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Ana Cañas: "Sexualidade hoje é alicerce de opressão, é preciso naturalizar"

De Universa

25/02/2021 16h55Atualizada em 26/02/2021 10h20

"Precisamos naturalizar a sexualidade, principalmente porque o silenciamento dela faz com que nós mulheres deixemos de lutar por coisas coletivas, para que possamos ter direito a decisões de poder." A análise é da cantora e apresentadora Ana Cañas durante um debate sobre sexo e libido da quarta edição de Universa Talks.

Ana citou a pornografia e relembrou que raramente as mulheres têm orgasmos reais nos filmes. "Várias vezes não tem preliminar, que onde muitas vezes acontece a melhor parte. Claro que a penetração é boa, mas nisso as meninas lésbicas dão um baile. Muitos homens não sabem fazer sexo oral, tem dificuldades com o clitóris", opinou.

O diálogo com o tema "Sexo: está quente lá fora, mas como anda sua libido?", mediado por Xan Ravelli, colunista de Universa, contou também com a participação da atriz e digital influencer Jacy Lima e da educadora sexual Aline Castelo Branco.

Aline, que criou um método de ensino e dá aulas online ensinando homens a darem prazer para as mulheres, afirmou que a pandemia afetou diretamente os casais. Enquanto alguns passaram a transar mais, outros se distanciaram. "Tudo depende do casal, mas todos eles sentiram algum tipo de impacto, inclusive tivemos um ápice de divórcios no início da quarentena".

Jacy, que é influenciadora e atriz, conta que usa seu espaço na internet para falar sobre assuntos que são considerados tabu. "Temos que olhar para a individualidade das pessoas. Muitas mulheres sofreram, por exemplo, abusos sexuais, como é meu caso. Tento usar o humor para falar disso de maneira leve", contou.

Xan Ravelli  - UOL - UOL
Xan Ravelli faz a mediação no terceiro painel do Universa Talks
Imagem: UOL

Sexualidade em rótulos

Durante o debate, Ana relembrou que no período da adolescência costumava ficar também com meninas. "Mas aí eu sofria muito bullying, eu tinha fama mundial de sapatão. Um professor me chamou na chamada de Ana Sapatão, uma coisa horrível", disse. Por causa disso, reprimiu muitas das suas experiências. "Acabei só tendo relacionamentos hétero por 20 anos. Só voltei a sair com meninas há mais ou menos três. Então hoje me considero bissexual".

Do seu ponto de vista, a sexualidade é complexa e cada um vive suas experiências de forma diferenciadas. "A gente como sociedade conseguiu padronizar o mais impadronizável, que é a sexualidade", opinou.

Universa Talks - UOL - UOL
A educadora sexual Aline Castelo Branco mostra uma representação da vulva
Imagem: UOL

A transmissão acontece ao vivo aqui em Universa e pelas nossas redes sociais: Youtube, Facebook e Twitter. O conteúdo também estará disponível no Spotify, com a publicação de podcasts após o evento. No Instagram de Universa, será possível acompanhar os bastidores.