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Vereador acusado de espancar a filha é preso por porte ilegal de arma na BA

José Carvalho Pereira, presidente da Câmara de Vereadores de Campo Formoso (BA), foi acusado pela própria filha de agressão - Reprodução / Instagram
José Carvalho Pereira, presidente da Câmara de Vereadores de Campo Formoso (BA), foi acusado pela própria filha de agressão Imagem: Reprodução / Instagram

Alexandre Santos

Colaboração para o UOL, em Salvador

17/07/2020 00h14Atualizada em 17/07/2020 08h38

Acusado de espancar a própria filha, o presidente da Câmara de Vereadores de Campo Formoso, cidade a cerca de 400 km de Salvador, foi preso na manhã de ontem e autuado em flagrante por porte ilegal de arma. José Carvalho Pereira, o "Zé Lambão" (PSD), é pai de Rafaella de Carvalho Pereira, 18, que usou as redes sociais para denunciá-lo no último domingo (12), mesmo dia em que as agressões teriam ocorrido.

Segundo o delegado Filipe Néri, coordenador da DT (Delegacia Territorial) de Senhor do Bonfim, município vizinho a Campo Formoso, dois exames de corpo de delito realizados por Rafaella apontaram sinais de violência física.

A prisão de Pereira ocorreu após agentes da DT de Senhor do Bonfim cumprirem um mandado de busca e apreensão na chácara do vereador, denunciado pela filha por ter uma pistola não registrada na propriedade. Os policiais, no entanto, não a encontraram no local.

Horas depois, Pereira apresentou-se com um advogado na DT de Campo Formoso e informou que a pistola estava no carro. Foi quando ele acabou recebendo voz de prisão.

Na quarta-feira (14), ao prestar depoimento na companhia do advogado, o vereador havia afirmado que tinha autorização para portar a arma de fogo, versão que foi desmentida depois da investigação policial.

Isso porque a acusação de homicídio ocorrido em 2016, pela qual o parlamentar responde em liberdade, o impossibilitaria de emitir documentos que o autorizassem a ter o porte.

Responsável por abrir o inquérito do caso, Néri informou que a investigação agora será feita pela DT de Campo Formoso. A reportagem de Universa tentou localizar a defesa do vereador, mas não conseguiu contato até a publicação do texto.

Denúncia de agressões nas redes sociais

Rafaella de Carvalho Pereira  - Reprodução / Instagram - Reprodução / Instagram
As denúncias de Rafaella foram feitas em vídeos e fotos publicadas em seu Instagram
Imagem: Reprodução / Instagram
As agressões das quais Rafaella afirma ter sido vítima foram denunciadas por meio de vídeos e fotos publicados em seu Instagram. Pelas imagens, é possível ver um inchaço e um coágulo vermelho no olho, além de escoriações no pescoço, braço e mão.

Ainda de acordo com o relato de Rafaella, essa não foi a primeira primeira vez que seu pai a teria agredido. Segundo contou, ele tentou afogá-la em uma piscina, quando ela tinha 14 anos.

Em uma das postagens, ela relata que tudo começou quando conversava com o pai sobre sua faculdade.

"Não foi nem uma discussão. A gente estava numa roça, com toda a minha família, e ele foi e comentou sobre a faculdade, falou que eu não iria conseguir terminar. Nisso eu fiquei muito chateada, comecei a chorar e pedi para uma amiga me buscar. E aí eu falei com a minha madrasta para me deixar na cidade do lado. Aí ele se estressou porque eu estava chorando, me trancou no quarto e fez isso comigo", disse a universitária.

Agressão a ex-mulher e prisão por morte de homem

Rafaella revela que sua mãe, hoje separada de Pereira, também já foi vítima de violência. "Na verdade, eu esperava [ser agredida]. Eu vivi 18 anos vendo ele fazendo isso com a minha mãe a vida inteira, porque ele é um monstro, ele é um lixo. Hoje [domingo] aconteceu comigo por conta de uma discussão", desabafou ela.

Diferentemente da mãe, Rafaella resolveu denunciá-lo. "Ele fez isso a vida inteira com minha mãe, e eu decidi não me calar: não deixar ele fazer o que fez comigo e fez com outras pessoas", acrescentou.

Ela diz que em 2016 o pai foi preso suspeito de matar um homem que havia cobrado uma promessa de campanha dele. Um mês depois, Pereira acabou sendo solto e, desde então, responde ao processo em liberdade.

"Ele é um assassino", acusa Rafaella.

A universitária relata que, mesmo depois de tornar o caso público, o pai mandou mensagens para intimidá-la. "Ele acha que pode sair impune porque tem dinheiro. Ele não tem como contar a versão dele, porque ele não tem o que falar."