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Lorena Improta: 'Sem exemplos de maternidade real, ficamos desamparadas'

Lorena Improta: 'Acompanhei muitas famosas durante a gestação, mas não via relatos tão verdadeiros sobre a rotina de uma grávida' Imagem: Divulgação

Ana Bardella

De Universa

16/10/2021 04h00

Lorena Improta vive um momento de felicidade, mas também de cansaço: dedicando-se aos cuidados com a filha Liz, que nasceu há menos de um mês, no dia 26 de setembro, a dançarina e influenciadora vem dividindo com os mais de 11 milhões de seguidores no Instagram as dores e delícias da maternidade.

Casada com o cantor Léo Santana, ela reconhece que tem uma rede de apoio ampla — algo que considera um privilégio — mas nem por isso escapa dos desafios de aprender a ser mãe. Há dias, desabafou com o público sobre a melancolia, um sentimento que costuma atingir as mulheres no puerpério.

Além disso, busca encaixar na rotina momentos para entrar ao vivo nas redes e conversar com outras mães sobre questões que vão desde amamentação até a vida sexual da mulher com filhos. "Acompanhei muitas famosas durante a gestação, mas não via relatos tão verdadeiros sobre a rotina de uma grávida", conta. No quadro semanal "Ajude uma Mamãe" no IGTV, que vai ao ar toda quinta-feira, promove conversas a respeito da maternidade, seus tabus, desafios e romantizações.

Na entrevista a seguir, ela conta a Universa seus aprendizados após as primeiras semanas de nascimento do bebê:

UNIVERSA: Sabemos que a maternidade é muito romantizada. A ideia que você tinha de ser mãe bate com a prática?
LORENA IMPROTA: Eu acompanhei muitas famosas durante a gestação, mas não via relatos tão verdadeiros sobre a rotina de uma grávida, talvez até pela própria rotina delas. Mas isso fez com que eu não tivesse uma noção real de como é gestar e nem sobre o pós-parto. A sensação que eu tinha era de que era tudo muito tranquilo. Aí, quando aconteceu, passei os nove meses enjoando. Sei que algumas mulheres não sentem tanto, mas a maioria sente, só não fala.

Por que falar sobre maternidade nas redes sociais?
Falo sobre a maternidade da forma como ela se apresenta na minha realidade. É horrível começar a passar por certas situações e se comparar.

A falta de exemplos faz você se sentir desamparada. Por isso minha ideia é falar bastante sobre o pós-parto e ajudar outras mulheres a entenderem os processos.

Pensar que não viu a mesma coisa acontecer com essa ou aquela pessoa. Muitas vezes, pode ter acontecido o mesmo com ela, só que ela preferiu não mostrar.

Como está sendo a adaptação da rotina com a Liz?
A primeira semana foi bem mais difícil. A gente não se conhecia de fato, mas com o tempo fomos nos entendendo melhor. Hoje já conseguimos identificar os incômodos dela, se quer mamar ou se o choro é por outros motivos. Tenho certeza de que com o tempo vamos nos conhecer bem mais e as coisas vão ficando mais fáceis. Por enquanto ela ainda não tem uma rotina de sono, mas dorme bastante. É um bebê tranquila.

Teve dificuldades na amamentação?
O primeiro leite que sai, chamado de colostro, é mais grossinho e não sai tão facilmente. Como a Liz mama muito, o peito assa e não tem tempo de se recuperar. Por causa de uma mordida dela, também fiquei com um machucado. Fiz quatro ou cinco sessões de laser para ajudar na cicatrização, mas optei por não usar pomada.

O que fiz foi começar a ordenhar o leite para aumentar o período de descanso entre as mamadas. Então, durante o dia ela fica no peito e à noite damos o leite através de uma sondinha. Isso também me ajuda a dormir, porque, se a mãe não dorme o suficiente, isso atrapalha na produção do leite.

