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Empresária une pizza e hamburguer e aumenta vendas em 30% na pandemia

Camila Rover, que criou um novo produto na pandemia para seu Chelsea Burger & Shakes - Divulgação
Camila Rover, que criou um novo produto na pandemia para seu Chelsea Burger & Shakes Imagem: Divulgação

Renata Turbiani

Colaboração para Universa

14/09/2020 04h00

O empreendedorismo corre nas veias da designer Camila Rover, 39. Formada em design de produto pela Universidade Positivo, de Curitiba, ela, assim que saiu da faculdade, montou com o marido, Wagner Rover, uma agência de propaganda e mídias alternativas, a Azdirect. Logo depois, criou a DivulgaPão, rede de franquias especializada em publicidade em sacos de pão, e, na sequência, investiu em uma fábrica de sorvetes.

Em 2017, surgiu a oportunidade de vender as empresas, com exceção da Azdirect. Negócio feito, a empresária decidiu investir em um sonho que estava engavetado havia algum tempo: abrir um restaurante inspirado no bairro nova-iorquino Chelsea.

"Fiz uma viagem para lá em 2015 e voltei encantada com o clima do local. Naquele momento idealizei um negócio que transmitisse a experiência que vivi, mas como estávamos com vários projetos, acabei deixando esse de lado. Foi só quando vendemos a DivulgaPão e a fábrica de sorvetes que decidi que era hora de tirá-lo do papel", conta Camila.

Assim, em dezembro de 2016 nasceu o Chelsea Café, rebatizado de Chelsea Burger & Shakes em 2018. Instalado em um galpão industrial com mais de 100 anos no Centro Cívico de Curitiba, teve cada detalhe pensado pela empresária. "Eu sabia exatamente o que queria, do estilo até o cardápio. Minha ideia era um ambiente que lembrasse férias, onde os clientes pudessem curtir de forma leve e descontraída."

Ela conta que uma de suas principais preocupações no novo empreendimento era que o frequentador vivesse uma experiência no local, e não apenas entrasse, comesse e fosse embora. Para isso, investiu pesado na decoração e também no visual dos pratos.

"Nosso público é formado, em grande parte, por jovens, e eles buscam novidades sempre. Pensando nisso, criamos um espaço bacana para se estar. Os pratos seguiram a mesma linha. Acredito que a comida não pode ser apenas gostosa, isso é obrigatório, mas precisa ser visualmente bonita, 'instagramável'. Por exemplo, temos no cardápio o Supershake, um milk shake lindo, todo trabalhado. A primeira coisa que as pessoas fazem quando o recebem na mesa é fotografar", conta ela.

Chelsea Café - Divulgação - Divulgação
O pizza burguer
Imagem: Divulgação
ambiente interno - Divulgação - Divulgação
Ambiente interno do Chelsea Burger & Shakes
Imagem: Divulgação

Adaptação à pandemia

Para iniciar o Chelsea Burger & Shakes, Camila investiu R$ 500 mil, que foram usados para reforma do imóvel, criação da identidade visual e do projeto arquitetônico, elaboração do cardápio, contratação e treinamento da equipe e compra de equipamentos e dos demais itens necessários. Nos primeiros meses, o faturamento mensal ficou na casa dos R$ 60 mil, e, no final do primeiro ano de funcionamento, subiu para R$ 90 mil. Esse aumento foi fruto de um reposicionamento da marca.

"Inicialmente, o Chelsea foi idealizado com o conceito de um restaurante completo, como um diner americano, que tem uma grande variedade de pratos. No cardápio, já tínhamos os hambúrgueres, e eles representavam boa parte no nosso faturamento, mas sentíamos a necessidade do público nos ver mais como hamburgueria do que como cafeteria. Fizemos, então, a mudança de posicionamento da marca e deu muito resultado. Houve um crescimento de quase 50% nos meses seguintes", explica.

O negócio fechou 2019 com receita total de R$ 2 milhões e lucro de 20%. Os bons números, inclusive, fizeram a empresária começar a pensar no ramo de franquias para a empresa. Só que chegou 2020 e todos os planos tiveram de ser alterados devido a pandemia do novo coronavírus.

"Os primeiros meses do ano foram ótimos, bem melhores que o mesmo período do ano anterior, mas no final de março a situação começou a mudar. O movimento caiu drasticamente, mesmo antes de a prefeitura obrigar o fechamento para o público, porque as pessoas já estavam evitando de sair de casa. A solução foi investir no delivery, canal que representava 20% das nossas vendas e, em duas semanas, subiu para 80%", diz Camila.

perfil Camila Rover - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Pandemia exigiu uma reinvenção

A partir daí, foi preciso reinventar e reformular e negócio. A primeira ação da empresária foi negociar com fornecedores e com o proprietário do imóvel. Também postergou o pagamento de impostos, água e luz, paralisou o projeto de franquias e, por último, promoveu cortes na equipe - passou de 15 pessoas para seis. Outra ação foi mexer no cardápio, tornando-o mais enxuto, mas sem deixar de inovar.

Em julho, lançou a Pizza Burguer, um lanche que visualmente, como o nome já entrega, parece uma pizza. Apropriado para o delivery e retirada no balcão, é oferecido em três sabores (Marguerita, Pepperoni e Corn Bacon), inspirados nas redondas, com preços entre R$ 49,90 e R$ 59,90. De cara, fez sucesso: elevou as vendas da casa em 25% e começou a mudar sua trajetória na crise.

"É um produto bem bacana, e que foge um pouco do hamburguer tradicional. Seu resultado tem sido ótimo: nos primeiros meses da pandemia, estávamos com faturamento em torno de R$ 60 mil, mas em julho já subiu para R$ 80 mil", celebra.

A empresária pontua que, aos poucos, os clientes têm voltado a frequentar o salão. E, para recebê-los com segurança, implementou um sistema de pedido digital - em todas as mesas há um QR Code, pelo qual o consumidor acessa o cardápio e realiza o pedido diretamente pelo celular.

"Ao longo de todos esses anos como empreendedora, aprendi que é preciso inovar sempre, se adaptar rapidamente às adversidades e buscar o equilíbrio financeiro. Para isso, temos que pensar em como nos atualizar, usar a tecnologia como ferramenta a favor do negócio e ter muita criatividade", completa Camila.