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Casal nega estupro de jovem em encontro marcado pelo Tinder, diz advogado

Vítima ficou com marcas roxas nas pernas - Arquivo Pessoal
Vítima ficou com marcas roxas nas pernas Imagem: Arquivo Pessoal

Nathália Geraldo

De Universa

06/09/2020 17h32Atualizada em 09/09/2020 13h55

O casal suspeito de enganar uma jovem de 21 anos após um encontro combinado pelo Tinder em Santos (SP) afirmou em depoimento à polícia que não houve violência sexual, segundo o advogado que os representa, Raphael Meirelles de Paula Alcedo. Ao jornal A Tribuna, de Santos, eles afirmaram que a universitária permaneceu no local de forma consensual e teria se relacionado sexualmente apenas com a mulher.

A jovem universitária denunciou o caso à polícia na semana passada e diz ter sido estuprada pelo homem depois de ter marcado um encontro com a mulher pelo aplicativo de relacionamento. Segundo o Boletim de Ocorrência, ela relata que chegou ao apartamento da acusada e foi surpreendida com a presença do companheiro dela. No registro, disse que ele a estuprou depois de ter se negado a fazer sexo com a mulher.

O advogado da universitária, Adriano Neves Lopes, afirmou à reportagem que ela não sabia que teria um homem no local e explica que anexou ao inquérito fotos de marcas no corpo dela, que provariam a violência. Segundo Universa apurou, as investigações estão avançadas mas, por se tratar de violência sexual, correm sob segredo de Justiça.

Duas versões para os fatos

Neste domingo (6), o advogado do casal afirmou que, em depoimento na Delegacia de Defesa da Mulher, eles disseram que a jovem agiu de forma consentida na relação — que teria acontecido apenas com a moradora.

"Ela sabia da presença do rapaz assim que entrou no edifício. Entrou normalmente, consumiu bebida com minha cliente e ele, que estava no quarto trabalhando, se apresentou e voltou a trabalhar. Depois, perguntou se poderia participar [da relação que elas teriam iniciado]. Ele só teve relação com a namorada, não houve conjunção carnal com a suposta vítima", afirma.

Meirelles diz que as marcas corporais apresentadas pela jovem não foram causadas por agressões de seus clientes. "Foram produzidas nas duas meninas no relacionamento entre elas. Foram mordidas. E as mesmas lesões que ela apresentou, minha cliente tem também."

O advogado da universitária explica a versão dela para o ocorrido. "Ele sentou no sofá, no meio delas, a pegou pela nunca e a forçou a dar um beijo na menina. Aí vieram as mordidas. Depois, houve penetração". Ela diz ainda que o acusado tirou as roupas dela à força.

Por conta do ocorrido, Lopes diz que, no hospital em que a jovem foi levada pela mãe, o psiquiatra a diagnosticou com estresse pós-traumático. "Ela foi medicada para se acalmar, não consegue ir para a rua, fecha as janelas e as cortinas de casa."

Amigo e mãe da jovem prestaram depoimento

Na sexta-feira, um amigo com quem a universitária trocou mensagens após ter ido à casa da acusada e a mãe dela prestaram depoimento à polícia. A mãe afirmou que foi pegar a jovem no local, que ela entrou no carro calada e sem tirar a máscara e que, ao chegar em casa, tomou banho.

Ela relatou, segundo o advogado, que viu a filha chorando e com vários hematomas no corpo. Além de tomar antirretrovirais e ter feito exames contra ISTs, a universitária fez exame de corpo de delito no IML. A polícia espera o laudo, que deve sair em até 15 dias, para saber se houve crime ou não.

Após a repercussão do caso, outra jovem se apresentou à polícia dizendo ter sido vítima da mesma situação pelo casal, mas afirmou não ter sofrido abuso sexual. Questionado sobre esse segundo caso, o advogado do casal disse que a mulher não concordou em ter relações em trio e foi embora. "Não houve nenhum tipo de insistência. Mas, ao ver a divulgação da mídia, ela pode ter ido lá acreditando que houve algo."

Em nota enviada para Universa na quinta-feira (3), o Tinder afirma que baniu o perfil da suspeita da plataforma e que irá cooperar com a investigação.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado, os acusados e o advogado apontam que a jovem não teve relação sexual com o homem.