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Aos 22, ela criou marca de picolés customizados e fatura R$ 6 milhões

Amanda Tanon começou a Kekala Custom Picolé há menos de dois anos Imagem: Divulgação/Léo Barrilari/Kekala

Marcelle Souza

Coleboração para Universa

08/04/2021 04h00

Há dois anos, Amanda Tonon, 22, começou a bater de banco em banco em busca de um empréstimo para abrir o seu primeiro negócio. Em todos eles, porém, recebeu um "não". "Muitos gerentes não me falavam na cara, mas eu sabia que o problema era a minha idade", diz.

À época, ela queria colocar em prática uma ideia: montar uma franquia de quiosques de picolés. O diferencial de outras empresas que já estavam no mercado é que, no seu negócio, o cliente poderia escolher o sabor da base, do recheio e da cobertura e ver tudo sendo preparado na hora.

O dinheiro para lançar a Kekala, cerca de R$ 500 mil, acabou não vindo de um banco, mas de um empréstimo familiar. "Não é verdade que se incentiva o empreendedorismo jovem. Há muito preconceito por conta da idade. Sei que sou privilegiada, porque acabei conseguindo o dinheiro para dar o start no projeto, mas sei que essa não é uma realidade todos".

Em 2020, foram mais de 260 mil picolés vendidos e a Kekala faturou R$ 6 milhões. A idade, no entanto, continuou sendo um desafio mesmo depois que o negócio engatou e começou a dar os primeiros resultados.

"Às vezes, os fornecedores negociam com um sênior da minha empresa e, na hora em que me conhecem, dizem que o pagamento precisa ser à vista, porque não fazem esse tipo acordo, parcelado, com uma pessoa de 22 anos. Pensam que é um risco", diz.

Empreender vem de família

O desejo de começar tão cedo no mundo dos negócios veio por influência dos avós, tios, pais e da irmã de Amanda, todos empreendedores. "A minha avó tem um negócio de moda, e desde pequena, durante as férias escolares, eu ia para a loja para ajudar a vender", conta Amanda, que é estudante de administração de empresas.

O gatilho para arriscar sozinha veio depois de uma temporada acompanhando a irmã em seu negócio, também no ramo alimentício. "Por que não posso rechear um picolé do meu jeito e fazer isso na hora?", questionou Amanda, que decidiu criar um modelo de franquia.

A ideia parecia boa, mas tinha um problema logo de cara: não existia no mercado um maquinário adequado para fazer o produto que ela queria.

"O desafio foi de execução do projeto. Parece simples ter uma máquina que produzisse um picolé com um furo no meio, mas não é. Então foi muito tempo de pesquisa e desenvolvimento com um fornecedor que topasse fazer isso com a gente".

Amanda Tanon, CEO da Kekala Custom Picolé, em loja de Santo André, na Grande São Paulo Imagem: Divulgação/Léo Barrilari/Kekala

O primeiro quiosque da Kekala começou a funcionar no final de 2019 no shopping SPMarket, em São Paulo. Hoje, a empresa tem 18 franqueados e está em negociação com outras 30. "A nossa expectativa é chegar a 90 unidades até o final deste ano", diz a empresária.

Mesmo em tempos de crise e restrições para o comércio por conta da pandemia da covid-19, Amanda vê um cenário positivo em 2021 e aposta no crescimento da marca. "Acreditamos que esse é um momento interessante para negociar bons preços de aluguel para os quiosques em shoppings", diz.

Aposta nas redes sociais

O maior trunfo da Kekala, diz Amanda, é a interação com os consumidores e a divulgação orgânica por meio das redes sociais. "Eu sou apaixonada por marketing digital e o fato de ter 22 anos faz com que eu entenda bastante também", afirma.

Para isso, a sua maior estratégia é envolver o cliente em todo o processo, personalizando o produto na hora e do seu jeito. Atualmente, são mais de 300 combinações entre base, recheio e cobertura.

Os picolés custam entre R$ 9,90 até R$ 14,90. São quatro bases (leitíssimo, chocolate, açaí e morango), oito sabores de recheio (Nutella, Leite Moça, Ovomaltine, chocolate ao leite, trufa branca, trufado, ninho e pistache) e oito coberturas (chocolate ao leite, chocolate branco, chocolate amargo, Ferrero, Ninho, Ovomaltine, Rafaello e um sabor sazonal).

O produto é montado na hora e a cada etapa pode ser acompanhada pela vitrine por quem está do outro lado, criando um contexto não só apetitoso, mas também "instagramável".

"Eu aposto na estratégia 'member get member', que é um pouco mais do que o antigo boca-a-boca, porque nesse tipo de marketing o cliente passa por uma experiência e se sente obrigado a contar nas redes sociais", diz.

No ano passado, por exemplo, um vídeo do picolé atingiu mais de 2 milhões de visualizações no TikTok. Propaganda orgânica e positiva para a marca.

"No começo, você recebe muitos 'nãos', muita gente não acredita no projeto. Então, a questão é permanecer, confiar que vai dar certo, apesar das circunstâncias. Hoje eu sonho em levar a Kekala para muitos lugares do país e crescer inclusive internacionalmente", diz Amanda.

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