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Mãe com câncer emociona em vídeo em que raspa a cabeça com ajuda das filhas

Mariana com as filhas Giovanna, de 8 anos, e Beatriz, de 6, momentos após ela raspar a cabeça - Arquivo Pessoal
Mariana com as filhas Giovanna, de 8 anos, e Beatriz, de 6, momentos após ela raspar a cabeça Imagem: Arquivo Pessoal

Maurício Businari

Colaboração para o UOL, em Santos

28/10/2021 14h17Atualizada em 28/10/2021 20h24

A fisioterapeuta Mariana Fernandes dos Santos, de 37 anos, comoveu seus seguidores com um vídeo em que mostra sua realidade no tratamento contra um câncer. Diagnosticada pela segunda vez com um tumor na mama - ironicamente sua área de atuação na fisioterapia -, ela precisou recorrer à quimioterapia e seus cabelos começaram a cair. Mariana decidiu, então, gravar um vídeo onde raspa a cabeça com a ajuda das filhas, para incentivar outras mulheres e mães a lidarem com a doença.

"Eu prometi para mim e para vocês que eu iria lidar [com a doença] da melhor forma possível. É isso", diz ela na abertura do vídeo. Na sequência, com imagens em preto e branco, como se quisesse deixar claro que essa situação já está sendo tratada como algo que ocorreu no passado, ela mostra como os cabelos estão caindo por conta dos remédios do tratamento.

A cor retorna às imagens enquanto ela abraça as filhas Giovanna, de 8 anos, e Beatriz, de 6. Com a ajuda delas, Mariana começa a cortar com a tesoura os cabelos louros. Sempre sorrindo, se divertindo muito, ela e as meninas então usam uma máquina para remover o resto do cabelo.

Apesar da alegria no momento da gravação, Mariana, que mora com o marido e as filhas num apartamento no bairro do Embaré, em Santos, litoral de São Paulo, contou ao UOL que receber um diagnóstico de câncer não é algo fácil.

O medo toma conta da gente, muitas minhocas passam na nossa cabeça. Ainda mais para mim, que tenho duas filhas pequenas. Mas diante dessa tempestade, só temos duas escolhas. Se afundar ou encarar. E eu estou encarando da melhor forma possível.

Mariana é a quarta mulher da família diagnosticada com câncer de mama antes dos 40 anos. O primeiro diagnóstico veio em 2020. Ela teve que se submeter a uma mastectomia bilateral e a um tratamento com hormônios. Em 2021, os nódulos voltaram, de forma mais agressiva. Ela passou por uma cirurgia e agora está fazendo quimioterapia. Passada essa etapa, ela ainda terá que fazer radioterapia e retomar o tratamento com hormônios.

Eu tive o diagnóstico do primeiro câncer de mama no auge da minha vida, aos 35 anos. Eu estava muito feliz e me sentia muito bem. Ano passado, no primeiro dia de férias com a família, resolvi fazer o autoexame [eu fazia todo mês] e descobri o nódulo. Fiquei apavorada e tinha certeza que estava com câncer.

A doença, afirma Mariana, aconteceu por "pura ironia do destino''. Isso porque ela é fisioterapeuta especializada em saúde da mulher e câncer de mama. Até o trabalho de conclusão de curso, na faculdade, foi sobre esse tema.

Dessa ironia, porém, Mariana decidiu planejar um projeto sólido. Ela queria compartilhar sua experiência com outras mulheres, incentivá-las à realização do autoexame periodicamente, e ajudá-las a enfrentar a doença. Assim nasceu o canal Anjo Rosa, no YouTube. Com o tempo, o projeto cresceu e parte dele migrou também para o Instagram, no perfil @mari.anjorosa.

Tempo para se preparar

Após o segundo diagnóstico, o médico deu a Mariana duas semanas para que ela se preparasse emocionalmente, antes de iniciar a quimioterapia. Ele a avisou da queda dos cabelos. Ela então iniciou essa preparação e comprou lenços, bonés e chapéus. Temia não gostar de se ver careca. Mas, assim que se viu sem os cabelos, seu temor se dissipou. Ela adorou o resultado. Assim como o marido e as filhas.

A fisioterapeuta, antes e depois de raspar a cabeça por conta da quimioterapia - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
A fisioterapeuta com as filhas
Imagem: Arquivo Pessoal

"No primeiro dia careca, minhas filhas acharam horrível, nós rimos muito disso. Eu as preparei também, expliquei que eu estava tomando remédios para ficar boa e que por isso os cabelos iriam cair. Elas foram se acostumando com a ideia".

O apoio do marido, o empreendedor Diego Santos, de 38 anos, também foi muito importante para que ela se sentisse preparada para enfrentar a doença. "Quando fiz a mastectomia e retirei o mamilo, ele disse que eu estava linda mesmo sem ele. Que se eu não quisesse reconstruí-lo, não tinha problema nenhum", afirma Mariana.

Ele me apoia, me ajuda, incentiva em tudo o que faço. Agora, que estou careca, ele falou: 'Mari, você está linda assim. Depois que tudo passar, se quiser continuar carequinha, eu vou amar. Eu te amo de qualquer jeito e sempre vou estar ao seu lado'. Esse apoio tem sido fundamental para que eu siga com coragem e bom humor rumo à cura.

Mariana acredita que, com o seu exemplo, ela pode ajudar muitas mulheres que enfrentam dificuldades e dissabores por conta da doença. Por isso, pretende continuar com o projeto Anjo Rosa, gravando vídeos e realizando postagens de incentivo.

"O câncer de mama não escolhe idade, classe social ou raça. Na maioria das vezes, ele é silencioso. O diagnóstico precoce é sempre o melhor caminho", alerta a fisioterapeuta. "Então, se você é mulher como eu, não tenha medo. Faça o autoexame regularmente e também os exames de imagem. Quem procura, acha. Mas quem acha, cura."