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Parlamentares que defenderam Nise não falaram sobre Dani Lima, diz senadora

Do UOL, em São Paulo

02/06/2021 19h06

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse que colegas parlamentares que defenderam a médica Nise Yamaguchi não se manifestaram sobre os ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil. A declaração foi feita pela senadora durante entrevista ao UOL News, programa diário do UOL, exibido na noite de hoje.

Em seu depoimento à CPI da Covid, realizado ontem, Nise Yamaguchi —uma das principais defensoras do uso da hidroxicloroquina contra a covid-19— foi interrompida inúmeras vezes por parlamentares. Políticos da base governista protestaram, dentre eles, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Em contrapartida, no mesmo dia, o presidente Bolsonaro atacou a jornalista Daniela Lima, lhe chamando de "quadrúpede", enquanto conversava com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília. Desta vez, silêncio absoluto.

Questionada sobre os dois episódios pelo colunista Leonardo Sakamoto e o apresentador Diego Sarza, do UOL, a senadora defendeu o direito da mulher falar (e, portanto, não ser interrompida), mas ressaltou também o silêncio de políticos bolsonaristas em relação aos insultos feitos pelo chefe do Executivo.

"No depoimento da doutora Nise, a gente viu claramente contradições, que não há uma sustentação científica no que ela defende, mas ela tem o direito de se expressar, tem o direito de falar. Não podemos ter o nível de interrupções como tivemos ontem. Essas interrupções infelizmente ocorrem internamente, cotidianamente, e de forma muito intensa", afirmou a senadora.

"[A agressão a Daniela Lima] É algo abominável. Algo triste. A agressão feita por Bolsonaro não é só contra a Daniela Lima, é contra todas nós, mulheres. E da mesma forma que nós tivemos interrupções no Plenário, tivemos uma agressão do chefe maior [da República] em relação a uma mulher. Os mesmos parlamentares que fizeram críticas [ao episódio da] Nise, não fizeram nada em relação ao presidente da República. Não dá para ter dois pesos e duas medidas", concluiu a parlamentar.