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Mulher repreendida por usar biquíni no DF vai à Justiça por danos morais

Patrícia Nogueira disse que ficou constrangida ao ser repreendida por usar biquíni no Lago Paranoá, em Brasília - Reprodução/ Arquivo pessoal
Patrícia Nogueira disse que ficou constrangida ao ser repreendida por usar biquíni no Lago Paranoá, em Brasília Imagem: Reprodução/ Arquivo pessoal

De Universa, em São Paulo

13/05/2021 19h53Atualizada em 13/05/2021 19h53

Patrícia Nogueira, que foi repreendida por um segurança em Brasília ao usar a parte de cima do biquíni enquanto pedalava de bicicleta, entrou hoje na Justiça pedindo condenação por danos morais contra a empresa Emsa Empresa Sul Americana de Montagens, responsável por administrar o Pontão do Lago Sul, na orla do Lago Paranoá.

Foi lá que a servidora pública foi abordada por um segurança que afirmou que ela não poderia usar a roupa de banho, por mais que o espaço, que é público, não possua regras específicas proibindo o traje. Além disso, no mesmo momento, um homem passava sem camisa pelo local, o que, segundo o mesmo segurança, não seria um problema.

Uma audiência de conciliação foi marcada para o dia 6 de julho pela Justiça do DF. Procurada pelo UOL, a administração do Pontão do Lago Sul, por meio de assessoria, disse que "não foi notificada até o momento".

A ação

Patrícia Nogueira faz três pedidos na ação indenizatória por danos morais: retratação formal da empresa sobre o ocorrido, reformulação das práticas internas do Pontão do Lago Sul, e a doação de R$ 3 mil em cestas básicas para uma Organização Não Governamental (ONG) que apoie mulheres vítimas de violência no DF.

Quase uma semana após o episódio, Patrícia disse ao UOL que não foi fácil fazer a denúncia e comentou a repercussão que o caso vem tendo.

"Para mim não foi fácil [passar por isso] pela exposição que tive e pelos comentários que me desqualificam, deturpam minha intenção naquele momento e deturpam minha postura", declarou ela, afirmando que foi respeitosa com o segurança durante a gravação do vídeo.

A servidora pública espera que a empresa reflita sobre o tratamento que às mulheres possam estar recebendo no espaço administrado e faz um chamado para a reflexão sobre o machismo estrutural.

"O machismo está tão disseminado nas nossas vidas e instituições que, por vezes, não percebemos a sua presença", afirmou.

Ela também deseja que, caso consiga a indenização, ela possa ajudar "alguma mãe de família, alguma mulher que sofre de violência doméstica", através de uma ONG que será escolhida para concretizar o apoio.

Relembre o caso

O episódio ganhou repercussão no último fim de semana, quando Patrícia denunciou na mídia e disponibilizou vídeo do momento em que foi abordada por um vigilante do estabelecimento por supostamente estar infringindo uma regra do local ao usar a parte de cima do biquíni com shorts enquanto pedalava de bicicleta.

Na gravação, Patrícia questiona o porquê das mulheres não poderem usar biquíni ao se exercitarem, enquanto homens se exercitam sem camisa normalmente.

Em outro momento, o vigilante afirma que no espaço não pode usar traje de banho, mas homem "ficar sem camisa não tem problema, não".

Patrícia chegou a afirmar para diferentes veículos de comunicação que se sentiu constrangida ao ser abordada.

A empresa se pronunciou sobre o caso. "O Pontão esclarece que não compactua com tal situação e repudia toda e qualquer tipo de discriminação, seja ela de que natureza for", disse em nota encaminhada para a imprensa e obtida pelo UOL hoje.

A empresa também afirmou que "não foram repassadas tais regras ao chefe da vigilância" e informou que o vigilante e a empresa terceirizada foram notificados sobre o fato.