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Live reúne mulheres que inovaram na luta contra o câncer de mama

Patrícia Junqueira

Colaboração para Universa

04/11/2021 04h00

Na primeira da maratona de lives com as finalistas do Prêmio Inspiradoras 2021, a importância da ciência da teoria até a aplicação prática foi o personagem principal.

As pesquisadoras Dirce Maria Carraro e Maria Elisa Rostelato e a mastologista Hilka Espírito Santo, finalistas da categoria Inovação em Câncer de Mama, apresentaram seus trabalhos e fizeram pontes entre suas ações na luta contra a doença.

O bate-papo, mediado pela jornalista Giuliana Bergamo, começou com Dirce explicando sua pesquisa sobre o papel das alterações genéticas no desenvolvimento do câncer. O estudo da geneticista buscou identificar o grupo de mulheres com risco maior de ter mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, que podem causar o tipo de câncer de mama chamado de triplo negativo. Trata-se de um tumor agressivo, que acontece principalmente em mulheres mais jovens e tem alto risco de metástase.

Apesar de os casos da doença relacionados a fatores genéticos não serem a maioria, é importante que a mulher tenha acesso a essa informação, explica a pesquisadora. "Existem medidas profiláticas que diminuem drasticamente o risco de desenvolvimento do câncer de mama", contou Dirce.

A física Maria Elisa, que trabalha com radiação há 44 anos e produz fontes radioativas para tratamento de câncer, produziu, com sua equipe, um dispositivo radioativo que é implantado diretamente no tumor. "Chamamos de 'sementinha'. É uma fonte radioativa metálica do tamanho de um grão de arroz para marcar tumores de mama chamados de não palpáveis, com menos 1 centímetro", diz. Ela explica que em casos de tumores pequenos, os médicos têm dificuldade de localizar o ponto exato durante a cirurgia. Com a sementinha, o cirurgião consegue achar o local exato onde há tecido doente.

O dispositivo tem papel importante nos casos das cirurgias conservativas, ou seja, aquelas que buscam manter parte da mama em pacientes que não têm alterações genéticas. "Ele permite que o médico seja o mais certeiro possível, para mutilar o mínimo possível a mulher".

"Queria que todas as mulheres tivessem acesso a essas tecnologias", disse a mastologista Hilka, que mora em Manaus. Atuando na linha de frente, a médica se viu com um problema sério em janeiro deste ano, quando o sistema de saúde do Amazonas entrou em colapso por causa da pandemia de Covid-19.

Naquele momento, quando todas as cirurgias que não eram consideradas urgentes foram suspensas, Hilka tinha uma fila de quase 30 pacientes aguardando para serem operadas. "Eu tinha pacientes que eram triplo negativo, pacientes com tumores avançados cujo tratamento não tinha tido resposta satisfatória e precisavam ser operadas com a máxima urgência".

A médica, então, organizou uma força-tarefa que conseguiu levar 22 pacientes com entre 25 e 64 anos, divididas em três grupos, para serem operadas em outros estados.

As três finalistas falaram da importância de ver o resultado prático de seu trabalho e da gratificação por poder ajudar outras pessoas. "Você saber que alguma coisa que você fez está servindo para melhorar a vida de alguém não tem preço", disse Maria Elisa ao relembrar de uma ocasião em que teve a oportunidade de conhecer uma paciente que usou sua sementinha. "Uma pessoa que seja que a gente ajuda já é muito", completou Hilka.

Conheça a seguir as finalistas e a programação das próximas lives.

04/11: Informação para a vida

Durante o encontro, as finalistas vão compartilhar a histórias de iniciativas que facilitam o acesso a exames e tratamento para o câncer de mama e também suas experiências pessoais com a doença.

Amanda Maria de Almeida

Comanda a Associação Areias Saúde e Cidadania (AASC), em Areias, bairro de Recife (PE), que tem como principal foco conscientizar sobre o câncer de mama e dar assistência a mulheres que precisam realizar tratamentos e exames diagnósticos.

Carmen Zanotto

São dela duas leis (de 2013 e 2020) que garantem agilidade no atendimento ao câncer estipulando prazos máximos para o início do tratamento e a realização da biópsia para confirmação de que há ou não a doença.

Jussara Del Moral

Ela tem câncer metastático há doze anos e compartilha experiências e informações acuradas sobre o tema em seu canal do YouTube SuperVivente, que tem 11,8k de assinantes.

05/11: Representante Avon

Entre as cerca de um milhão de empreendedoras que fazem parte da rede Avon, há diversas líderes comunitárias e mulheres que estão à frente de iniciativas de impacto social. Neste encontro, três delas vão contar sobre o que fazem e o que esperam para o futuro.

Bruna Rafaella dos Santos

Criou rodas de conversas para dar suporte a mães da comunidade e conscientizar sobre violência doméstica e sororidade.

Cyda Silva

Arrecadou cerca de 650 mechas de cabelo para fazer perucas doadas a mulheres e crianças em tratamento de câncer e outras doenças.

Marielle Rezende


Criou um projeto para empoderar as mulheres que trabalham na coleta de material reciclável em Poços de Caldas (MG).

