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Estupro: Justiça decreta prisão de PM; suspeito omitiu ida à casa da vítima

Marcela Lemos

Colaboração para Universa, no Rio

01/09/2020 10h16Atualizada em 01/09/2020 12h09

A Justiça Militar decretou a prisão preventiva do sargento acusado de estupro por uma produtora cultural, dentro do apartamento dela em Copacabana, na zona sul do Rio. Por enquanto, ele ainda não foi detido.

O policial militar é investigado também pelo crime militar de deserção, por ter deixado o posto de trabalho e ido ao apartamento da mulher sem que a corporação fosse acionada.

"Tivemos a informação, ontem à noite, que a Justiça Militar acatou o pedido, porém até o momento, a documentação não foi entregue no 19° BPM, estamos aguardando", disse a major Marlisa, da PM.

De acordo com a denúncia, o policial militar, que já havia ido ao prédio da produtora na semana anterior para atender a uma ocorrência de briga de vizinhos, retornou ao edifício na companhia de outro PM, no último dia 24. Ele subiu ao apartamento enquanto o colega permaneceu na portaria.

No apartamento, ele fez perguntas sobre vizinhos - na impressão da vítima, para conseguir alguma vantagem indevida. Depois, imobilizou a mulher e utilizou de força para tocá-la, até que introduziu os dedos nas partes íntimas da produtora cultural.

O ato só foi interrompido após o telefone do PM tocar. A mulher aproveitou e disse ao sargento que era namorada de um policial e que o edifício contava com sistema de câmeras.

O suspeito aparece nas imagens do circuito interno do condomínio. Ele deixa o prédio de cabeça baixa e não para após ser chamado pelo porteiro.

A vítima denunciou o caso à Polícia Civil e reconheceu o PM por fotografia, ao procurar o Batalhão de Copacabana, onde ele é lotado.

A Polícia informou ontem que o sargento havia sido preso e que a corporação havia solicitado à prisão preventiva junto à Justiça Militar. No entanto, o agente ficou em detenção apenas por três dias e foi liberado. Em seguida, a PM determinou apenas o afastamento do agente das ruas.

Vítima deixa o Rio

A vítima contou à reportagem que, ao fazer o reconhecimento do agressor no Batalhão, foi informada que ele ficaria preso. Ao descobrir que o PM estava solto, ela resolveu deixar a cidade por medo de represálias.

"Ele certamente agiu com certeza de impunidade e achou que eu não fosse uma pessoa esclarecida. Ele utilizou a instituição para me violentar, veio na minha casa como servidor público, se utilizou de uma ocorrência anterior para isso, se ausentou do trabalho dele de servir a sociedade para vir aqui", disse ela.

"Eu não quero criminalizar a instituição, quero responsabilizar meu agressor, e para isso a PM precisa admitir o que houve. Há exame médico feito no IML que aponta a violência, há imagens do circuito interno do prédio, há livro de visitas na portaria que menciona o nome dele e a hora que ele esteve aqui. Eu não posso ficar presa e ele em liberdade."

Ela afirmou ainda que se sentiu constrangida durante o depoimento à PM.

"Eles chegaram a me perguntar como tenho recursos para pagar um apartamento na Avenida Atlântica [orla de Copacabana], perguntaram porque abri a porta, quem tem que ser questionado é ele [o policial] e não eu", disse à vítima.

Casado e pai de dois filhos

Nas redes sociais, o policial militar, acusado de estupro aparece casado e pai de dois filhos - um menino e uma menina. Ele menciona também ser pós-graduando em Ciências Criminais e Segurança Pública na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).