Relator pede suspensão de Cury por assédio a Isa Penna e votação é adiada

O Conselho de Ética da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) adiou a decisão sobre o processo envolvendo o deputado Fernando Cury (Cidadania), acusado de quebra de decoro pelo assédio sexual cometido contra a deputada Isa Penna (PSOL) em dezembro de 2020. A votação passou para sexta-feira (5), às 10h.
O relator, deputado Emidio de Souza (PT), votou pela suspensão do mandato de Cury por seis meses e afirmou ser uma "sanção proporcional aos danos que causou à vítima". Na sequência, o deputado Wellington Moura (Republicanos) pediu dois dias para analisar o voto do relator, e outros parlamentares se juntaram ao pedido de vistas.
A presidente do conselho, Maria Lúcia Amary (PSDB), aceitou o pedido, mas não viu razão de passar a decisão para a próxima semana. "Precisamos dar uma resposta para a sociedade", afirmou, reforçando os dados sobre o caso, juntamente com o vídeo em que a deputada aparece tendo os seios apalpados por Cury durante uma sessão no plenário da Alesp, em dezembro de 2020.
Para Isa, o pedido de vista foi feito para prolongar ainda mais o processo. "Não abordar uma celeridade e ignorar o que foi debatido até agora pode causar a perda e a validade de todas as sessões, já que no dia 15 de março, toda a presidência do Conselho e da ALESP mudam. Eu encaro como golpe institucional com cultura machista", aponta Isa. "É a famosa cumplicidade patriarcal, o pacto que eles seguem fazendo."
"Espero que agora, na sexta-feira, os deputados que pediram vistas não usem mais nenhum artifício para procrastinar um ato de assédio televisionado na Assembleia Legislativa. O caso precisa ir para plenário logo."
A reportagem procurou a equipe de Cury para ouvi-lo sobre o voto do relator. Em nota, o advogado do deputado, Roberto Delmanto Junior, afirmou que "aguarda a finalização do julgamento na próxima reunião do conselho para se manifestar".
Para relator e deputada, ideal seria a cassação
A decisão por suspender Cury partiu do relator, deputado Emidio de Souza (PT), que afirmou ser uma "sanção proporcional aos danos que causou à vítima". "O relator foi bem objetivo, ele fala que para ele, assim como para mim, seis meses não é suficiente, que o ideal seria cassação, mas foi como ele conseguiu negociar com membros do conselho", afirma Isa.
Souza afirmou ainda, em seu voto, que "ao abraçar pelas costas a deputada Isa Penna e lhe tocar os seios sem seu consentimento, o deputado Fernando Cury teve um comportamento inadequado que atentou contra a ética e o decoro parlamentar".
Afirmou ainda que o comportamento de Cury "é inaceitável por ofender de maneira grave seu inviolável direito de não ter o seu corpo tocado por quem não foi, expressamente, por ela autorizado". "O corpo da mulher não pode mais ser objeto da lascívia masculina, somente a ela pertence", reforçou.
Cury negou ter cometido assédio sexual, dizendo que tratou-se de um abraço, e que costuma abraçar as pessoas, como fez com a deputada, que não tocou seus seios, mas suas costelas, e não teve a intenção de ofendê-la. Tesmunhas afirmaram que não tratava-se de um abraço principalmente por ele ter se aproximado por trás dela e, imediatamente após o toque, afastou a mão de Cury de seu corpo.
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