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Influenciadora agredida aguarda audiência em dezembro: 'Medo de represália'

A influenciadora Heloísa Gomes, de 37 anos - Reprodução/Instagram
A influenciadora Heloísa Gomes, de 37 anos Imagem: Reprodução/Instagram

Mariana Gonzalez

De Universa

16/11/2021 04h00

Mais de dois anos após ser agredida pelo empresário Otto Resende Vilela Filho em um restaurante japonês na zona oeste de São Paulo, a influenciadora Heloísa Gomes, 37 anos, verá seu agressor no banco dos réus: a audiência foi marcada nesta semana e ocorrerá em 7 de dezembro.

"Angústia, dor e medo de represálias", mas também "alívio, sensação de estar correndo uma maratona e alguém me passar um copo de água". É assim que Heloísa descreve a Universa a sensação de ver o empresário ser julgado por tê-la atingido com um soco na cabeça, que a derrubou sobre a mesa —as imagens foram gravadas por câmeras de segurança.

Na época em que denunciou a agressão, em 2019, Heloísa contou à polícia e a Universa ter recebido ameaças de Otto e uma série de ataques de perfis fakes em suas redes sociais. Agora, em nova entrevista, ela diz que as ameaças seguiram por dois anos e que, inclusive, teria recebido mensagens dele no último sábado, dia em que a audiência foi agendada.

Otto não é mais réu primário: ele já foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a cinco meses de detenção por agressão —mas, como na época não tinha antecedentes criminais, a pena foi substituída por multa.

'Ainda luto contra pânico e depressão'

Dias depois do ocorrido, em entrevista a Universa, Heloísa contou que estava jantando com um casal de amigos quando Otto teria se aproximado e perguntado "se ela era puta" —o relato consta, também, no boletim de ocorrência registrado na 2ª Delegacia da Mulher de São Paulo, em dia 15 de setembro de 2019.

Como contou à polícia e a Universa, ela teria mudado de mesa três vezes e pedido que ele se afastasse, caso contrário jogaria bebida nele. Imagens mostram que Heloísa cumpriu a ameaça, jogando o líquido que estava em seu copo no rosto de Otto, que na sequência a agride com um soco.

Na época, por conta das ameaças, Heloísa foi orientada a sair de São Paulo, o que, segundo ela, em nova entrevista a Universa, realizada nesta semana, "zerou as conexões profissionais" e a obrigou a fechar sua marca, a Coletivo Lírico, posteriormente reaberta. Ela conta, ainda, ter passado "meses de cama".

O episódio ocorrido há dois anos continua impactando sua saúde: "Atualmente, faço acompanhamento com dois médicos psiquiatras e com um psicanalista. Ainda luto com crises de depressão, transtornos de pânico e insônia, além de tremores constantes".

'Denunciar é doloroso, mas é necessário'

Heloísa diz que o processo de levar adiante uma denúncia de violência é "muito doloroso e repetitivo", mas diz que foi muito bem orientada na Delegacia da Mulher e é enfática ao recomendar que outras mulheres vítimas de agressão façam o mesmo.

É tudo muito doloroso e repetitivo: descrever o ocorrido para o escrivão, depois novamente para a delegada, voltar à delegacia para representar o crime, fazer exame de corpo de delito —e o meu foi feito por um homem, o que é muito humilhante.

Ela continua: "As pessoas tentam colocar a culpa na vítima. Fazem toda sorte de perguntas invasivas e opressoras. Parece um filme de terror sem cena final".

Heloísa espera que Otto seja condenado e "que o juiz mostre para ele que não se bate em mulher".

Outro lado

Procurados, os advogados de defesa de Otto Resende Vilela Filho disseram, em nota, que ele "apenas reagiu a uma injusta provocação" e que "aguarda o desenrolar do processo com tranquilidade". Leia na íntegra:

"Otto Resende Vilela Filho respeita a justiça e aguarda o desenrolar do processo com tranquilidade. Ao contrário do que a matéria afirma, Otto é primário, pois a sua defesa recorreu da imposição de prestação de serviços à comunidade. Otto jamais ameaçou alguém. No caso, apenas reagiu a uma injusta provocação e isso estava devidamente provado nos autos."