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Influenciadora digital denuncia abuso, e falso massagista é preso no Rio

Matheus Calainho Cyranka, 26, fingia ser massagista homossexual para assediar clientes; após relato de Bruna Wright, mais mulheres denunciaram o homem - Reprodução
Matheus Calainho Cyranka, 26, fingia ser massagista homossexual para assediar clientes; após relato de Bruna Wright, mais mulheres denunciaram o homem Imagem: Reprodução

Marcela Lemos

Colaboração para Universa, no Rio de Janeiro

20/01/2021 09h29Atualizada em 20/01/2021 17h42

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu ontem um homem que se passava por massagista para abusar sexualmente de influenciadoras digitais.

Matheus Calainho Cyranka, 26, abordava as vítimas pela internet e propunha uma permuta: divulgação do trabalho em troca de serviços estéticos — prática comum no meio. No entanto, o falso massagista foi acusado de abusar sexualmente das vítimas durante os procedimentos.

Segundo a delegada Carolina Medeiros, da delegacia da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, ao menos sete mulheres foram vítimas de Calainho, que foi preso ontem na casa dele, no Recreio dos Bandeirantes, bairro vizinho.

"O crime pelo qual vai responder é de violação sexual mediante fraude, com pena de dois a seis anos de reclusão. Como até o presente momento, temos sete vítimas, ele pode ser condenado até 42 anos de prisão, mas acreditamos que mais vítimas vão aparecer", disse a delegada a Universa.

De acordo com as investigações, para que as vítimas não desconfiassem de suas verdadeiras intenções, Matheus se apresentava como homossexual ao oferecer seus serviços.

Contra o falso massagista foi cumprido um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça.

Vítima relata abuso nas redes

Uma das vítimas que denunciou o abuso à polícia foi a influenciadora Bruna Wright, de 21 anos, que tem mais de 40 mil seguidores. No Instagram, a jovem falou sobre o caso ocorrido em dezembro para alertar outras mulheres.

De acordo com o relato, Calainho entrou em contato por e-mail através de uma suposta empresa de estética e ofereceu uma parceria. A proposta foi aceita e a sessão de massagem foi marcada no apartamento da influenciadora, na Barra da Tijuca.

Bruna estava em casa na companhia de uma amiga, o que não foi suficiente para evitar o crime. Segundo ela, após a amiga deixar o cômodo onde ocorria a massagem para tomar banho, começou o abuso.

"Ele começou a fazer massagem, comecei achar um pouco estranho, eis que olho pelo espelho, ele estava se masturbando enquanto fazia massagem em mim. Quando eu vi a situação, parti para cima dele, expulsei ele de casa, peguei a toalha e comecei a bater nele, 'seu nojento, sai'. Ele foi embora muito rápido", contou a jovem.

Nas mensagens trocadas para agendar o procedimento, o falso massagista chegou a recomendar que a sessão não fosse realizada no período menstrual para evitar desconforto.

De acordo ainda com o relato de Bruna, após falar sobre o abuso na internet, outras pessoas informaram que também foram contatadas pelo mesmo homem que se identificou com o nome verdadeiro: Matheus. Outras também sofreram o abuso.

"Totalmente invasivo. Subiu muito a mão, aí fiquei super nervosa, fui saindo e falei que estava desconfortável", confessou uma mulher à Bruna que compartilhou os relatos sem identificar as mulheres.

O que a defesa diz

O advogado de Matheus informou que o cliente é inocente e que jamais ofereceu risco à ordem pública — por isso não "haveria motivos para decretar prisão preventiva".

"Nosso provará sua inocência em juízo, não havendo qualquer prova em sentido contrário. Matheus sempre encontrou-se, assim como ainda se encontra, à disposição da Justiça e da polícia para prestar esclarecimentos, assim como, jamais ofereceu risco à ordem pública, razões pelas quais não haveria motivos concretos para a decretação de prisão preventiva", disse a defesa, em nota para a Universa.

A defesa disse ainda que Matheus "foi privado da realização de audiência de custódia, contrariando, assim, determinação do STF acerca deste direito constitucional. Diante disso, iremos à Justiça para garantir direito a um processo penal justo e democrático", informou através de nota.