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Compra por impulso ou necessidade? Como não ter prejuízo na Black Friday

Expectativa é de que as vendas da Black Friday deste ano batam o recorde de 2020  - iStock
Expectativa é de que as vendas da Black Friday deste ano batam o recorde de 2020 Imagem: iStock

Júlia Flores

De Universa

26/11/2021 08h50

Em 2020, por causa do isolamento social, a maior parte das vendas da Black Friday — normalmente na última sexta-feira de novembro, quando comércios de diferentes setores realizam saldos e promoções — foram realizadas online. De acordo com levantamento da Neotrust, houve um crescimento de 31% no volume de vendas nessa data em relação à de 2019.

A previsão é de que neste ano a data comemorativa, que cai nesta sexta-feira (26), bata o recorde de faturamento de 2020 (R$ 5,1 bilhões) e mais consumidores realizem compras de olho nas promoções.

Propagandas estão inundando as lojas físicas e as plataformas digitais para seduzir os clientes. Se você usa Instagram ou qualquer outra rede social, já deve ter sido impactada pelas ofertas. Para ajudar a controlar os gastos e não estourar o limite do cartão de crédito, conversamos com dois especialistas que dão dicas para evitar as compras sem necessidade.

Impulso x necessidade

A influenciadora digital, especialista em finanças e colunista do UOL Júlia Mendonça explica o que é uma compra por necessidade: "É aquela em que você adquire um produto que realmente necessita, algo que já está de olho há algum tempo. Você fez pesquisa de mercado, sabe qual é o melhor e porquê. Por exemplo, você está reformando a casa e está pesquisando para comprar o forro, o teto e o revestimento. Essa compra é uma necessidade, a do sofá novo, não".

Nem sempre é fácil diferenciar uma compra por necessidade de outra por impulso. "Às vezes a diferença é gritante, mas em outros casos ela pode ser sutil. A pessoa que age por impulso simplesmente vai lá e compra o produto sem pensar. Ainda mais se for uma promoção. Ela não se dá conta das necessidades de curto prazo e de como aquele gasto pode pesar no bolso", diz a especialista.

Alguém que é impulsivo vai ao shopping para pagar um boleto na lotérica, passa na frente de uma loja em promoção e compra sem ter necessidade Julia Mendonça, influenciadora digital no ramo de finanças

Para Gabriel Rossi, especialista em Marketing, sociólogo e professor da ESPM e da USP-Esalq, todo esse frenesi em torno da Black Friday é um reflexo dos nossos tempos. "Na sociedade capitalista, consumir é visto como mais do que comprar algo. É como se o que você compra te definisse enquanto ser. Daí o impacto da Black Friday ser tão grande", afirma. "O que mais salta aos olhos é que a própria data virou uma experiência de mercado. As pessoas esperam ansiosas pela chegada deste dia, elas querem comprar, entrar na onda e chegam até a criar memes sobre o dia", acrescenta o pesquisador.

Como controlar o bolso na Black Friday?

O especialista em marketing ressalta a importância de, além de pesquisar o produto, procurar saber sobre a marca que está por trás daquela mercadoria, se a empresa possui responsabilidade social e ambiental ou não, se ela é bem avaliada por outros clientes etc.

"Existem claros apelos para que a gente consuma, mas é sempre importante ter consciência social e ambiental. Temos que nos questionar se aquele produto fará diferença no nosso dia-a-dia ou se estamos apenas em busca de um prazer momentâneo", pontua.

Durante a pandemia, o universo digital viveu um boom de negócios. Marcas que até então existiam apenas na esfera física tiveram que migrar para o mundo online. Para Júlia Mendonça, isso influenciou ainda mais as compras por impulso. "É mais fácil se descontrolar em e-commerces do que na vida real. As propagandas são mais apelativas, é mais rápido, você nem precisa sair de casa. Tem o lado bom, é claro: a competição entre lojas ficou maior, os preços caíram e os prazos de entrega diminuíram. Por outro lado, descontar o mau humor no cartão virou quase um hobby", brinca.

Ela dá dicas para controlar o bolso e realizar compras "responsáveis" durante esse período.

Faça essas três perguntas: 'Eu preciso disso? Preciso disso agora? Posso pagar por isso?' Se você disser não para alguma dessas coisas, você não tem necessidade do produto. Julia Mendonça, influenciadora digital no ramo de finanças

A especialista também orienta os consumidores a fazerem uma lista dos produtos que pretendem comprar no período, dividida por categoria de necessidades. "Se você suprir sua primeira necessidade, você pode ir para a segunda e assim por diante."

Mas, calma! Com responsabilidade também dá para se entregar ao desejo de comprar uma "blusinha" ou outra. Pode né, Júlia? "Sim, mas opte por coisas que não vão pesar no bolso. É claro que a vida não é apenas necessidade, só que é preciso atenção para que isso não vire um padrão de comportamento. Depois que você aprender a colocar limites e medir as finanças, você vai conseguir fazer essas pequenas concessões — e sem prejuízo".