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Psicóloga denuncia ataques racistas contra filhas de 2 e 9 anos na internet

A psicóloga Roberta Massot foi supreendida por comentários racistas sobre o cabelo afro das filhas de 2 e 9 anos - Arquivo Pessoal
A psicóloga Roberta Massot foi supreendida por comentários racistas sobre o cabelo afro das filhas de 2 e 9 anos Imagem: Arquivo Pessoal

Marcela Lemos

Colaboração para Universa, do Rio

11/08/2021 04h00

A psicóloga Roberta Massot, 36, queria apenas compartilhar nas redes sociais o desejo das filhas de voltar para a escola. Mas ela foi bombardeada por mensagens racistas sobre a aparência das meninas.

A autora das mensagens enviadas no dia 2 de agosto se identifica como pedagoga. A Polícia Civil do Rio abriu uma investigação de injúrias raciais cometidas na internet contra as duas crianças, de 2 e 9 anos.

A suposta pedagoga, identificada como "Érica", afirmou em resposta a um post no Facebook que a menina de 2 anos tinha a raiz do cabelo dura. A mãe das crianças tentou explicar que o cabelo da filha era apenas crespo. Em resposta, a "Érica" escreveu: "Leve suas filhas ao salão e aproveita e tira as melecas delas (...) Suas filhas são feias, melequentas e tem raiz de cabelo ruim e tá acabado".

Roberta expôs o caso na internet e no último dia 5 fez um boletim de ocorrência. O caso foi registrado como "injúria por preconceito". A Universa, a mãe disse que ficou em estado de choque ao ler as mensagens.

Foi a primeira vez que passei por isso com as minhas filhas. Você olha tudo e não acredita. Essa foi a sensação. Depois fiquei com muita raiva e revoltada. A ficha foi caindo, fui tomada por uma tristeza e dor muito grandes até que pensei: 'com as minhas filhas não!' e resolvi denunciar após ler e reler aquilo tudo. Pensei: 'não posso deixar por isso mesmo
Roberta Massot, psicóloga

A suposta pedagoga não era uma desconhecida. Ela e a psicóloga se conheciam de uma igreja que ambas frequentavam em São Gonçalo, cidade da região metropolitana do Rio. Apesar de conectadas nas redes sociais, as duas não são próximas.

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Imagem: Divulgação
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Imagem: Divulgação

Roberta afirma que, no convívio na igreja, ela nunca percebeu nenhum comportamento racista por parte dela.

Procurada pela reportagem, a Polícia Civil do Rio disse que as investigações sobre o caso estão em andamento e que a suspeita será chamada para prestar depoimento.

Mãe pretende levar caso à justiça

Ao tomar conhecimento do caso pelas redes sociais, a advogada Michelle Vargas ofereceu assistência jurídica a Roberta. As duas aguardam o fim das investigações. A mulher poderá responder por injúria por preconceito na esfera criminal, mas a advogada prepara uma ação de danos morais contra a mulher.

"Na esfera penal não tenho mais o que fazer. Vamos aguardar, mas, na esfera civil, vamos preparar uma ação de indenização por danos morais. A injúria racial atinge a honra e cabe indenização", explicou a advogada.

A advogada, que também é negra, conta que em 2011, também foi alvo de injúria racial no local onde trabalhava. Até hoje, ela aguarda o resultado final do processo.

"Eu contactei a Roberta, pois me senti no lugar dela. Passei por uma situação parecida há 10 anos, quando um estagiário, na época, resolveu me atacar. Ele me chamou de 'macaca', de suja e de nojenta".

Universa entrou em contato por telefone com autora das mensagens, que não atendeu.