Você fez uma live dizendo que estava um pouco afastada das redes por que estava se sentindo melancólica. Era baby blues?

Lorena Improta com o marido Léo Santana e a filha, Liz Imagem: Reprodução / Instagram

Na verdade eu evitei a nomenclatura porque algumas pessoas dizem que o baby blues só acontece depois de um determinado período após o nascimento do bebê e a melancolia que eu senti veio logo que cheguei em casa, no terceiro dia de vida da Liz. Mas sei que muitas mulheres passam por isso.

É um conflito de sentimentos: você está muito feliz e ao mesmo tempo triste por entender que a mulher que existia antes não existe mais. Assim que identifiquei, comecei a administrar a situação com terapia.

Além disso, uma médica me receitou remédios homeopáticos para lidar melhor com as emoções.

Como foi o seu parto?
Foi um parto normal, mas longo. Demorei um pouco para conseguir os centímetros de dilatação necessários, mas considero que foi tranquilo. Trabalhei muito a minha cabeça antes. Acho que, quando você já sabe que vai sentir dor, cria um limite maior para poder suportar. E, principalmente, entende que a dor é uma ferramenta para que seu filho venha ao mundo, o que ajuda bastante.

Por ser uma pessoa pública, muito do que você posta nas redes sociais sobre a sua filha é replicado como notícia. Isso te incomoda?
Não, porque eu entendo que a minha vida é exposta e estou ali para compartilhar minha realidade, o dia a dia, a minha vida. Só incomoda quando as notícias são distorcidas ou quando não entendem o que estou querendo dizer e me julgam.

Eu canso de falar que tenho uma rede de apoio e sou privilegiada por causa disso. Sei que muitas mulheres passam pela maternidade sozinhas e eu as valorizo muito. Mas, nos comentários é sempre gente criticando: 'Imagina se não tivesse toda essa ajuda?', como se eu não reconhecesse o valor de quem não tem.

Muitas mães se cansam com os palpites de terceiros sobre a educação da criança. Por ter milhões de seguidores, isso te afeta mais?
Eu recebo vários palpites mesmo [risos]. Mas tento seguir as médicas que me acompanham, para não enlouquecer. Querendo ou não, na internet nós recebemos muitas opiniões. Entendo que a intenção é ajudar, mas procuro escutar mais minha mãe e os profissionais. Termino filtrando muito para focar só em quem conheço e confio.

Lorena Improta Imagem: Reprodução / Instagram

Já vi pessoas te questionando sobre dietas no Instagram. As mudanças no corpo são uma questão para você agora?
Estou focada em Liz. Realmente, não me preocupei com o corpo. Ele voltou ao que era antes sozinho. Eu já perdi o peso que adquiri, mas não faço dieta atualmente. No máximo, retirei alguns alimentos do cardápio por desconfiar de que ela tenha alguma alergia ao soro da vaca. De resto, estou tranquila e tentando não expor demais meu corpo, porque sei que muitas mulheres têm dificuldades e sofrem pela questão da imagem depois de se tornarem mães. No meu caso, foi mais genética do que treino, massagem ou alimentação. Até porque, eu sinto que só durmo e amamento [risos].

Minha saudade é de dançar, mas os médicos só me liberaram para voltar depois de 45 dias e vou seguir as recomendações.

Como tem sido a convivência com o Léo desde a chegada da Liz? Mudou algo na relação?
Ele é um parceiro, tem ficado preocupado comigo e foi fundamental para que eu melhorasse aquela melancolia. Procuro incluí-lo em todas as tarefas dela, mesmo nessa época em que o peito é tão importante. Ele dá banho, remédios, troca a roupa. Assim dividimos as funções e ele se sente parte de todo o processo, inclusive está sempre aberto para isso. Quando chega em casa, pergunta se já comi, se preciso de algo. A Liz veio para fortalecer nosso elo, estamos nos descobrindo como pais e graças a deus estamos muito felizes.

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