Topo

Inspira

Ideias para uma vida mais plena


Ver com o coração: lições que Mari Palma aprendeu com pai, vítima de câncer

Mari Palma deu depoimento a Universa sobre a relação com o pai deficiente visual - arquivo pessoal
Mari Palma deu depoimento a Universa sobre a relação com o pai deficiente visual Imagem: arquivo pessoal

Redação

De Universa, em São Paulo

14/03/2021 16h18

A apresentadora da CNN Brasil Mari Palma contou em suas redes sociais que o pai, Luiz Palma, morreu no sábado, aos 70 anos, vítima de um câncer em estágio avançado, descoberto há dois meses. "Um processo muito doloroso e difícil que ele lidou com a leveza de sempre. Mas hoje, depois de uma semana de UTI, ele precisou descansar. Foi rápido, sem dor, sem sofrimento", escreveu.

Há duas semanas, Universa publicou um relato emocionante da jornalista sobre a relação que mantinha com o pai, que era deficiente visual, e o que aprendeu com ele. Selecionamos alguns trechos do depoimento, em homenagem à história dos dois.

"Aprendi que não temos controle sobra a vida"

"Depois que cresci, sinto que comecei a lidar com a deficiência dele de uma forma mais madura. Foi nesse período que entendi e aceitei que não temos controle sobre a vida e que não adianta lamentar - foi ele, inclusive, que me fez perceber isso. Ficar brava com o trânsito, com o e-mail que não chegou, é uma bobagem perto do que realmente importa. Ter saúde e ter pessoas especiais como ele por perto é o que faz a vida valer a pena."

A apresentadora Mari Palma diz que aprendeu com o pai a não sentir vergonha das emoções - Marcus Steinmeyer/UOL - Marcus Steinmeyer/UOL
A apresentadora Mari Palma diz que aprendeu com o pai a não sentir vergonha das emoções
Imagem: Marcus Steinmeyer/UOL

"Não sentir vergonha de minhas emoções"

"Quando consegui levá-lo na Arena Corinthians, depois de quase 20 anos, foi uma das maiores emoções da minha vida. Não sei nem o que aconteceu no jogo: passei o jogo todo olhando para a carinha dele, para a felicidade dele, que estava emocionado e arrepiado ouvindo e sentindo o grito da torcida. Claro que ele se emocionou e chorou - meu pai, inclusive, nunca teve medo de chorar em público e foi com ele que aprendi a não sentir vergonha de demonstrar minhas emoções.

"Meu pai vive em mim"

"Hoje eu vejo muito do meu pai em mim. Mesmo quando estou sozinha, por exemplo, diminuo o volume da música porque o barulho alto demais também me incomoda. Ou quando vou dormir, não gosto de ficar totalmente no escuro, só consigo dormir com pelo menos uma luz acesa. Às vezes penso que ele pode se sentir 'menos pai' por não poder ter feito tudo o que queria fazer. Mas, quando escuto sobre pais de conhecidos meus que abandonaram, fugiram ou nunca estiveram presentes, tenho certeza de que isso não é verdade. Ele sempre esteve ali, me ensinando a ver com o coração."