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SP registra o janeiro com maior número de casos de estupro em sete anos

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Daniel César

Colaboração para Universa

05/03/2021 04h00Atualizada em 05/03/2021 11h32

Janeiro de 2021 foi o mês com o maior número de estupros no estado de São Paulo desde o início do estímulo ao isolamento social, iniciado há quase um ano para combate ao coronavírus. O primeiro mês do ano terminou com 1.095 casos registrados em todo o estado. Dados da Secretaria de Segurança Pública apontam 271 casos de estupros contra adultos e 824 contra pessoas em condições de vulnerabilidade, incluindo crianças, idosos e pessoas com algum tipo de deficiência física ou mental.

Na comparação apenas entre os meses de janeiro, 2021 tem a maior taxa de estupros dos últimos sete anos e a segunda pior taxa mensal do século, sendo superada por 2013. Os dados referentes a fevereiro ainda não estão disponíveis.

O delegado de Polícia Civil de Pereira Barreto, Paulo Rabello, explica que os dados relacionados a esse tipo de crime anteriores a 2010 devem ser avaliados com cautela. "Os estupros antes de 2010 tinham registros menores porque não existia delegacia de defesa da mulher em todos os municípios e as denúncias eram muito menores. Não significa que elas não aconteciam, pelo contrário", afirma.

Mulheres são 92% das vítimas de estupro no estado

Dos 1.095 casos registrados no mês, as mulheres são vítimas em 92% dos casos, incluindo mulheres adultas, crianças ou vulneráveis.

Considerando as taxas mensais de estupro no estado, janeiro apresenta o maior índice desde outubro de 2019, incluindo toda a pandemia.

Em outubro de 2019, a SSP havia registrado 1.306 casos, e janeiro superou todos os outros 14 meses subsequentes. Desde o início da pandemia, janeiro foi o terceiro mês a registrar mais de 1.000 casos de estupro no estado. Em setembro os números foram 1.038 e em novembro, 1.058.

A delegada de Defesa da Mulher Luciana Souza diz que o criminoso, em geral, é próximo da vítima. "Mais de 90% dos casos registrados de estupro nas Delegacias de Defesa da Mulher são de pessoas próximas, família, parentes ou amigos e vizinhos. Os casos na rua com estranho são baixos", indica.

A delegada também explica que o confinamento pode ser o principal responsável pela alta no número de casos em janeiro. "Os casos demoram para ser denunciados, às vezes anos e isso pode ter explicado o recorde apenas em janeiro, embora outros meses também tenham mostrado crescimento", conta.

A maioria dos casos é de estupro de vulnerável (75%). A delegada afirma que essa taxa tem se mantido. "Uma pessoa em situação de vulnerabilidade oferece muito menor resistência e é mais fácil de se manipular", explica a delegada.

O delegado Paulo Rabello conta que qualquer pessoa que souber de um possível caso de estupro deve denunciar. "Profissionais especialistas acompanham o caso e ele sempre corre em segredo de justiça", garante.

Desde abril, primeiro mês completo desde que teve início o incentivo ao isolamento social para proteção contra o coronavírus, foram registrados 9.214 casos de estupro em São Paulo, com média de 31 crimes de estupro cometidos por dia. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública não comentou os dados.

Não tolere violência, sabia procurar ajuda

O Ligue 190 é o número de emergência indicado para quem estiver presenciando ou vivendo uma situação de agressão. A Polícia Militar poderá agir imediatamente e levar o agressor a uma delegacia.

Também é possível pedir ajuda e se informar pelo número 180, do governo federal, criado para mulheres que estão passando por situações de violência. A Central de Atendimento à Mulher funciona em todo o país e também no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita.

O Ligue 180 recebe denúncias, dá orientação de especialistas e encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. Também é possível acionar esse serviço pelo Whatsapp. Nesse caso, acesse o (61) 99656-5008.