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Dia Mundial da Deusa destaca energia do Sol em Virgem. Veja como comemorar

Dia Mundial da Deusa é neste domingo, 5 de setembro - Engin Akyurt/Unsplash
Dia Mundial da Deusa é neste domingo, 5 de setembro Imagem: Engin Akyurt/Unsplash

Camila Eiroa

Colaboração para Universa

05/09/2021 04h00

Todo primeiro domingo de setembro é considerado o Dia Mundial da Deusa, que recebe homenagens em diversos países — inclusive no Brasil — por quem a cultua. Estamos falando de pagãos, praticantes de bruxaria tradicional, moderna e até mesmo da Wicca, reconhecida oficialmente como a religião da Deusa.

Mas que Deusa é essa? Para as antigas religiões, ela é a grande criadora de tudo, sendo representada pela própria Terra. Mirella Faur, uma importante autora referente ao sagrado feminino, diz, em seu "Anuário da Grande Mãe", que ela representa a totalidade da criação e a unidade da vida. "Ela é imanente, existe e reside em todos os seres e em todo universo. Ela é intrínseca à força da vida, aos ciclos da natureza e aos processos de criação".

Ainda que hoje a espiritualidade dominante cultue um Deus masculino, por cerca de 30 mil anos a suprema divindade do planeta era uma mulher, a Deusa, que ficou conhecida por inúmeras manifestações e nomes. "Ela é o princípio da criação que foi soterrado pelas religiões patriarcais e cristãs, ainda que muitos dos cultos antigos tenham sido adaptados para essa crença. Antes, tínhamos culturas matrifocais, ou seja, centradas em uma figura feminina", diz a terapeuta de sagrado feminino Fernanda Guerra.

O feminino para equilibrar o mundo

Essas antigas civilizações baseavam sua subsistência principalmente na agricultura, o que fazia com que o respeito à natureza fosse a primeira regra de existência. Viver de acordo com os ciclos da natureza não era necessariamente uma escolha, já que todos seguiam um calendário que se baseava nas estações do ano e dependiam diretamente desses ciclos para planejarem seus plantios e colheitas.

"Com isso, a Terra foi sendo associada à Grande Mãe, por representar o útero do mundo e a fonte, ora fértil e ora escassa, de alimento, abrigo e conexão espiritual. Por as mulheres terem seus ciclos tal como a Terra, elas também foram sendo consideradas pontos-chave das sociedades, sendo respeitadas em primeiro lugar", explica Fernanda.

Segundo ela, com a ascensão do patriarcado e da própria tecnologia, a Deusa deixou de ser protagonista da espiritualidade e virou ou a consorte, ou a filha, ou a concubina dos deuses que eram cultuados pelos homens. Ao longo dos últimos quatro mil anos, Fernanda defende que o mundo passou a perder parte do equilíbrio de polaridades que havia quando o feminino era honrado, assim como a natureza.

"Perdemos a conexão com a ciclicidade da natureza. Ainda que o aquecimento global descontrolado nos tire um pouco a noção das estações, não nos conectamos nem mesmo com nossos ciclos internos. Isso gera um afastamento da nossa própria essência e diversos desequilíbrios que podem afetar tanto o físico, quanto o emocional. O patriarcado precisa resgatar o equilíbrio que havia quando o feminino também era cultuado", diz.

Sol em Virgem: o que tem a ver com a Deusa?

O Dia da Deusa é comemorado no começo de setembro, quando o Sol está em Virgem. Uma coincidência? Talvez não. Porém, Virgem representa perfeitamente os atributos da essência da Grande Mãe. Por mais que seja conhecido como um signo rígido, ele é regido pelo elemento terra, que traz a conexão com a fertilidade da natureza e, para completar, com o feminino.

"Não é preciso ser mulher para se conectar com a Grande Mãe - Alana Harris/Unsplash - Alana Harris/Unsplash
"Não é preciso ser mulher para se conectar com a Grande Mãe" - Fernanda Guerra
Imagem: Alana Harris/Unsplash

"Obviamente, em termos astrológicos, o excesso de terra pode trazer tudo aquilo que já cansamos de ouvir falar sobre o lado negativo dos virginianos: excesso de razão, perfeccionismo, manias de arrumação e rigidez. No entanto, a terra é fértil de ideias, é plena em suas criações e traz nutrição ao nosso ser. Por isso o signo de Virgem tem tudo a ver com a Deusa", conta Fernanda.

A terapeuta indica aproveitar o dia para se conectar com esse princípio criativo e fértil que há em cada um de nós. Também revela que algumas oferendas podem ser feitas para a Deusa, como flores e frutas colocadas sobre a terra de um jardim, por exemplo. Essas são algumas das maneiras de se conectar com a Grande Mãe e resgatar alguns de seus atributos e valores, transformadores para a atualidade.

"Não é preciso ser mulher para se conectar com a Grande Mãe. Afinal, todos temos ambas as polaridades dentro de nós e, independentemente de gênero, quando exacerbamos demais um princípio (o masculino) e subjugamos outro (o feminino), trazemos desequilíbrio a nós, às nossas relações e ao mundo. Ao resgatar os ensinamentos de honra a natureza, consciência ambiental e respeito ao feminino, vamos reconstruindo um mundo que já se mostrou desequilibrado", defende Fernanda.

Rituais e afins

Banho para o Dia Mundial da Deusa

Ingredientes:

Um punhado de pétalas de rosas cor-de-rosa
Um punhado de manjericão
Um punhado de calêndula

Esquente a água até que as primeiras bolhas comecem a surgir, mas não deixe ferver. Coloque as ervas, abafe por dez minutos e, em seguida, coe, separando as ervas usadas para descartar na terra. Depois de tomar seu banho higiênico, jogue a mistura da cabeça aos pés. Para enriquecer o clima, procure playlists referentes à Deusa e à antiga religião.

Oferenda para a Grande Mãe

Ingredientes:

Grãos de milho
Grãos de arroz
Grãos de lentilha
Grãos de canjica
Uvas verdes e roxas
Flores de sua preferência

Em um prato, coloque os grãos em camadas individuais, criando uma mandala com eles, de fora para dentro do prato, deixando o centro livre. Vá completando com as uvas e, por fim, coloque as flores bem no centro do prato. Você pode colocar essa oferenda no jardim e, depois de três dias, plantar as sementes e devolver as flores e frutas para a terra.