Pai de santo é investigado por suspeita de abusar de mulheres no RS

Um pai de santo de Porto Alegre é investigado por suspeitas de ter abusado sexualmente pelo menos três mulheres durante rituais religiosos. Após o cumprimento de mandados de busca e apreensão na manhã de hoje, a Polícia Civil encontrou infusões com ervas e medicamentos de uso controlado no bairro Rubem Berta, na zona norte da capital gaúcha.
De acordo com a 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Porto Alegre, que investiga o caso, três das vítimas — com idades entre 24 e 46 anos — procuraram a polícia para denunciar os abusos. Elas disseram que haviam procurado o religioso em busca de ajuda para resolver problemas pessoais e teriam sido chamadas por ele para rituais individuais, que aconteceram nas terças-feiras de 2019 e 2020.
Nos encontros, o suspeito as fazia beber um copo com ervas, que já trazia pronta de casa, e que as deixavam sonolentas. Quando elas ficavam sem ter como reagir, ele retirava suas roupas e passava a mão em suas partes íntimas.
Além disso, era comum que o pai de santo desencorajasse as mulheres de procurar ajuda médica. Ele também dizia que os abusos eram, na verdade, cometidos por entidades. Outras táticas de intimidação usadas por ele, segundo a polícia, incluíam dizer que a vítima sofria de uma maldição ou ameaçar suas famílias por meio de entidades.
A Polícia acredita que mais mulheres tenham sido abusadas pelo suspeito, mas nenhuma outra se pronunciou até o momento. Ela também suspeita que os remédios de uso controlado fossem diluídos nas infusões para tornar as vítimas incapazes de se defenderem.
O pai de santo responde em liberdade e deverá ser ouvido nos próximos dias. O caso é tratado como estupro de vulnerável, uma vez que as vítimas não teriam condições de resistir.
A Polícia Civil também pede que qualquer pessoa ou vítima que tiver informações do caso ou queira fazer denúncias semelhantes entre em contato pessoalmente ou pelo WhatsApp (51) 98444-0606.
A violência sexual contra a mulher no Brasil
No primeiro semestre de 2020, foram registrados 141 casos de estupro por dia no Brasil. Em todo ano de 2019, o número foi de 181 registros a cada dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 58% de todos os casos, a vítima tinha até 13 anos de idade, o que também caracteriza estupro de vulnerável, um outro tipo de violência sexual.
Como denunciar
Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.
Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.
Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.
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