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Preta Gil fala sobre empoderar mulheres negras: 'pela música e atitude'

De Universa

29/09/2021 04h00

Convidada do programa Preto à Porter desta semana, Preta Gil conversou com o diretor e roteirista Rodrigo Pitta sobre música, autoestima, ancestralidade e miscigenação no Brasil.

A cantora de 47 anos é filha de um homem negro, Gilberto Gil, e de uma mulher branca, Sandra Gadêlha, por isso se refere a si mesma como "mestiça", mas diz que sempre se identificou como uma mulher negra.

"O [nome] Preta é responsável pela minha força, pela minha personalidade. Eu sou uma mulher mestiça, que me considero preta. Sempre me considerei preta não só pelo meu nome mas pela minha ancestralidade, pela figura do meu pai, da minha família. Conforme fui crescendo, entendi que estava misturado, mas sempre me senti preta."

Preta lembra, também, que se descobriu como cantora e decidiu seguir carreira na música aos 28 anos, e que se dedica a empoderar mulheres negras "pela música e pela atitude".

A cantora é mãe de Francisco Gil, que é cantor e compositor. Questionada sobre a ancestralidade que carrega e que transmite a ele e à neta, Sol, Preta contou que a miscigenação é "uma questão polêmica" na família.

"A ancestralidade pode ser mais forte do que a sua aparência ou a cor de pele. Francisco é ainda mais embranquecido que eu, porque é filho de uma mulher mestiça com um homem branco [o jovem é filho de Preta com o ator Otávio Müller], e essa é uma questão polemica na nossa família, pelo fato de o meu pai ter se casado com mulheres brancas [Sandra, mãe de Preta, e Flora, atual esposa] e ter tido filhos mestiços".

Preta continua: "Mas isso é muito o que é o Brasil, fruto dessa perversidade, mas a gente tem que ressignificar para que não traga somente dor e raiva do resultado da miscigenação no Brasil".