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EUA: Negras de cabelo natural têm menos chance no mercado de trabalho

De acordo com estudo dos EUA, mulheres negras com cabelo natural têm menos chance no mercado de trabalho - nappy/@sebastianlibuda
De acordo com estudo dos EUA, mulheres negras com cabelo natural têm menos chance no mercado de trabalho Imagem: nappy/@sebastianlibuda

De Universa, em São Paulo

12/08/2020 18h26Atualizada em 12/08/2020 20h34

Mulheres negras com cabelo natural — crespo ou cacheado — ou tranças têm menos probabilidade de conseguir entrevistas de emprego em comparação com mulheres brancas ou mulheres negras com cabelo liso. As informações são de uma pesquisa da Fuqua School of Business, da Duke University, nos Estados Unidos.

A percepção dos participantes do estudo considerava cabelos naturais de pessoas negras como menos profissionais, de forma geral. Esse efeito foi notado especialmente em setores onde uma aparência mais conservadora é comum.

A pesquisa, que será publicada na revista Social Psychological and Personality Science na próxima semana, mostra como os preconceitos sociais perpetuam a discriminação racial no local de trabalho, de acordo com comunicado à imprensa.

"Os preconceitos estão enraizados em um padrão de beleza de muitas sociedades ocidentais, baseado em mulheres brancas e cabelos alisados. Os recrutadores são então influenciados por esse modelo", disse a pesquisadora Ashleigh Shelby Rosette, professora de administração e reitora associada sênior, à CNN.

Racismo influencia em percepção de profissionalismo

Os estudos envolveram centenas de participantes de diferentes etnias, que tinham da selecionar candidatos para vagas de emprego em potencial, da mesma forma que os recrutadores, atribuindo uma pontuação por competência, profissionalismo e outros fatores, com base em perfis simulados do Facebook e LinkedIn.

Os participantes deram notas mais baixas às mulheres negras com cabelo natural em competência e profissionalismo, e não as recomendaram para entrevistas com tanta frequência, em comparação com mulheres negras com cabelos alisados, mulheres brancas com cabelos lisos ou mulheres brancas com cabelos cacheados.

A responsabilidade, no entanto, não é das mulheres negras. Rosette enfatiza que não cabe às profissionais mudarem seus cabelos ou tomarem decisões diferentes sobre os fios: "De forma alguma estamos pedindo que a mulher negra mude quem ela é. Estamos pedindo que as pessoas entendam que essa diferença existe."

Mudanças na lei

Nos Estados Unidos já são quatro estados (Califórnia, Nova York, Nova Jersey e Virgínia) que proibiram em lei a discriminação de cabelo com motivação racista. A Marinha do país também adaptou sua política de penteados para ser mais inclusiva.