09/11: Conscientização e acolhimento

Live com finalistas da categoria

Carol Santos

Fundou o movimento Inclusivass para cobrar os direitos das mulheres com deficiência. Com o movimento, já conseguiu, por exemplo, garantir acessibilidade em alguns locais que acolhem mulheres vítimas de violência doméstica em Porto Alegre.

Dandara Rudsan

Fundou o Nepaz, um núcleo que acolhe mulheres vítimas de violência. Desde 2019, já prestou atendimento a 294 mulheres, principalmente vítimas de homotransfobia e violência doméstica.

Elizângela Baré

Conseguiu ampliar o alcance do Departamento de Mulheres e, desta forma, levar auxílio, capacitação e informação a mais mulheres indígenas do Alto Rio Negro. Ela fez parcerias para a produção e larga distribuição de uma cartilha sobre violência doméstica e sexual.

10/11: Acesso à Justiça

As finalistas vão contar sobre as iniciativas que contribuam para promover, dentro dos sistemas jurídico e legislativo, a emancipação das mulheres e meninas em situação de violência.

Anne Wilians e Gabriela Manssur

Em 2020, a dupla criou o Justiceiras, uma rede de apoio online que ajuda mulheres em situação de vulnerabilidade oferecendo orientação jurídica, psicológica, socioassistencial, médica e escuta ativa através das redes sociais.

Lívia Sant'Anna Vaz

Ela concentra seu trabalho na defesa dos direitos das mulheres negras.Criou o Mapa do Racismo e da Intolerância Religiosa, um aplicativo que leva as denúncias desse tipo de crimes diretamente ao Ministério Público da Bahia (MP-BA).

Myllena Calasans

Atua na articulação entre o Consórcio Lei Maria da Penha e o poder público, especialmente o Congresso, vigiando e agindo em defesa da Lei Maria da Penha para evitar que ela seja enfraquecida.

11/11: Equidade e Cidadania

As candidatas da categoria vão apresentar suas iniciativas que promovem a equidade de gênero e a autonomia das mulheres.

Luiza Batista

Á frente da Fenatrad, ampliou o debate sobre maneiras de combater o trabalho doméstico análogo à escravidão. Também articulou a realização de um curso sobre direitos trabalhistas pelo WhastApp, já feito por 700 empregadas domésticas de vários estados.

Selma dos Santos Dealdina

Organizou o livro Mulheres Quilombolas, que teve a participação de mais 17 mulheres.. Essa é a primeira publicação que deu destaque à voz feminina quilombola. Mais de 2,6 mil cópias do livro já foram vendidas.

Watatakalu Yawalapiti

Como coordenadora da Atix-Mulher, viabilizou projetos de produção sustentável de produtos importantes para a cultura e a renda das famílias indígenas. Também construiu a primeira Casa das Mulheres no Xingu.

12/11: Esporte e Cultura

Nesta conversa, atletas e artistas contam como usam seus talentos para fazer reverberar conscientização sobre equidade de gênero e de raça.

Aretha Duarte

Para cobrir parte dos gastos com a viagem ao Everest, ela coletou materiais recicláveis durante 13 meses. Ao todo, foram 130 toneladas arrecadadas. No dia 23 de maio de 2021, ela se tornou a primeira negra latino-americana a atingir o topo do Everest.

Cherna

Depois de sofrer ataques na internet por ser a única mulher indicada como melhor jogadora de Rainbow Six, criou a Associação Feminina de Gaming Brasil para apoiar outras mulheres ciberesportivas com suporte psicológico, jurídico e de treinamentos.

Mel Duarte

Ela tem cinco livros publicados e seus poemas que trazem empoderamento negro e feminino. Também foi a primeira mulher a vencer a competição internacional Rio Poetry Slam. Ela é ainda uma das fundadoras do Slam das Minas em São Paulo.

Sobre o Prêmio Inspiradoras 2021

O Prêmio Inspiradoras 2021 é promovido pelo Universa, plataforma feminina do UOL, e o Instituto Avon, organização da sociedade civil que realiza ações e apoia projetos para fortalecer a mulher brasileira.

O foco da premiação está em três principais causas: violência contra a mulher, câncer de mama e equidade de gênero. Cada causa é representada em duas categorias e há ainda uma categoria para representantes Avon que realizam trabalhos de impacto social.

Durante o mês de outubro, todas as finalistas foram reveladas e a votação online está aberta para o público em geral. Além disso, um corpo especializado de jurados será convidado a escolher as vencedoras. Os nomes delas serão revelados em um evento marcado para o dia 23 de novembro. Haverá também menção honrosa a uma mulher que tenha se destacado no enfrentamento à covid-19.

O Prêmio Inspiradoras é uma iniciativa de Universa e Instituto Avon, que tem como missão descobrir, reconhecer e dar maior visibilidade a mulheres que se destacam na luta para transformar a vida das brasileiras. O foco está nas seguintes causas: enfrentamento às violências contra mulheres e meninas e ao câncer de mama, incentivo ao avanço científico e à promoção da equidade de gênero, do empoderamento econômico e da cidadania feminina.