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Elementos da natureza podem influenciar emoções e até atitudes humanas

Através do autoconhecimento, é possível usufruir de todo potencial que existe dentro de cada pessoa - Getty Images
Através do autoconhecimento, é possível usufruir de todo potencial que existe dentro de cada pessoa Imagem: Getty Images

Claudia Dias

Colaboração para Universa

22/05/2021 04h00

Não são apenas os acontecimentos do dia a dia ou de saúde que influenciam as emoções. Os elementos da natureza também podem agir sobre o que cada pessoa sente e mesmo influenciar o comportamento de alguém. Isso ocorre graças à associação que é feita com os sistemas e órgãos do corpo.

De acordo com a psicóloga clinica Daniela de Oliveira, existem diferentes possibilidades de as emoções serem afetadas.

"Algumas abordagens da neurociência entendem as emoções como processos corporais que existem para manter a homeostase (propriedade do organismo de se manter equilibrado, mesmo quando ocorrem mudanças no meio externo) de nosso sistema e são responsáveis por processos como tomada de decisão e julgamento, ou seja, nossas atitudes e posicionamentos em nossas vidas", diz.

Além disso, segundo a especialista, "vivemos diferentes estados em nós mesmos, seja de maleabilidade, rigidez, densidades etc".

"Ao desenvolvermos a consciência de nossa vida corporal, nos tornamos conscientes desses nossos funcionamentos mais intrínsecos, podendo receber respostas internas", aponta ela, cuja abordagem se baseia na metodologia da influência emocional de Stanley Keleman e nos estudos de psicologia e anatomia sensível do Body Mind Movement.

A psicóloga observa que a possibilidade de estar consciente sobre tais camadas abre possibilidades para a criação de variadas respostas diante de dilemas que a vida apresenta, inclusive os mais comuns, tipo: como lidar com a rotina, quanto tempo é necessário para o café da manhã da família, como organizar pausas para não terminar o dia exausto ou mesmo como escolher um trabalho.

Identificando associações

Há diferentes abordagens, que estudam os sistema (esquelético, muscular, endócrino, nervoso, circulatório...). Cada uma delas faz sua própria aproximação com os elementos da natureza.

A medicina chinesa - exemplifica Daniela - associa os órgãos aos elementos: o coração condiz com o fogo; rins, à água; pulmão, ao metal; fígado, à madeira, o baço, à terra.

"Já na alquimia, temos o sistema nervoso correspondente ao ar, órgãos e metabolismo correspondentes à água, músculos correspondentes à terra e ossos correspondentes ao fogo, enquanto outros estudos mostram ossos correspondentes à terra e o sistema circulatório, ao fogo, o que parece ir mais ao encontro da medicina chinesa", cita a especialista.

Ao entender tais associações, é possível corporificar as qualidades dos elementos em nossa vida, ou seja, identificar as sensações peculiares de cada sistema no próprio corpo.

A identificação dos sistemas corporais é anatômica. Pode ser feita através de práticas meditativas específicas ou por meio de toques. "Tocar-se com a intenção de sentir seus ossos é diferente de se tocar para sentir as diferentes camadas da pele ou para sentir seus músculos", ressalta.

Como tirar proveito

De acordo com Daniela, aprender a influenciar a vida emocional e formar novas atitudes é uma prática diária, uma vez que vai alterar padrões automáticos e criar respostas pessoais. O importante, conforme ela destaca, é aprender a ganhar consciência de tais sistemas e seu correspondente funcionamento.

Através desse conhecimento, é possível usufruir de todo potencial que existe dentro de cada pessoa. "Como seres vivos, somos constituídos e constitutivos da vida da biosfera. Nosso sistema corporal, nossas emoções, atitudes e posicionamentos evocam os quatro elementos", repete a especialista.

O que fazer no dia a dia

A seguir, Daniela de Oliveira mostra como é possível explorar tal conexão com os elementos da natureza no cotidiano.

- Organize uma rotina com pausas e perceba seu ritmo, batimentos cardíacos, respiração, velocidade de pensamento, qualidade de presença e tônus muscular. "Estamos nos usando com muita dureza? Podemos fazer menos tônus fazendo a mesma atividade?", questiona Daniela. Agindo assim, diz ela, é possível definir a maneira "como nos usamos".

- Construir pequenos rituais diários para mudanças de estado em diferentes atividades diárias. Situações simples, como: respirar fundo três vezes ou simplesmente bater no batente da porta ou relembrar seu propósito e colocar uma intenção, antes de começar a trabalhar e depois que terminar. "Cada pessoa pode encontrar seu próprio ritual. Fazer esses pequenos rituais de menos de um minuto nos traz de volta para nosso próprio corpo", ensina.

- Ter um diário para escrever três motivos que devem ser agradecidos, diariamente. "Nosso corpo sente gratidão e nosso cérebro começa a procurar, durante o dia, situações antes não percebidas para nos trazer a mesma sensação", afirma.

- Trabalhar a autoconsciência, a reflexão e meditações específicas para trazer as qualidades desses elementos para a vida diária. "Se entendo que estou tendo menos disposição, em um dia mais letárgico, posso fazer uma breve meditação ou prática de corporificação do sistema circulatório, trazendo a qualidade do fogo para iniciar projetos e trazer mais ação. Ou, se me percebo com pensamentos muito acelerados, posso ancorar meu sistema nervoso, fazendo uma pequena prática de suporte com ossos e músculos. Posso também abrir mais espaço para o ar circular, para que consiga me tranquilizar e desacelerar os pensamentos", exemplifica Daniela.