivo", observa Virginia Gaia.

Os presentes

Apesar de os presentes oferecidos pelos três reis magos serem associados na história à origem de cada um deles - Melchior era da Pérsia; Gaspar, da Índia; e Baltazar, da Arábia -, a astróloga paulistana lembra que os itens são símbolos mágicos, descritos na literatura sobre magia e alquimia.

"O ouro representa o poder concedido e é símbolo de nobreza. O incenso simboliza a capacidade de levar a palavra e espalhar a fé. Já a mirra era utilizada em rituais fúnebres, embalsamentos e unção de reis e líderes", esclarece.

Com tais associações, nada mais óbvio, então, que o Dia do Astrólogo ser lembrado justamente na data em que são celebrados os antigos sábios, apesar de toda conotação religiosa que o Dia de Reis ganhou com o passar dos anos.